São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

A gangorra de Tite


O treinador volta ao Corinthians após viver, nos últimos 12 meses, o pior momento de sua carreira

FOI CARLITOS Tevez a primeira pessoa a alertar o técnico Tite, em 2005, que a intenção da diretoria do Corinthians era demiti-lo para contratar Daniel Passarella. Constrangido, Tevez dizia não gostar de oferecer as opiniões que lhe pediam sobre o treinador argentino. A saída de Tite se consumou em fevereiro daquele ano, depois de uma derrota para o São Paulo por 1 a 0. Dois meses depois, era a vez de Passarella cair, também com derrota para o São Paulo, mas por 5 a 1.
Se você se lembrar que Tite foi demitido em fevereiro e que o Corinthians foi campeão brasileiro em dezembro, parece uma justiça do destino que ele reestreie hoje, com a chance de ser campeão daqui a oito jogos. Enquanto o Corinthians de Tevez marchava para o título de 2005, Tite passava maus bocados no Atlético-MG, na campanha do rebaixamento. Um período difícil, não o pior de sua carreira. Este também se encerra hoje, depois de dez meses de desemprego e dois nos Emirados Árabes. Quem conviveu com o treinador nessa época sabe de sua ansiedade diante do telefone, à espera de ofertas de emprego. Recusou o Vasco e o Bahia.
O desemprego começou em outubro de 2009. Foi demitido do Inter quando estava em quinto lugar, na 27ª rodada do Brasileirão, após 26 rodadas entre os quatro classificados para a Libertadores. No mesmo ano, foi vice da Copa do Brasil e montou o ataque que terminaria o ano como o melhor do país, com 156 gols.
Tite deixou o Beira-Rio, e o vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho, quis ter uma conversa com o meia D'Alessandro. Afirmou com todas as letras que a diretoria sabia que D'Alessandro queria Tite fora do clube. Mas ressaltou que Tite não saiu por causa disso.
O trabalho de Tite no Beira-Rio foi ótimo. Testemunha disso é a torcida do Corinthians, que se lembra da final da Copa do Brasil.
Era seu retorno ao mercado dos grandes clubes, depois de sair do Palmeiras brigado com o atual presidente Salvador Hugo Palaia. Tite já contou que a relação com Palaia melhorou. Só não contou como isso aconteceu.
Já no Beira-Rio, o técnico mandou uma mensagem por telefone celular para Palaia. Não queria remoer o ódio e enviou um abraço virtual. Recebeu de volta uma mensagem cheia de elogios. A dificuldade hoje é ajeitar a defesa e devolver o Corinthians à luta pelo título. Em outras palavras, Tite pode ser tão importante para o Corinthians quanto o Corinthians é neste momento da vida de Tite.

pvc@uol.com.br


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