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TÊNIS
Hora de acordar
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Gustavo Kuerten era ainda desconhecido, e Fernando Meligeni, então, a grande esperança nacional. Andre Agassi e
Jim Courier, os adversários.
Naquele fevereiro de 1997, o
Brasil começava a saborear de
verdade o gosto de pertencer à elite do tênis mundial. Era novidade. Tão novidade que a CBT imprimiu 15 mil exemplares de um
manual que ensinava o brasileiro
a torcer (coisas básicas, como, por
exemplo, não xingar juiz e jogadores, não fazer gestos obscenos e
não atirar objetos em quadra).
Sem Agassi, que "misteriosamente" desistiu de vir, os EUA
não passearam em quadra, como
esperavam para aquele confronto
da primeira rodada do Grupo
Mundial da Copa Davis. Só
quando Courier, ex-número um
do mundo, bateu Kuerten, então
85, após três horas e meia de jogo,
no domingo, é que os norte-americanos respiraram aliviados.
Apesar da derrota, o país começava a sentir ali como era bom ser
um dos melhores. Mais de R$ 6
milhões foram injetados no comércio de Ribeirão Preto só por
causa daquela Copa Davis.
O título de Kuerten no Aberto
da França no 8 de junho daquele
ano aumentou a ilusão de que o
Brasil estava entre os melhores
países do mundo no tênis.
Um grupo de empresários paulistas rapidamente se propôs a
bancar uma série de escolinhas de
tênis com o nome do campeão.
Um circuito infanto-juvenil renasceu. O investimento na base
estava feito, parecia.
No ano seguinte, o Brasil foi escolhido pela ITF, a Federação Internacional de Tênis, para ser sede da Fed Cup. O país estava na
fila havia quase 15 anos. A CBT
parecia trabalhar cada vez melhor seus recursos.
Outros sete torneios femininos
foram realizados no país ainda
naquele ano. Três circuito satélites, alguns eventos da série challenger, a Copa Ericsson, no fim
do ano, dando chance a vários
brasileiros que, sonhávamos, estavam para estourar.
Viriam, ainda, dois títulos emocionantes no Aberto da França, o
inédito número um do ranking, a
conquista histórica da primeira
edição da Corrida dos Campeões.
O país ganhou também o direito de organizar o Masters, exclusivíssimo torneio só acessível aos
oito melhores do mundo. E até
uns comentários de que um Masters Series estava na nossa rota.
Nenhum desses eventos veio para cá, mas, com um ATP Tour na
Bahia e uma imprensa ufanista,
subserviente e incapaz de fazer
uma análise crítica, simplesmente ficava no ar a idéia de que o
Brasil era, sim, o país do tênis.
A derrota para o Canadá trouxe o país à segunda divisão, mas,
mais do que isso, fez muita gente
ver que tudo não passou de um
sonho. Dirigentes, técnicos e jogadores, grosso modo, preferiram
falar a fazer. Patrocinadores e organizadores, no fundo, preferiram faturar a fazer. A mídia, em
geral, preferiu exaltar a criticar.
Gustavo Kuerten é, sim, dos melhores, mas o Brasil, de fato, não.
Agora, ouço falar que temos de
rezar para o sorteio não nos colocar diante do Chile.
É isso aí. Vamos torcer para jogar contra o Paraguai.
Primeira divisão da Copa Davis
De um lado, Lleyton Hewitt e Mark Philippoussis, pela Austrália. De
outro, Juan Carlos Ferrero e Carlos Moyá, pela Espanha. Justa ou não
a final da primeira divisão na Copa Davis?
Circuito juvenil
Quem está em Curitiba tem no Graciosa Country Club a última etapa
da Credicard MasterCard Junior's Cup. Olho na talentosa Teliana
Pereira, que, aos 15 anos, joga o torneio para as meninas de 18.
Talento juvenil
Quem merece atenção também é Fernanda Hermenegildo, 14, que
vem de quatro títulos seguidos pela América do Sul. No sábado, a catarinense venceu o Master do Circuito Unimed na categoria 18 anos.
E-mail reandaku@uol.com.br
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