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FUTEBOL
Alex e a alma de Peter Parker
MÁRIO MAGALHÃES
COLUNISTA DA FOLHA
Encanta multidões, nas telas
de todo o planeta, uma das
melhores aventuras de super-herói já filmadas: "Homem-Aranha
2". Conta a depressão de Peter
Parker, sua crise existencial, a
perda de poderes, a volta por cima contra o satânico Dr. Octopus
e o conforto no colo de Mary Jane.
Os palcos do Peru exibem a bela
história de um craque marcado
pela fama de sestear durante as
partidas. O camisa 10 que submergiu com o time olímpico na
Austrália, micou na passagem pelo Flamengo, enrolou-se com uma
transferência malograda para o
Parma, frustrou-se como deserdado da Família Scolari, renasceu no Cruzeiro, viu Kaká roubar-lhe o lugar na seleção de Parreira e agora constrange, jogando
muita bola, aqueles que o secam
com olhos de urubu.
O fotógrafo mora numa espelunca. Não tem dinheiro para pagar o aluguel. Deve ao jornal um
adiantamento. Fracassa como
entregador de pizzas. Sente-se
culpado pela morte do tio. Falta-lhe esperteza até para descolar canapé em coquetel. Patina na faculdade. Bate com a moto. Mancha as roupas caretas de Parker
ao lavá-las misturadas com a
roupinha fashion de Aranha. Nega fogo à mulher que ama. Pior,
convive com os moles que uma
baranguinha anoréxica lhe dá.
Na Olimpíada de 2000, o estilista do meio-campo virou boneco
de Judas em Sábado de Aleluia.
Perder para Camarões com dois a
menos foi mesmo demais. Naufragou com a equipe improvisada
por Felipão na Copa América de
2001. Descuidou-se com o peso e a
taxa de gordura, como reconheceu aos repórteres Cosme Rímoli e
Silvio Barsetti. Gorducho e irregular, não contestou quem dele
dizia alternar genialidades e sonecas em campo.
Peter Parker tocou o fundo
quando lhe faltaram as teias. Atirou as vestes de Aranha numa lata de lixo. Tirou o time, rasgou a
fantasia. Fotografou o noivado
da amada com um bobão.
Alex viu Ronaldinho Gaúcho,
parceiro de infortúnio olímpico,
ser reabilitado na Copa do penta.
Não conseguiu assistir à final na
TV. Bem que podia estar lá.
Parker tomou coragem e confidenciou à tia seus fantasmas com
o tio morto. Os escrúpulos se impuseram, e ele ressuscitou o Aranha para salvar Nova York e
Mary Jane. Ficou com sua garota.
Até o próximo grito de socorro.
Alex carregou o Cruzeiro ano
passado no Campeonato Brasileiro. No banco da seleção, entrou
no fim de alguns confrontos. Como se haveria na Copa América?
No domingo, marcou de pênalti.
Roubou a bola e a passou para
Adriano fazer mais um. Arrumou
para Kleberson disparar o chutão, numa jogada que acabou
com a bola na rede. Brilhou com
quase meia-dúzia de embaixadinhas na coxa. Anteontem, seu pé
esquerdo esteve na origem do gol
de empate. E acertou o pênalti
que eliminou o Uruguai.
O Homem-Aranha reviveu
mais forte depois do baixo-astral.
Alex escapou do inferno para viver dias inspirados na seleção.
Como o Aranha, tem resolvido as
paradas. É o nosso Peter Parker.
Léxico
No arranca-rabo pelo STJD, Ricardo Teixeira amplia o vocabulário do futebol, conforme as
ligações reportadas por Sérgio
Rangel. A contribuição: "consogro". É o sogro do filho ou da
filha. O favorito do presidente
da CBF é seu consogro.
Não quer calar
Como perguntou Marcelo Damato no "Lance!": por que diabos há tanto interesse em dirigir o tribunal do futebol?
Em tempo
O episódio sobre o Botafogo,
com que a ESPN Brasil fechou a
trilogia sobre clubes que fazem
cem anos, não esteve apenas à
altura dos anteriores. Mostrou
a mais emocionante seqüência,
ao narrar os dias de glória e decadência de Heleno de Freitas.
E-mail
mario.magalhaes@uol.com.br
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