São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BOXE

Emoções

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não adianta procurar. Na lista dos melhores pugilistas da atualidade você não encontrará o canadense Arturo Gatti.
Essa é uma honra reservada para Bernard Hopkins, Floyd Mayweather, Kostya Tszyu, Winky Wright. E até ao brasileiro Popó, segundo a análise da publicação especializada "Boxing Digest".
Mas ao menos em um quesito o meio-médio-ligeiro (até 63,5 kg) Gatti é melhor que esse grupo.
O canadense é reconhecido pela comunidade pugilística como campeão da emoção, pois esteve envolvido até hoje em nada menos do que quatro "lutas do ano".
No ano passado, seu terceiro combate com Mickey Ward foi tido pela "The Ring" como o melhor do ano. O primeiro encontro entre ambos, em 2002, já havia recebido a mesma distinção.
Pense bem, qual outro duelo no passado recente fez jus a uma trilogia a la Tony Zale-Rocky Graziano, "Sugar" Ray Robinson-Jake LaMotta e Muhammad Ali x Joe Frazier? Faz um tempo, não?
Mas não foi só às custas de Ward que Gatti construiu a sua reputação. Seus duelos com Ivan Robinson, em 1998, e Gabriel Ruelas, em 1997, foram os melhores combates daqueles anos.
Amanhã, Gatti pega o ex-campeão Leonard Dorin em encontro que reúne os ingredientes para ser a quinta "luta do ano": ambos são brigadores com defesa falha e níveis de habilidade parelhos (a HBO Plus anuncia que exibe a luta ao vivo para amanhã à noite).
Para ter uma idéia da expectativa em torno desse duelo, quando assinou com a HBO, Gatti foi informado pela rede de TV que uma eventual luta com o romeno Dorin estava pré-aprovada.
Os executivos somaram o currículo de Gatti com o fato de Dorin ser dono de estilo agressivo -apesar de ter poucos nocautes-, sempre caminhando para a frente e desferindo golpes incessantemente. Baixinho, essa é a única alternativa do romeno, que abandonou o cinturão dos leves por causa de problema de peso.
Três fatores podem evitar que esse seja um grande combate.
O primeiro é o fato de Gatti estar incorporando mais técnica a seu repertório desde que efetivou o ex-campeão "Buddy" McGirt em seu córner. Porém em situações de pressão o canadense retoma o estilo brigador. E pressão é o que Dorin mais vai proporcionar.
O segundo detalhe que pode atrapalhar o show é a fragilidade das mãos de Gatti -já foi obrigado a boxear em várias oportunidades com uma delas fraturada.
Por último, Gatti e Dorin são conhecidos por sofrer cortes -o que pode abreviar o encontro.
Ainda assim, tudo indica que esse será um ótimo combate. Ganhando ou perdendo, Gatti deve seguir como grande atração -tanto que é mais desafiado do que o verdadeiro campeão da categoria, o russo Kostya Tszyu.
Nada mal para alguém que todos achavam ter chegado ao fim da linha depois de derrotas consecutivas para Angel "El Diablo" Manfredy e Ivan "Mighty" Robinson (duas), em 1988 e 1999.
E cuja derrota em cinco assaltos para Oscar de la Hoya, em 2001, foi considerada por muitos como o ponto final para sua carreira.

Programação 1
O que passa pela cabeça de alguém que perde um bilhete de loteria premiado? Dois pesos-pesados que lutam entre hoje e amanhã têm uma idéia... Trata-se do russo Oleg Maskaev e do norte-americano Kevin McBride, que chegaram a ter lutas com Mike Tyson anunciadas, que depois foram canceladas. Ao invés de desfrutar das bolsas milionárias, Maskaev pega hoje o invicto David Defiagbon em programação da ESPN International com transmissão ao vivo para o Brasil, às 22h. O nigeriano tem 21 vitórias, todas por nocaute. E amanhã, na Alemanha, McBride enfrenta o gigante russo Nicolay Valuev.

Programação 2
Na preliminar de Gatti-Dorin, o promissor mexicano Francisco "Panchito" Bojado luta com o ex-campeão Jesse James Leija.

E-mail eohata@folhasp.com.br


Texto Anterior: Na queda livre, time fica atrás até do lanterna
Próximo Texto: Futebol - Mário Magalhães: Alex e a alma de Peter Parker
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.