São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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TOSTÃO

Conformismo


Os cinco times brasileiros estão no mesmo nível técnico, com boas chances de um deles vencer a Libertadores


COMO TODOS os jogos, fora de casa, pela Taça Libertadores da América, são difíceis, mesmo contra fracas equipes, os times brasileiros precisam ganhar todas as partidas em casa. Ontem, o Internacional enfrentaria o Emelec, do Equador, em Porto Alegre.
Hoje, enfim, conheceremos o misterioso time titular do Corinthians.
Falta somente Danilo. Provavelmente, ele jogaria pela esquerda. Ali é seu lugar, e não na função que era de Douglas. No São Paulo, Danilo nunca foi um meia de ligação, como insistem em dizer. Ele era um terceiro atacante, que voltava para marcar, pela esquerda.
O São Paulo continua confuso. Ricardo Gomes gosta de atuar com dois zagueiros, e o time joga com três. Decidiu formar duas linhas de quatro e põe três zagueiros. Cicinho é escalado de ala e, na prática, atua de lateral. Jorge Wagner é escalado de lateral e atua mais de ala.
O Cruzeiro jogou pior e venceu o Atlético. O Galo criou mais chances de gol, mas não soube finalizar. Roger entrou no final e mostrou seu talento. Essa é a diferença. Enquanto o Cruzeiro contrata Roger, um ótimo reforço, o Atlético traz Fabiano, Obina e Zé Luís, todos indicados pelo "emérito professor" Luxemburgo.
A ausência de Petkovic, ou sua presença fora de forma, enfraquece o time do Flamengo, mesmo com o reforço de Vagner Love. Neste ano, a defesa piorou por causa das ausências de Maldonado, Aírton e Zé Roberto, que voltava para marcar, pela esquerda.
Espero que os times brasileiros procurem jogar futebol e, fora de casa, não se limitem a marcar, dar chutões, ser guerreiros e dar pontapés, com a alegação de que é assim que se joga a Libertadores.
Quando critico vários jogadores e equipes, não é porque vi grandes times e craques ou porque acho que, no passado, tudo era melhor. O futebol mudou. Sei muito bem disso. Em outras épocas, havia também muitos atletas e times medíocres. Hoje, quando vejo bons jogos e excelentes jogadores, não deixo de elogiar.
Critico a falta de conhecimento (conhecimento não é apenas informação), de senso crítico, de compromisso com a qualidade do jogo, o conformismo com a mediocridade e as explicações de que, hoje, o futebol é diferente e que não dá para jogar bem, bonito e com eficiência.

Conversa fiada
Após a demissão de Muricy Ramalho, um comentarista do Sportv disse que a culpa é sempre do mordomo. No caso, é o contrário. Como os técnicos são poderosos e ganham fortunas, os clubes acham que eles são os únicos responsáveis pelas derrotas e pelas vitórias. Muitos comentaristas contribuem para isso ao analisar tudo o que acontece no jogo a partir do resultado e da conduta do técnico.
O Flamengo foi melhor que o Botafogo, criou muito mais chances de gol, e toda a explicação para o resultado foi a boa atuação de Joel Santana. Contra o Vasco, havia equilíbrio. A vitória surpreendente sobre o Flamengo deu confiança aos jogadores do Botafogo.
Joel Santana armou bem a equipe para os dois jogos, de acordo com as características e as qualidades dos jogadores. Técnico bom é isso. Executa bem o que é simples, essencial e óbvio. O restante é pose e conversa fiada.


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