São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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Aprendizagem

Plano de segurança da Copa-14 prevê uso majoritário de policiais, que treinam nos clássicos de hoje longe de estádios do evento

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

O plano inicial de segurança do Mundial no Brasil prevê o uso majoritário de policiais até dentro dos estádios. Empresas privadas terão participação minoritária.
É um modelo oposto ao imposto pela Fifa em Copas anteriores, onde seguranças particulares controlavam a área interna das arenas.
O projeto brasileiro foi feito pelo Grupo de Trabalho da Copa-2014, vinculado ao Ministério da Justiça, e está em análise jurídica dentro do governo federal. Também terá de ser discutido posteriormente com a Fifa.
Mas, ao se prever a segurança nas mãos de policiais, aumentam-se os holofotes sobre sua atuação em jogos de risco, como os clássicos de hoje em Uberlândia, Porto Alegre, Rio e São Paulo.
Só que as circunstâncias são distintas do previsto para a Copa. Nenhuma das quatro arenas dos duelos de hoje receberá o evento, há torcidas com histórico de brigas e incidentes mais violentos têm ocorrido longe dos jogos.
"Criamos uma cultura [entre policiais] independente do campo. Claro que precisamos saber o estádio para poder elaborar o plano local. Hoje é o Morumbi porque é o estádio que existe", disse o major Leandro Pavani, do 2º Batalhão de Choque da PM e membro do CG Copa-2014.
Segundo o oficial, o grupo optou por propor policiais nas proteções interna e externa dos estádios porque o sistema com empresas privadas falhou na África do Sul. De fato, seguranças fizeram greves, e a política local teve de assumir o controle de arenas.
Foi a Fifa que impôs o modelo. Mas Pavani argumenta que ele não é obrigatório.
No caderno de encargos da Copa-2014, não é exigida a presença de segurança privada. Pelo documento, cabe ao COL (Comitê Organizador Local) fazer o plano de proteção ao evento até o meio de 2011.
O CG Copa-2014 tem contato constante com o comitê. E é ouvido até em relação aos projetos dos estádios.
"Tem que ser um modelo que funcione nos jogos em 2015, com várias entradas e formas de isolar as torcidas", declarou Pavani.
Outro item que consta do plano de segurança do Mundial é a criação de um CCI (Comando de Controle Integrado). Trata-se do local em que se reunirão representantes das áreas responsáveis por manter a ordem -trânsito, bombeiros, policiais.
Mas, longe dos estádios e dos equipamentos previstos para o Mundial, a polícia treina hoje a mudança de sua cultura e da do torcedor. Neste caso, a ideia é retirar dos policiais a obrigação de atuar até como orientadores de estádios, como ocorre hoje.
É ainda a chance de aprender. Policiais de Brasília vão acompanhar o trabalho dos paulistas. "Não temos cultura de controlar jogos de futebol porque não temos times de relevo", afirmou o major Estéfano Lobão, do Distrito Federal. É o início das lições.


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