São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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Presidente do time do ABC fica em alerta após estardalhaço gremista

Conspiradores da América


Supostos complôs tomam conta do confronto continental entre São Caetano e time paraguaio


EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ingredientes não faltam para as mentes conspiratórias nesta final de Libertadores da América, com o jogo de ida marcado para amanhã, em Assunção, no Paraguai.
O presidente do São Caetano, Nairo Ferreira, vai logo avisando: "Não vou ficar surpreso se houver favorecimento para o Olimpia."
Os boatos de complô começaram por causa do Grêmio, que se sentiu prejudicado na semifinal contra o time paraguaio, quando acabou sendo eliminado na disputa de pênaltis.
O presidente gremista, José Alberto Guerreiro, saiu alertando que o São Caetano seria a próxima vítima no caminho do título encomendado para festa dos cem anos de fundação do Olimpia.
O time do ABC, então, passou a reclamar, especialmente depois que a Confederação Sul-Americana de Futebol, cuja sede é em Assunção e o presidente é o paraguaio Nicolás Leoz, escolheu um juiz argentino para apitar a partida de amanhã.
Era justamente o que queria o técnico do Olimpia, o ex-goleiro argentino Nery Pumpido, que vem exigindo juízes conterrâneos seus para apitarem a decisão.
Teorias conspiratórias nas finais do torneio sul-americano não são de hoje. Na decisão da Libertadores de 2000, por exemplo, o então treinador do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, denunciava um suposto complô.
"Recebi uma notícia terrível. Uma fonte importante falou que o jogo seria de pôquer, de cartas marcadas. Temo uma tragédia no Morumbi. Estou com 45 pulgas atrás da orelha", afirmou, antes da partida contra o Boca Juniors, que, no final das contas, acabou mesmo sendo o campeão.
Time sem tradição -tem 12 anos de existência-, o São Caetano se diz fraco nos bastidores. Acha que foi prejudicado na final da Copa João Havelange, competição que substituiu o Brasileiro em 2000, diante do Vasco.
Depois da queda do alambrado de São Januário, palco do segundo jogo decisivo entre as duas equipes, teve de aceitar a realização de uma terceira partida, agora no Maracanã, atendendo a pedido do Clube dos 13. Acabou sendo derrotado e ficou com o vice-campeonato, feito que repetiu em 2001, quando perdeu a final do Brasileiro para o Atlético-PR.
Apesar de reconhecer a preocupação com um possível complô pró-Olimpia, o técnico do São Caetano, Jair Picerni, acha que o time tem que superar os obstáculos extracampo com gols. ""O São Caetano tem de contar com um diferencial: marcar gols. Temos de entrar em campo pensando que vamos superar qualquer erro da arbitragem."
Os paraguaios, por sua vez, dizem estranhar o comportamento dos brasileiros, que estariam tentando influenciar a arbitragem a seu favor. O jornal "La Nación" publicou texto afirmando que, na verdade, o time local é que foi prejudicado nesta Libertadores.
"Não se pode inventar que o Olimpia está na final graças às arbitragens. Elas tomaram decisões prejudiciais ao time, que está na final por méritos próprios", afirma em editorial. E diz que, se houve um time beneficiado pela arbitragem na semifinal, foi o Grêmio, que teria sido favorecido no jogo de ida, em Assunção.



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