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MOTOR
Rodeio
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A história da semana vem
da Nascar, a popular stock
car americana, tratada como negócio esportivo modelar não apenas por aqui mas até pelos chefões
da F-1, sedentos de público e patrocínio, algo que sobra por lá.
No último final de semana, em
Michigan, um piloto bateu na
traseira de outro nos boxes e, não
satisfeito, desceu do carro, correu
para o cockpit do adversário e
desferiu um soco no sujeito, ainda
afivelado no banco, mas já sem a
proteção do capacete. E isso tudo
a uma volta da bandeirada.
A diferença entre os dois, dizem
os jornalistas americanos, é antiga. Em abril, por exemplo, o agredido tirou o agressor da pista e
conquistou sua primeira vitória.
Após ouvir as partes, os comissários decidiram punir Jimmy
Spencer com uma semana de suspensão e US$ 25 mil de multa
-está fora da corrida de hoje. Ficará na condicional até o final do
ano. Kurt Busch, que teve um
dente quebrado e o nariz sangrado, também pode ir para a condicional. Pior, outros pilotos, como
Robby Gordon, tomaram as dores
do colega ausente -pelo tom dos
relatos, Busch é o chato da turma.
No meio da semana, uma emissora de TV colocou no ar diálogos
travados por ele e sua equipe durante a corrida. Neles, Busch prometia ralar o carro de Spencer no
estágio final da prova. Até então,
era mocinho -acusado de ter parado propositalmente na área de
pit do rival, comprovou que havia
sofrido uma pane seca.
O episódio, além de curioso, serve para ilustrar um lado pouco
conhecido da Nascar. O olimpo
do automobilismo nas Américas
é, na verdade, uma categoria regional que deu certo, diversão para americano médio, branco e
com algum dinheiro para consumir, leia-se, lotar autódromos e
justificar os comerciais da TV.
Ocorre que o negócio cresceu, e
o Meio-Oeste ficou pequeno. Os
clãs que dominam a categoria
perceberam a necessidade de expansão. Estavam perdendo dinheiro ou, mais exatamente, deixando de ganhar. Uma pesquisa
feita no ano passado mostrou que
o fã da Nascar tem uma propensão três vezes maior de consumir
os produtos dos patrocinadores
do que fãs de outros esportes.
A explicação para isso, segundo
uma executiva da Coca-Cola ouvida pelo "The New York Times",
é que o aficionado acredita piamente que o patrocínio influi diretamente no desempenho de seu
piloto preferido. Balela? Bem, 800
companhias americanas acreditam nisso também. Até o Exército
patrocina um time. Paga ainda
para realizar campanhas de alistamento nas arquibancadas.
Com tamanho potencial, há
cinco anos a Nascar se lançou ao
mercado. Foi correr na Califórnia, heresia em décadas passadas,
e começou a contratar estrelas da
IRL e da Indy, categorias técnica e
esportivamente mais refinadas.
Há plano até de internacionalização. Christian Fittipaldi, aliás, é
uma das primeiras cobaias.
Mas, apesar de tantas mudanças, a Nascar não parece disposta
a mudar sua essência, por mais
caipira que ela seja. O segredo está aí. É preciso ser no mínimo
bronco para acelerar no meio de
40 carros em uma pista apertada.
Christian
Depois de obter sua melhor posição de largada (sétimo) em um circuito que conhecia (Michigan), o piloto brasileiro ganhou a atenção
da Nascar neste final de semana. Hoje, em Bristol, pela primeira vez
correrá contra 42 carros em um oval curto (meia milha), situação
que o site da categoria descreve como "ser jogado aos lobos".
McLaren
A escuderia inglesa confirmou ontem oficialmente que Raikkonen e
Coulthard serão seus pilotos para 2004. Nada comentou sobre 2005,
quando, dizem, Montoya estará no time. Agora, uma pergunta: alguém acredita que a BMW vai deixar o colombiano ir para a arqui-rival Mercedes assim, fácil? E se o sujeito ganhar? Verdadeiro isso, é
grande a chance de o colombiano, mesmo campeão, ser demitido.
E-mail mariante@uol.com.br
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