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AUTOMOBILISMO
Engenheiro responsável por quatro circuitos do calendário começa obras no país árabe no mês que vem
Bahrein aposta em alemão para levar F-1
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O acalentado sonho árabe de receber um GP de F-1 começa a virar realidade dentro de dez dias.
No início de setembro, em um
terreno de 200 hectares nos arredores de Sakhir, começa a ser erguido o autódromo de Bahrein.
A meta é inaugurá-lo em 2004,
com uma etapa da principal categoria do automobilismo. A um
custo de US$ 82,2 milhões -cerca de R$ 260 milhões-, os barenitas querem construir o melhor
circuito de corridas do mundo.
As pretensões são altas. E o governo dessa ilhota no Golfo Pérsico começou pelo caminho certo:
contratou Hermann Tilke.
Engenheiro civil, alemão, 47
anos, piloto amador nos finais de
semana, Tilke comanda o único
escritório do planeta especializado em construir autódromos.
De seus computadores, já saíram projetos de 27 circuitos. Hoje, quatro das 17 pistas da F-1 levam sua assinatura: A-1 Ring,
Nurburgring, Barcelona e Sepang.
Ele também idealizou as mudanças no traçado de Hockenheim,
reinaugurado no mês passado.
O mais importante, talvez, seja o
fato de que Tilke caiu nas graças
de Bernie Ecclestone, homem-forte da F-1 e o responsável pelo
calendário da categoria. Atualmente, qualquer pista que leve a
assinatura do alemão sai na frente
na luta por um GP do Mundial.
"No momento, estamos trabalhando em cinco circuitos. Nem
todos são para a F-1, alguns são
privados, para montadoras", afirmou Tilke, à Folha, por telefone.
"Fiz o projeto inicial de um circuito na Rússia, mas, por enquanto,
as coisas não saíram do papel. O
projeto mais realista para F-1, hoje, é o do circuito de Bahrein."
O desafio para Tilke é superar
um projeto seu, o da Malásia.
Quando foi inaugurado, em 1999,
Sepang estabeleceu um novo padrão para os autódromos, com
um paddock amplo, boxes espaçosos e instalações luxuosas.
Mas o alemão acredita que Bahrein será ainda melhor. A começar pela verba disponível: os malaios desembolsaram US$ 7 milhões a menos com o circuito.
"O autódromo será completamente diferente de tudo. Será
construído numa colina no deserto e o paddock vai ser uma espécie
de oásis. Os carros vão desaparecer no deserto e depois voltarão."
Festejado por Ecclestone e por
potenciais promotores de corrida,
Tilke, porém, frequentemente vê
seus trabalhos serem criticados
pelos pilotos. A "acusação" mais
comum é que as pistas são muito
parecidas, sempre na casa do cinco quilômetros de extensão e com
poucos pontos de ultrapassagem.
O engenheiro se defende. "Costumo ouvir os pilotos antes de levar os projetos para meus clientes. Normalmente, me reúno com
o Michael Schumacher e com o
David Coulthard", declarou, referindo-se, respectivamente, ao
presidente e ao vice da GPDA, a
associação dos pilotos da F-1.
Questionado para falar sobre
Interlagos, Tilke não quis polemizar. "Não falo sobre circuitos em
que não trabalhei. Seria desleal."
Depois de eliminar as duas
grandes retas de Hockenheim, todo o trecho da Floresta Negra, o
alemão foi motivo de preocupação dos fãs da F-1 ao ser indicado
para trabalhar em Spa-Francorchamps. "Vamos mexer em Spa,
mas a Eau Rouge ficará intacta",
completou, assegurando a integridade da mais emocionante
curva da história da categoria.
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