São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2002

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OLIMPÍADA

No último dia de provas de Inverno, espanhol e russa perdem ouros por exames positivos

Doping "coroa" Jogos da polêmica

DA REDAÇÃO

Os Jogos de Inverno de Salt Lake City, que começaram sob o estigma de um dos maiores escândalos de corrupção da história olímpica, foram encerrados ontem sob nova polêmica.
No último dia de competições, o COI (Comitê Olímpico Internacional) cassou as medalhas de ouro do espanhol Johann Muehlegg, 31, nos 50 km de esqui, e da russa Larissa Lazutina, 36, nos 30 km.
Eles foram pegos no antidoping para a darbepoetina, droga de efeito similar à EPO (eritropoietina), que melhora a oxigenação no sangue. A russa Olga Danilova, oitavo lugar na prova em que Lazutina conquistara o ouro, também foi pega na mesma substância.
O escândalo assume proporções gigantescas diante dos dois atletas atingidos, ambos heróis olímpicos de seus países.
Ganhador de todas as medalhas espanholas em Salt Lake, as glórias de Muehlegg nos Jogos-2002 começaram nos 30 km livre do esqui, em que impôs uma inusitada vantagem de dois minutos sobre o austríaco Christian Hoffmann, segundo colocado na competição.
Seu segundo ouro veio na prova de perseguição. Para coroar sua participação, anteontem, venceu os 50 km de esqui -única medalha que foi cassada. "Os exames nas outras provas foram negativos. Assim, não podemos tirar as medalhas", alegou François Carrard, diretor-geral do COI.
Muehlegg passara por outros dois controles, nos dias 8 e 14, que não haviam acusado a presença da droga. Ele foi pego em uma coleta surpresa, feita na quinta.
"Não sei o motivo pelo qual tive que passar por tantos exames. Por acaso há algum problema nos laboratórios?", reclamou o esquiador, que soube de seu exame positivo na noite de anteontem, durante homenagem promovida pelo Comitê Olímpico Espanhol.
Já Lazutina havia se convertido na maior medalhista da história dos Jogos de Inverno. Com o título olímpico conquistado ontem nos 30 km, a russa ganhara um total de dez medalhas (seis ouros, três pratas e um bronze).
Nos Jogos-2002, a atleta havia conquistado também a prata nos 15 km livre e nos 10 km clássico -essas medalhas também não foram cassadas pelo COI.
Na quinta-feira, ela fora impedida de participar de uma prova por seu exame de sangue conter altos índices de hematócrito -o que já indicaria um possível doping por EPO ou substância similiar.
Para o presidente do COI, Jacques Rogge, apesar de os atletas terem conservado as medalhas que já haviam conquistado, ambos saem dos Jogos de Inverno com a imagem manchada. "Tecnicamente eles podem ser campeões olímpicos, mas moralmente não são mais", afirmou Rogge.
O caso coroou uma edição olímpica cercada de polêmicas.
Insatisfeita com alguns resultados considerados injustos para seus esportistas, a Rússia ameaçou abandonar os Jogos de Inverno. Acabou voltando atrás.
A Coréia do Sul também protestou contra a desclassificação de Kim Dong-sung nos 1.500 m da prova de patins de velocidade.
O caso mais rumoroso, até ontem, porém, foi na prova de patinação artística de duplas. Yelena Berezhnaya e Anton Sikharulidze (Rússia) ficaram com o ouro, superando Jamie Salé e David Pelletier (Canadá). Um dia depois, a juíza Marie-Reine Le Gougne confessou que votara em favor dos russos por pressão da federação francesa. O ouro acabou sendo dividido entre as duas duplas. (ADALBERTO LEISTER FILHO)


Com agências internacionais

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