São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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No bi, Alonso "some" e desabafa

Espanhol quase não foi visto antes da prova, correu para o gasto e foi embora logo após ganhar título

Piloto, que não ultrapassou ninguém para chegar em 2º, diz que estava obcecado só em marcar o ponto que precisava para ganhar a taça

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao longo do dia em que se tornou bicampeão, o espanhol Fernando Alonso optou pela discrição. Quase não foi visto no paddock, não fez ultrapassagem na prova e terminou dizendo que viajaria no mesmo dia. Nas declarações, não escondeu o tom de desabafo.
"Aprendi hoje que sempre se deve fazer um jogo, porque o tempo coloca cada um em seu lugar", disse Alonso, 25, referindo-se às punições que sofreu nos GPs de Itália e Hungria: a primeira imposta por desrespeitar sinalização num treino, a segunda, por fechar Felipe Massa. "Foram injustas."
Nas respostas, o piloto, que dirigirá pela McLaren em 2007, parecia ainda obcecado em obter o único ponto que lhe faltava para consolidar o Mundial.
"Estava concentrado só em pontuar. Então não forcei muito o carro. O único perigo foi Jenson [Button], mas, se ele tivesse chegado mais perto, eu o deixaria passar, já que o terceiro lugar também estava bom."
Em Interlagos, Alonso, que largou em quarto, jogou para o gasto. Herdou a posição de Jarno Trulli, que abandonou, e ganhou o segundo lugar quando Kimi Raikkonen foi aos boxes.
Segundo ele, foi uma corrida fácil, ainda mais depois que a equipe o informou que Schumacher estava em 19º. "Vi quando ele foi aos boxes, mas só soube o que ocorreu três voltas depois. Não me importava o resultado dele, e sim o meu."
Mesmo assim, mostrou respeito ao alemão. "Ter ganhado dois Mundiais enquanto Michael ainda estava na pista torna tudo isso mais valioso."
Para ele, o resultado no GP Brasil o fez sair pela porta principal da escuderia de Flavio Briatore. Recordou a vitória no GP da Espanha como o momento mais inesquecível desta temporada e dedicou o campeonato aos seus compatriotas.
"Sempre tive apoio, mas no começo do ano é sempre fácil ter apoio. Quando as coisas ficaram difíceis para nós e a vantagem que tínhamos desapareceu, eles dobraram o apoio."
De seu círculo íntimo, tinha à sua espera só a namorada, a cantora Raquel del Rosario, e Luis Abad, seu empresário. Mais tarde, foi ao paddock com a bandeira espanhola e seguiu às dependências da Renault, onde deu mais entrevistas.
Antes, Alonso só tinha sido visto quando chegou a Interlagos e quando foi saudar a torcida paulistana na pista, antes da disputa. Optou por não fazer média com os fãs, enquanto alguns pilotos, entre eles Schumacher, exibiam a bandeira brasileira. Festejar no Brasil?
"Não. Viajo hoje mesmo."
Por ora, Alonso contou que planeja visitar pela última vez as sedes da Renault na Inglaterra e na França antes de descansar em sua casa, na região das Astúrias (norte da Espanha).


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