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BOXE
Emoções
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não adianta procurar. Na
lista dos melhores pugilistas
da atualidade você não encontrará o canadense Arturo Gatti.
Essa é uma honra reservada para Bernard Hopkins, Floyd Mayweather, Kostya Tszyu, Winky
Wright. E até ao brasileiro Popó,
segundo a análise da publicação
especializada "Boxing Digest".
Mas ao menos em um quesito o
meio-médio-ligeiro (até 63,5 kg)
Gatti é melhor que esse grupo.
O canadense é reconhecido pela
comunidade pugilística como
campeão da emoção, pois esteve
envolvido até hoje em nada menos do que quatro "lutas do ano".
No ano passado, seu terceiro
combate com Mickey Ward foi tido pela "The Ring" como o melhor do ano. O primeiro encontro
entre ambos, em 2002, já havia
recebido a mesma distinção.
Pense bem, qual outro duelo no
passado recente fez jus a uma trilogia a la Tony Zale-Rocky Graziano, "Sugar" Ray Robinson-Jake LaMotta e Muhammad Ali x
Joe Frazier? Faz um tempo, não?
Mas não foi só às custas de
Ward que Gatti construiu a sua
reputação. Seus duelos com Ivan
Robinson, em 1998, e Gabriel
Ruelas, em 1997, foram os melhores combates daqueles anos.
Amanhã, Gatti pega o ex-campeão Leonard Dorin em encontro
que reúne os ingredientes para ser
a quinta "luta do ano": ambos
são brigadores com defesa falha e
níveis de habilidade parelhos (a
HBO Plus anuncia que exibe a luta ao vivo para amanhã à noite).
Para ter uma idéia da expectativa em torno desse duelo, quando assinou com a HBO, Gatti foi
informado pela rede de TV que
uma eventual luta com o romeno
Dorin estava pré-aprovada.
Os executivos somaram o currículo de Gatti com o fato de Dorin
ser dono de estilo agressivo
-apesar de ter poucos nocautes-, sempre caminhando para a
frente e desferindo golpes incessantemente. Baixinho, essa é a
única alternativa do romeno, que
abandonou o cinturão dos leves
por causa de problema de peso.
Três fatores podem evitar que
esse seja um grande combate.
O primeiro é o fato de Gatti estar incorporando mais técnica a
seu repertório desde que efetivou
o ex-campeão "Buddy" McGirt
em seu córner. Porém em situações de pressão o canadense retoma o estilo brigador. E pressão é o
que Dorin mais vai proporcionar.
O segundo detalhe que pode
atrapalhar o show é a fragilidade
das mãos de Gatti -já foi obrigado a boxear em várias oportunidades com uma delas fraturada.
Por último, Gatti e Dorin são
conhecidos por sofrer cortes -o
que pode abreviar o encontro.
Ainda assim, tudo indica que
esse será um ótimo combate. Ganhando ou perdendo, Gatti deve
seguir como grande atração
-tanto que é mais desafiado do
que o verdadeiro campeão da categoria, o russo Kostya Tszyu.
Nada mal para alguém que todos achavam ter chegado ao fim
da linha depois de derrotas consecutivas para Angel "El Diablo"
Manfredy e Ivan "Mighty" Robinson (duas), em 1988 e 1999.
E cuja derrota em cinco assaltos
para Oscar de la Hoya, em 2001,
foi considerada por muitos como
o ponto final para sua carreira.
Programação 1
O que passa pela cabeça de alguém que perde um bilhete de loteria
premiado? Dois pesos-pesados que lutam entre hoje e amanhã têm
uma idéia... Trata-se do russo Oleg Maskaev e do norte-americano
Kevin McBride, que chegaram a ter lutas com Mike Tyson anunciadas, que depois foram canceladas. Ao invés de desfrutar das bolsas
milionárias, Maskaev pega hoje o invicto David Defiagbon em programação da ESPN International com transmissão ao vivo para o
Brasil, às 22h. O nigeriano tem 21 vitórias, todas por nocaute. E amanhã, na Alemanha, McBride enfrenta o gigante russo Nicolay Valuev.
Programação 2
Na preliminar de Gatti-Dorin, o promissor mexicano Francisco
"Panchito" Bojado luta com o ex-campeão Jesse James Leija.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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