São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2000

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PARAOLIMPÍADA
Brasileiros já conquistaram em Sydney três ouros -foram dois em Atlanta-, duas pratas e um bronze
Em quatro dias, Brasil supera índice de 96

Oswanildo Dias/Divulgação
Roseane Santos, ouro no arremesso de peso e nova recordista mundial, ergue bandeira brasileira no estádio Olímpico de Sydney


FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

Em quatro dias de competições na Paraolimpíada de Sydney, o Brasil já superou a campanha de Atlanta-1996, quando conquistou 21 medalhas, sendo 2 de ouro.
No atletismo, Roseane Santos foi a campeã no arremesso de peso, estabelecendo novo recorde mundial. Adria Santos venceu os 100 m rasos. Já André Luiz Andrade perdeu a medalha de ouro por três centésimos nos 100 m rasos.
O Brasil soma agora três ouros, duas pratas e um bronze.
A primeira medalha da jornada foi conquistada com a atleta Roseane Santos, 29, a Rosinha.
Amputada da perna esquerda, Rosinha entrou na prova da categoria F58, para atletas que competem sentadas, como zebra. Sua melhor marca na prova era 7m77.
A favorita era a tunisiana Khadija Jaballah, dona do recorde mundial (8m50).
Cerca de 15 minutos antes do início das disputas, o sistema de som do estádio Olímpico tocou a música ""Mama África", do compositor Chico César.
A brasileira garantiu a medalha de ouro no segundo de seus seis arremessos com a marca de 9 m, recorde mundial. Khadija Jaballah ficou com a prata. O bronze foi para Mervat Omar, do Egito.
""Pensei que iria ganhar a prata. A favorita era a tunisiana, a recordista mundial. Ou melhor, ex-recordista. Agora sou eu, né?", disse Rosinha.
Cerca de cinco horas depois, Adria Santos se posicionou para a prova dos 100 m rasos feminino para cegos. Ela já havia obtido o recorde mundial, de 12s34, nas semifinais de anteontem.
Adria, que é cega total e está classificada na categoria T11, competiu com atletas T12, que têm visão parcial e conseguem competir sem ajuda de guia.
Sua maior rival, porém, foi outra corredora T11, a espanhola Purificacion Santamarta.
Até a metade da prova, a espanhola levava uma ligeira vantagem. Adria passou, então, a abrir vantagem e venceu com 12s46.
Após a vitória, Adria foi carregada no colo por seu guia, Gérson Knittel. Os dois partiram para volta olímpica, eram cumprimentados por vários torcedores e constantemente mostrados nos telões do estádio de Sydney.
Em seguida, foi dada a largada para a final dos 100 m rasos da categoria T13 (a categoria menos comprometida entre os deficientes visuais).
André Luiz Andrade, que tinha a segunda melhor marca entre os finalistas, teve uma boa largada e fez uma chegada muito disputada com o sul-africano Nathan Meyer, dono do melhor tempo.
Após a prova, Andrade, que tem 17 graus de miopia, tentava saber o resultado em um dos telões do estádio. O resultado oficial apontava o sul-africano como campeão, com 11s36. Andrade, com 11s39, aparecia com a prata.
""Percebi que vinha na frente durante toda a prova. No final, ele (Meyer) projetou o tronco", disse Andrade.

O jornalista Fernando Itokazu viajou a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro

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