JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES

Gustavo Kuerten disputa hoje, às 14h, em Buenos Aires, contra o argentino José Acasuso, sua primeira final da temporada novamente como o número 1 do ranking mundial.
O brasileiro obteve pontos suficientes para retomar o posto cedido no mês passado ao russo Marat Safin, durante o Aberto da Austrália, ao vencer na semifinal, ontem à tarde, Fernando Vicente, da Espanha, por 2 a 1 (4/6, 6/2 e 6/ 2), em uma hora e 59 minutos.
Repetiu o que ocorrera um dia antes, quando superou o argentino Guillermo Cañas depois de perder o set inicial -mas com o vexame de não assinalar um único game, algo que não acontecia com ele desde o início de 2000.
Para reaver a liderança do ranking, acabou favorecido pelo mau desempenho de Safin nos últimos torneios: o russo caiu nas quartas-de-final em Milão e na primeira rodada em Roterdã.
""Não tenho jogado como eu queria. Senti-me um pouco cansado. Mas voltar a ser número 1 é uma grande motivação para a final. Para mim, foi um presente", disse Gustavo Kuerten.
O retorno do brasileiro ao topo evidencia ainda a instabilidade na lista da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Desde março de 1998, o primeiro posto da lista foi alterado 17 vezes.
De qualquer forma, a final argentina alivia em parte a pressão sobre Kuerten: no primeiro semestre do ano, até Roland Garros, ele estará defendendo mais da metade dos pontos que acumula no ranking de entrada.
Em Buenos Aires, teve a chance de defender os pontos referentes ao título de Santiago (Chile), em 2000. Seguirá para Acapulco (México), onde poderá manter os pontos da semifinal de Bogotá (Colômbia). Depois, Miami (EUA) e Roma (Itália), torneio nos quais terminou como vice no ano passado, e mais tarde Hamburgo (Alemanha) e Roland Garros (França), em que foi campeão.
Contra Vicente, Kuerten reassumiu o papel há algum tempo esquecido: o de resmungão.
A partida teve como mais equilibrado o primeiro set -houve três quebras de saque. O brasileiro abriu vantagem, com uma quebra no quinto game. Confirmou em seguida o serviço (4 a 2), mas permitiu a Vicente lhe devolver as quebras no oitavo e décimo games. Na parcial seguinte, por duas vezes bateu o saque do rival e não lhe deu oportunidade de recuperação: 6 a 2.
Mas logo no segundo game do set definitivo reclamou ostensivamente do juiz de cadeira, o brasileiro Carlos Bernardes, depois de o árbitro ratificar um foot fault (infração cometida quando o jogador pisa na linha antes de sacar). Essa falta custou a Guga a perda do game -no anterior ele havia batido o serviço de Vicente.
Golpeou o chão com a raquete -o que lhe resultou em uma advertência- e gritou para o juiz: ""Você acha que está escrito palhaço (apontando a testa)?".
Seguiu reclamando até o final do game seguinte. ""Era um ponto importante. Essas coisas deixam a gente irritado", justificou-se.


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