São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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Massa resolve vitória logo na 1ª volta

Piloto aproveita pole, mantém a ponta no S e vê sombra de Schumacher sumir após companheiro cair para último lugar

"Supermotor" da Ferrari dá vantagem a brasileiro, que domina corrida e, como na primeira vitória, aponta para a bandeira no pódio

DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros 200 metros resolveram os 305.709 seguintes. Pole pela primeira vez em Interlagos e pela terceira vez em 2006 e na carreira, Felipe Massa só queria contornar a primeira curva na frente. Era este o momento crucial da corrida.
E conseguiu. Percorreu o resto de reta entre a largada e o S do Senna à frente de Kimi Raikkonen, exterminando qualquer possibilidade de ataque.
Nem a entrada do safety car na segunda volta, após forte batida de Nico Rosberg, perturbou sua liderança: para a relargada em movimento, na oitava volta, já havia aberto vantagem segura em relação ao finlandês.
Empurrado pelo "supermotor" que a Ferrari trouxe ao Brasil para tentar o avanço derradeiro sobre os Mundiais de Pilotos e Construtores, Massa começou a desaparecer na frente da concorrência -Raikkonen, Jarno Trulli e Fernando Alonso o perseguiam.
A única ameaça à sua vitória, então, era Michael Schumacher. Largando em décimo, a idéia do alemão era fazer uma arrasadora corrida de despedida na F-1. E o próprio Massa já havia admitido que abriria passagem caso visse o companheiro no espelhinho retrovisor.
Pelas primeiras oito voltas, o perigo existiu. Na primeira, Schumacher passou Robert Kubica, Nick Heidfeld e o irmão, Ralf. Na segunda, deixou para trás Rubens Barrichello.
Na oitava, superou Giancarlo Fisichella e assumiu o quinto lugar. Com o carro mais rápido da pista, alcançar o líder parecia só mera questão de tempo.
Mas houve outra questão. Um furo no pneu traseiro esquerdo, atingido pelo italiano no instante da ultrapassagem.
Incrédulos, os mecânicos da Ferrari acompanharam pelos monitores o pneu desmanchar. Schumacher ainda conseguiu conduzir o carro aos boxes, mas quando retornou à pista era o 19º e último colocado.
"Não senti nenhum impacto nem vi nada. Não sabia o que estava acontecendo até o momento em que a equipe me avisou pelo rádio", disse o alemão.
Sem a sombra do heptacampeão, o brasileiro só perdeu a liderança uma vez, por duas voltas, quando fez seu primeiro pit stop. Da segunda vez em que entrou nos boxes, sua vantagem já era tão soberana que ele trocou pneus, reabasteceu e voltou à frente de Alonso. Com problemas de aderência nos pneus, Raikkonen despencou.
A falta de ação na luta pela liderança foi compensada pelo desempenho de Schumacher. Como que para provar que está se aposentado em excelente forma, o alemão fez uma de suas melhores corridas no ano.
Azar dos adversários que, um a um, foram sendo engolidos por sua Ferrari. Na 28ª volta, ele passou Tiago Monteiro. Na 34ª, Robert Doornbos. Nick Heidfeld foi a vítima duas voltas depois. Na 41ª, Schumacher ultrapassou Robert Kubica, levou o troco e foi à forra, com novo bote. Na 51ª, bateu seu ex-companheiro de equipe, Rubens Barrichello. Na 63ª, reencontrou e repassou Fisichella.
Enfim, a duas voltas do adeus, o alemão executou a última ultrapassagem de sua carreira. Emblemática. Porque foi sobre o piloto que ocupará seu carro em 2007, Raikkonen. Adicione tanta agressividade aos abandonos e o resultado de Schumacher: quarto colocado.
Alheio ao espetáculo do companheiro, menos de três minutos depois Massa cruzou a linha de chegada, punhos cerrados, gritando. Assim que parou o carro, repetiu o comportamento da sua primeira -a até ontem, única- vitória. Gritou um ou outro palavrão, apontou para a bandeira do Brasil e, durante o hino, emocionou-se.
Enquanto isso, Schumacher caminhava para seus boxes.
Sinal dos tempos. (FSX E TC)


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