Fogos de artifício formarão sorrisos no céu, e um grande dragão passeará sobre o Estádio Nacional, o Ninho de Pássaro. Essas são as primeiras revelações sobre a misteriosa -e guardada a sete chaves- cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, no dia 8.
Cai Guoqiang, principal diretor artístico da festa, revelou ontem alguns detalhes sobre a cerimônia, que tentará entreter também o público que não conseguir ingressar no estádio. "Fogos de artifício serão lançados de 1.800 locais espalhados pela cidade, formando centenas de figuras", disse Cai.
"Nossa intenção é distribuir o espírito olímpico por toda Pequim, que ele seja visto por quem está dentro e por quem está fora do estádio", afirmou o diretor da cerimônia.

Privações já fazem chineses ironizar Jogos

As privações provocadas por rodízio de carros, metrô superlotado, centenas de barreiras policiais e revistas diárias transformaram os Jogos num pesadelo para os pequineses.
Ainda à boca pequena, via torpedos de celular e pela internet, muitos cidadãos começaram a espalhar seu descontentamento. Uma palavra, em especial, passou a ser usada como trocadilho para expressar as dificuldades: "bi-yun", que significa "contracepção".
Como "Olimpíada" é "ao-yun", que possui pronúncia semelhante, caiu como uma luva para os chineses que farão o possível para evitar qualquer evento relacionado aos Jogos.
Pesquisas oficiais, entretanto, mostram que 96% dos habitantes da cidade acreditam no sucesso da Olimpíada.

DISSIDENTE PRESO
A polícia chinesa prendeu um dissidente por "violações na internet", a quase duas semanas do início da Olimpíada. Du Daobin, que vive na Província de Hebei, foi condenado por subversão em 2004. Na ocasião, ele foi descoberto pelas autoridades chinesas após publicar na internet artigos em apoio a outro dissidente, Liu Di. Du teve direito a prisão domiciliar. Segundo a organização Repórteres sem Fronteiras, nesta semana Du foi preso sob acusação de escrever em sites de fora da China e receber visitas sem permissão do governo.

SEM APELO SEXUAL
A China informou à sua já vigiada -e censurada- mídia que o governo não irá tolerar anúncios com conotação "obscena e sexual" que possam causar embaraço para o país no período dos Jogos Olímpicos. "As empresas têm a responsabilidade junto à sociedade por sua propaganda e pela imagem do país. A ordem nos anúncios está ligada diretamente à imagem nacional", disse o governo. Publicidade de produtos que pretendem aumentar a potência sexual ou de cigarro é proibida no país, segundo estabelecem as regras do governo chinês.

GUIA DE ETIQUETA
Perguntas sobre salários, idade ou vida sentimental dos visitantes estão fora de cogitação para os chineses que irão conviver com turistas estrangeiros durante os Jogos. As dicas fazem parte de uma espécie de guia de etiqueta distribuído em Pequim. O objetivo é evitar saia justa entre os moradores da cidade e o público esperado para a Olimpíada. O guia foi concebido pelo departamento de propaganda do distrito de Dongcheng e pretende estimular uma "acolhida adequada" aos visitantes de fora do país no período da competição.


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