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São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

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TÊNIS

Hora de acordar

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Gustavo Kuerten era ainda desconhecido, e Fernando Meligeni, então, a grande esperança nacional. Andre Agassi e Jim Courier, os adversários.
Naquele fevereiro de 1997, o Brasil começava a saborear de verdade o gosto de pertencer à elite do tênis mundial. Era novidade. Tão novidade que a CBT imprimiu 15 mil exemplares de um manual que ensinava o brasileiro a torcer (coisas básicas, como, por exemplo, não xingar juiz e jogadores, não fazer gestos obscenos e não atirar objetos em quadra).
Sem Agassi, que "misteriosamente" desistiu de vir, os EUA não passearam em quadra, como esperavam para aquele confronto da primeira rodada do Grupo Mundial da Copa Davis. Só quando Courier, ex-número um do mundo, bateu Kuerten, então 85, após três horas e meia de jogo, no domingo, é que os norte-americanos respiraram aliviados.
Apesar da derrota, o país começava a sentir ali como era bom ser um dos melhores. Mais de R$ 6 milhões foram injetados no comércio de Ribeirão Preto só por causa daquela Copa Davis.
O título de Kuerten no Aberto da França no 8 de junho daquele ano aumentou a ilusão de que o Brasil estava entre os melhores países do mundo no tênis.
Um grupo de empresários paulistas rapidamente se propôs a bancar uma série de escolinhas de tênis com o nome do campeão. Um circuito infanto-juvenil renasceu. O investimento na base estava feito, parecia.
No ano seguinte, o Brasil foi escolhido pela ITF, a Federação Internacional de Tênis, para ser sede da Fed Cup. O país estava na fila havia quase 15 anos. A CBT parecia trabalhar cada vez melhor seus recursos.
Outros sete torneios femininos foram realizados no país ainda naquele ano. Três circuito satélites, alguns eventos da série challenger, a Copa Ericsson, no fim do ano, dando chance a vários brasileiros que, sonhávamos, estavam para estourar.
Viriam, ainda, dois títulos emocionantes no Aberto da França, o inédito número um do ranking, a conquista histórica da primeira edição da Corrida dos Campeões.
O país ganhou também o direito de organizar o Masters, exclusivíssimo torneio só acessível aos oito melhores do mundo. E até uns comentários de que um Masters Series estava na nossa rota.
Nenhum desses eventos veio para cá, mas, com um ATP Tour na Bahia e uma imprensa ufanista, subserviente e incapaz de fazer uma análise crítica, simplesmente ficava no ar a idéia de que o Brasil era, sim, o país do tênis.
A derrota para o Canadá trouxe o país à segunda divisão, mas, mais do que isso, fez muita gente ver que tudo não passou de um sonho. Dirigentes, técnicos e jogadores, grosso modo, preferiram falar a fazer. Patrocinadores e organizadores, no fundo, preferiram faturar a fazer. A mídia, em geral, preferiu exaltar a criticar.
Gustavo Kuerten é, sim, dos melhores, mas o Brasil, de fato, não.
Agora, ouço falar que temos de rezar para o sorteio não nos colocar diante do Chile.
É isso aí. Vamos torcer para jogar contra o Paraguai.

Primeira divisão da Copa Davis
De um lado, Lleyton Hewitt e Mark Philippoussis, pela Austrália. De outro, Juan Carlos Ferrero e Carlos Moyá, pela Espanha. Justa ou não a final da primeira divisão na Copa Davis?

Circuito juvenil
Quem está em Curitiba tem no Graciosa Country Club a última etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup. Olho na talentosa Teliana Pereira, que, aos 15 anos, joga o torneio para as meninas de 18.

Talento juvenil
Quem merece atenção também é Fernanda Hermenegildo, 14, que vem de quatro títulos seguidos pela América do Sul. No sábado, a catarinense venceu o Master do Circuito Unimed na categoria 18 anos.

E-mail reandaku@uol.com.br


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