São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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CBT cobra para mostrar o pior Brasil na Davis

Ingresso para ver equipe que disputa vaga no Grupo Mundial com a Suécia, em Belo Horizonte, com ranking médio de 389, custa R$ 90

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Além do adiamento dos jogos da Copa Davis marcados para anteontem, os torcedores mineiros têm outro motivo para ficarem frustrados. Pagaram para ver em quadra o pior time brasileiro dos últimos tempos.
Pelo menos desde 95, ano em que Gustavo Kuerten inaugurou sua carreira profissional e que iniciou a popularização do esporte no país, o Brasil não cobra para exibir, em casa, uma equipe com um ranking médio tão baixo como o escalado para enfrentar a Suécia neste fim de semana, no duelo que vale vaga na elite do torneio em 2007.
A média entre as colocações de Guga, Flávio Saretta, André Sá e Ricardo Mello é de 389.
Nem mesmo quando os principais tenistas do país fizeram um boicote em protesto à então administração da Confederação Brasileira de Tênis, em 2004, o número foi tão baixo.
Em setembro de 2004, Brasília viu um time improvisado, de atletas inexperientes, cujo ranking médio era mais baixo: 595.
A diferença é que, na ocasião, a CBT abriu os portões e liberou a entrada da torcida. Agora, em Belo Horizonte, os fãs pagaram pelo menos R$ 90 para ver as partidas que começaram ontem, pouco antes do fechamento desta edição, após a quadra ter ficado completamente seca.
Por ironia, o responsável por puxar o ranking médio do time brasileiro tão para baixo é Guga, que desde 2004 não é tão competitivo como em seus tempos de número um do mundo devido a lesões e cirurgias. Hoje, ele é só o 1.121º do ranking e fez só um jogo no ano, o qual perdeu para o novato André Ghem na Costa do Sauípe.
Mas a "culpa" não é só de Guga. Esta é também a primeira vez que o Brasil não leva à quadra pelo menos um tenista top cem para jogar a Davis -com exceção de três confrontos que ocorreram durante o boicote.
E não é por falta de um representante entre os cem melhores do mundo. Thiago Alves, número um do país, é o 96º. Mas o capitão Fernando Meligeni preferiu não convocá-lo por falta de experiência na Davis -Alves treina com o grupo.
A equipe que disputa a Davis retrata a situação do tênis no país. Fora Guga, o time tem atletas de qualidade, que já tiveram resultados bons, mas que não rendem como antes.
Pior, a renovação é lenta. Prova disso é que o último brasileiro a erguer troféu num torneio do circuito internacional foi Mello, há exatos dois anos e cinco dias, em Delray Beach.
Este é, aliás, o quarto pior jejum de títulos ou mesmo de finais da história do esporte no país. E o pior desde o começo da "era Guga". Os outros períodos ocorreram nos anos 70 e 80.
No auge do catarinense, o maior jejum durou um ano, entre setembro de 2001 e setembro de 2002, época da primeira cirurgia no quadril a que Guga foi submetido, em fevereiro daquele ano.


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