São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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VÔLEI

"Frases lindas" de Fofão dão último empurrão ao time

Capitã, que deixa a seleção com 1 ouro e 2 bronzes olímpicos, usa cartazes para motivar as colegas

Levantadora agradece a Zé Roberto, seu padrinho de casamento, que a convenceu a prosseguir com a seleção depois da queda há 4 anos

DOS ENVIADOS A PEQUIM

Quando as jogadoras chegaram ao vestiário, tiveram uma surpresa. Em sua despedida da seleção, Fofão havia colado por ali cartazes com frases de incentivo às jogadoras. Era seu presente ao grupo, que podia ajudá-la a deixar Pequim com uma inédita medalha de ouro.
No pódio, as jogadoras mostraram um cartaz em homenagem a Carol Gattaz e Joycinha, cortadas antes dos Jogos.
"Eram frases como: "A gente sabe que lutou e que esse é nosso momento, é nossa oportunidade e não podemos perder'", revelou a central Fabiana. "Eram frases lindas, de incentivo. A galera toda se uniu."
Ganhar uma medalha para a capitã era uma das motivações que empurraram a seleção feminina nas quadras chinesas.
A jogadora foi convocada para a seleção em 1991, época em que Fernanda Venturini era titular incontestável. Ficou nessa posição por oito anos até ganhar a vaga. Alcançou a maior glória ontem, aos 38 anos.
"O que marca a Fofão é a persistência. Estávamos conversando no Mundial [de 2006], esperando para ir à final, e ela me disse que seu objetivo era o ouro olímpico: "Vou lutar até conseguir, não importa se for aos 42, aos 44 anos". Essa colocação me fez perceber que ela ia mesmo conseguir", afirmou o preparador físico Zé Elias.
Fofão era uma das jogadoras mais emocionadas durante a comemoração do ouro. No pódio, estava aos prantos.
Zé Roberto, que a convenceu a não parar de jogar e a resgatou para a seleção após Atenas-2004, deu um longo abraço na jogadora após a conquista. "Ele disse que eu merecia o que estava acontecendo e que me amava. Depois de Atenas, pensei em parar, achava que meu ciclo havia terminado, que novas jogadoras chegariam. Até que o Zé me convidou e tornou possível que eu estivesse aqui."
Fofão esteve em cinco semifinais olímpicas seguidas e obteve duas medalhas de bronze.
No grupo campeão olímpico, além de ser uma jogadora excepcional, a levantadora exercia os papéis de amiga, líder e conselheira. A cada fim de jogo, na entrevista coletiva, ela e o treinador já trocavam impressões sobre o que acontecia.
Foi assim que o treinador teve certeza de que sua equipe passaria pela China na semifinal. "Perguntei, olhando no olho dela, que time ela preferia pegar [Rússia ou China]. Ela respondeu: "Tanto faz, estamos preparadas para qualquer um'", contou Zé Roberto.
O treinador é padrinho de casamento de Fofão -cujo nome é Hélia Rogério de Souza Pinto. O técnico Bernardinho e Fernanda Venturini também são.
"A Fofão agrega pessoas em torno dela. É minha companheira desde 1998, abdicou de muitas coisas da vida para estar aqui. Essa medalha tem cara de Fofão", disse Walewska, 28, que também deixará a seleção. "Ela [Fofão] tem 38 anos e está sempre inteira. Sempre nos ajuda, nos coloca para cima. É especial", afirmou Fabiana, 23.
(EDGARD ALVES E MARIANA LAJOLO)


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