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BOXE
Cinturões
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Miguel de Oliveira lembra
uma criança que acabou de
ganhar um presente de Natal.
"É tudo novidade. Nem sei ainda em que lugar da casa vou colocá-lo porque estou levando para
todos os lugares, para o trabalho,
vou mostrar para os amigos no
interior [em São Manoel]...", diz,
com entusiasmo na voz, o ex-campeão mundial dos médios-ligeiros sobre o cinturão que finalmente recebeu esta semana, após
uma espera de 28 anos.
É que depois que o brasileiro
destronou o campeão José Durán,
em maio de 1975, em Montecarlo,
esqueceram de mandar para ele o
seu cinturão de campeão.
Por que Miguel, 56, não recebeu
o cinturão lá mesmo, após a luta?
Geralmente os supervisores das
entidades que controlam as disputas de títulos mundiais não levam cinturões sobressalentes para as lutas. Provavelmente porque é necessário fazer algumas
inscrições neles, o que não poderia ser providenciado na hora.
Assim, quando um desafiante
toma o título do campeão, ele posa para as fotos após o combate
com o cinturão do derrotado.
Isso produz cenas inusitadas,
como quando o britânico Nigell
Benn bateu o americano Doug de
Witt pelo título dos médios da
OMB, em 29 de abril de 1990.
Como se não bastasse De Witt
ter sofrido quatro quedas durante
a luta, seu irmão teve de assistir
toda a comemoração do adversário, pois ficou ao lado dele esperando a devolução do cinturão.
Essa história de esquecerem de
enviar cinturões é mais comum
do que se poderia imaginar.
Mais recentemente, o norte-americano Frankie Randall, que
acabou com a invencibilidade do
mexicano Júlio César Chávez, foi
uma das vítimas desse tipo de
atraso. Ele reclamou que, meses
depois de ter conquistado um de
seus títulos, ainda não tinha colocado a mão em seu cinturão.
Para quem está curioso, a tradição dos cinturões teve início em
1811, quando Tom Cribb bateu
pela segunda vez Tom Molineaux
e foi presenteado com um cinturão feito de pele de leões e enfeitada com as patas de um deles.
Na América, a história dos cinturões começou quando Richard
Fox, do ""The National Police Gazette" e inimigo do campeão dos
pesados John L. Sullivan, escolheu
outro lutador, Paddy Ryan, como
"seu" campeão e deu para ele um
cinturão enfeitado com diamantes, rubis... e sua própria foto.
De pronto fãs de Sullivan contra-atacaram e presentearam seu
ídolo um cinturão de US$ 10 mil,
ornamentado com 350 diamantes
e que trazia a inscrição "ao campeão dos campeões, do povo dos
EUA". "Comparado com o meu, o
cinturão de Richard Fox é como
uma coleira", ironizou Sullivan.
Mesmo sem diamantes, Miguel
está satisfeito com seu cinturão,
providenciado graças a uma recente intervenção da Federação
Paulista de Boxe junto ao CMB.
"Ele é bem melhor do que os
cinturões que haviam na época
[em que ganhou o título]. O conselho deu uma remexida legal nos
cinturões, acrescentou imagens,
trabalhadas em cerâmica, de Joe
Louis e Muhammad Ali nas laterais. Valeu a pena esperar."
Mesmo que por 28 anos.
Popó 1
A equipe do brasileiro mandou nesta semana uma mensagem indireta a Jay Larkin, chefão da Showtime, que vem fazendo pressão para
que dê uma revanche ao cubano Joel "Cepillo" Casamayor. Em letras
maiúsculas, texto divulgado à imprensa internacional e assinado por
seu promotor, Arthur Pelullo, diz que ""Acelino não dará uma revanche [a Casamayor] na Showtime ou em qualquer outra emissora".
Popó 2
O texto, que ironiza Casamayor ao afirmar que deveria falar sobre revanche com Diego Corrales, contra quem teve uma vitória polêmica
este mês, reafirma que o objetivo de Popó é subir de peso já em sua
próxima luta, em 3 de janeiro, provavelmente contra o campeão dos
leves da OMB, Artur Grigorian. Larkin não teria gostado da idéia.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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