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São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

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MOTOR

Rodeio

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A história da semana vem da Nascar, a popular stock car americana, tratada como negócio esportivo modelar não apenas por aqui mas até pelos chefões da F-1, sedentos de público e patrocínio, algo que sobra por lá.
No último final de semana, em Michigan, um piloto bateu na traseira de outro nos boxes e, não satisfeito, desceu do carro, correu para o cockpit do adversário e desferiu um soco no sujeito, ainda afivelado no banco, mas já sem a proteção do capacete. E isso tudo a uma volta da bandeirada.
A diferença entre os dois, dizem os jornalistas americanos, é antiga. Em abril, por exemplo, o agredido tirou o agressor da pista e conquistou sua primeira vitória.
Após ouvir as partes, os comissários decidiram punir Jimmy Spencer com uma semana de suspensão e US$ 25 mil de multa -está fora da corrida de hoje. Ficará na condicional até o final do ano. Kurt Busch, que teve um dente quebrado e o nariz sangrado, também pode ir para a condicional. Pior, outros pilotos, como Robby Gordon, tomaram as dores do colega ausente -pelo tom dos relatos, Busch é o chato da turma.
No meio da semana, uma emissora de TV colocou no ar diálogos travados por ele e sua equipe durante a corrida. Neles, Busch prometia ralar o carro de Spencer no estágio final da prova. Até então, era mocinho -acusado de ter parado propositalmente na área de pit do rival, comprovou que havia sofrido uma pane seca.
O episódio, além de curioso, serve para ilustrar um lado pouco conhecido da Nascar. O olimpo do automobilismo nas Américas é, na verdade, uma categoria regional que deu certo, diversão para americano médio, branco e com algum dinheiro para consumir, leia-se, lotar autódromos e justificar os comerciais da TV.
Ocorre que o negócio cresceu, e o Meio-Oeste ficou pequeno. Os clãs que dominam a categoria perceberam a necessidade de expansão. Estavam perdendo dinheiro ou, mais exatamente, deixando de ganhar. Uma pesquisa feita no ano passado mostrou que o fã da Nascar tem uma propensão três vezes maior de consumir os produtos dos patrocinadores do que fãs de outros esportes.
A explicação para isso, segundo uma executiva da Coca-Cola ouvida pelo "The New York Times", é que o aficionado acredita piamente que o patrocínio influi diretamente no desempenho de seu piloto preferido. Balela? Bem, 800 companhias americanas acreditam nisso também. Até o Exército patrocina um time. Paga ainda para realizar campanhas de alistamento nas arquibancadas.
Com tamanho potencial, há cinco anos a Nascar se lançou ao mercado. Foi correr na Califórnia, heresia em décadas passadas, e começou a contratar estrelas da IRL e da Indy, categorias técnica e esportivamente mais refinadas. Há plano até de internacionalização. Christian Fittipaldi, aliás, é uma das primeiras cobaias.
Mas, apesar de tantas mudanças, a Nascar não parece disposta a mudar sua essência, por mais caipira que ela seja. O segredo está aí. É preciso ser no mínimo bronco para acelerar no meio de 40 carros em uma pista apertada.

Christian
Depois de obter sua melhor posição de largada (sétimo) em um circuito que conhecia (Michigan), o piloto brasileiro ganhou a atenção da Nascar neste final de semana. Hoje, em Bristol, pela primeira vez correrá contra 42 carros em um oval curto (meia milha), situação que o site da categoria descreve como "ser jogado aos lobos".

McLaren
A escuderia inglesa confirmou ontem oficialmente que Raikkonen e Coulthard serão seus pilotos para 2004. Nada comentou sobre 2005, quando, dizem, Montoya estará no time. Agora, uma pergunta: alguém acredita que a BMW vai deixar o colombiano ir para a arqui-rival Mercedes assim, fácil? E se o sujeito ganhar? Verdadeiro isso, é grande a chance de o colombiano, mesmo campeão, ser demitido.

E-mail mariante@uol.com.br


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