|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÃO
Fome, sono e frio
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
A Nova Zelândia está para as corridas de aventura
assim como o Brasil está para o
futebol. O esporte, que é bastante
popular, tem suas raízes fincadas
ali, e a primeira prova oficial da
história, o Raid Gauloise, hoje
chamado Raid World Championship, foi na Nova Zelândia,
em 1989. Tinha que ser lá o Mundial da atividade, que aconteceu
entre 14 e 19 de novembro.
A prova, originalmente chamada de Southern Traverse, é considerada uma das mais difíceis do
mundo. Nem tanto pelo trajeto,
que este ano era de 430 km, mas
principalmente porque o clima
costuma entrar nessa história como um dos protagonistas.
Foi o que aconteceu já na largada, quando as 46 equipes, selecionadas pelos resultados nas mais
importantes provas do mundo,
entre elas três brasileiras, estavam alinhadas para a partida,
dado pelo ministro dos esportes
local e assistido in loco e pela TV
por milhares de neozelandeses.
Enquanto as equipes, compostas por quatro membros, sendo
um deles obrigatoriamente mulher, corriam com seus caiaques
para o mar, o que se via era uma
série de ondas grandes e irregulares que quebravam violentamente na praia. A cena que se seguiu
daria idéia do que seria a prova:
vários caiaques danificados, muitos virados e poucos capazes de
quebrar aquela barreira natural
sem prejuízo. Uma largada que
não deixaria dúvidas sobre as dificuldades que estavam por vir.
Normalmente, a organização
da prova calcula que 30% das
equipes que largam são capazes
de concluir o percurso. Este ano,
das 46 que enfrentaram as altas
ondas da primeira perna, apenas
11 conseguiram cruzar a linha de
chegada. Ou seja, 22%.
O mapeamento do trajeto desencorajava os menos aguerridos:
200 km de mountain bike em estradas de terras e trilhas fechadas,
90 km de canoagem por rios e mares gelados, 130 km de trekking
por montanhas, mata selvagem e
vales. Além disso, muita orientação e técnica de cordas.
Tudo ficou mais cruel quando
as equipes se deram conta do intenso ritmo imposto pelo líder. O
tabu a ser quebrado era fazer com
que uma equipe local não vencesse a prova, já que nunca antes os
neozelandeses perderam essa disputa. Mas o passo forte foi imposto justamente pela equipe Balance Vector, 100% local.
Quatro dias depois de largarem,
os integrantes da Balance Vector
cruzaram a chegada, ficaram
com o título mundial e com o
equivalente a R$ 75 mil em dinheiro. Em segundo ficou a norte-americana Nike Balance Bar.
Enquanto os neozelandeses comemoravam, as demais equipes
tentavam vencer as barreiras naturais, chuvas, fome, sono e frio,
para ver a reta final. Entre elas, os
três times brasileiros: Mitsubishi
Salomon Quasar Lontra, Oskalunga Brasil Telecom e Try On
Landscape. A missão brasileira
aqui era modesta: as equipes pretendiam apenas concluir o trajeto
no tempo limite determinado pela organização. Numa prova como essa, chegar já é uma grande
vitória. Mas ainda não foi este
ano: nenhuma das três conseguiu
completar o percurso.
Mundial de surfe feminino - WCT
Chelsea Georgeson venceu a penúltima etapa do ano, em Haleiwa,
Havaí, e assumiu a liderança. A peruana Sofia Mulanovich, atual
campeã, está em segundo. A final será em Honolua, em dezembro.
Petrobras Longboard Classic
Quarentões e campeões irmãos Salazar. Picuruta, 45, ganhou o nono
Brasileiro profissional e Almir, 46, foi campeão na categoria Legends.
Carlos Mudinho venceu a Superlegends, para os com mais de 50.
Circuito Brasileiro de Pára-quedismo
A etapa decisiva acontece neste final de semana em Campinas (SP),
com cinco modalidades: free fly, freestyle, sky surf, formação em
queda livre e pouso de alta performance.
E-mail: sarli@trip.com.br
Texto Anterior: Após outra partida ruim, torcida do Real Madrid vaia Luxemburgo Próximo Texto: Futebol - José Roberto Torero: Todo juiz é ladrão! Índice
|