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OLIMPÍADA
No último dia de provas de Inverno, espanhol e russa perdem ouros por exames positivos
Doping "coroa" Jogos da polêmica
DA REDAÇÃO
Os Jogos de Inverno de Salt Lake City, que começaram sob o estigma de um dos maiores escândalos de corrupção da história
olímpica, foram encerrados ontem sob nova polêmica.
No último dia de competições, o
COI (Comitê Olímpico Internacional) cassou as medalhas de ouro do espanhol Johann Muehlegg,
31, nos 50 km de esqui, e da russa
Larissa Lazutina, 36, nos 30 km.
Eles foram pegos no antidoping
para a darbepoetina, droga de
efeito similar à EPO (eritropoietina), que melhora a oxigenação no
sangue. A russa Olga Danilova, oitavo lugar na prova em que Lazutina conquistara o ouro, também
foi pega na mesma substância.
O escândalo assume proporções gigantescas diante dos dois
atletas atingidos, ambos heróis
olímpicos de seus países.
Ganhador de todas as medalhas
espanholas em Salt Lake, as glórias de Muehlegg nos Jogos-2002
começaram nos 30 km livre do esqui, em que impôs uma inusitada
vantagem de dois minutos sobre
o austríaco Christian Hoffmann,
segundo colocado na competição.
Seu segundo ouro veio na prova
de perseguição. Para coroar sua
participação, anteontem, venceu
os 50 km de esqui -única medalha que foi cassada. "Os exames
nas outras provas foram negativos. Assim, não podemos tirar as
medalhas", alegou François Carrard, diretor-geral do COI.
Muehlegg passara por outros
dois controles, nos dias 8 e 14, que
não haviam acusado a presença
da droga. Ele foi pego em uma coleta surpresa, feita na quinta.
"Não sei o motivo pelo qual tive
que passar por tantos exames. Por
acaso há algum problema nos laboratórios?", reclamou o esquiador, que soube de seu exame positivo na noite de anteontem, durante homenagem promovida pelo Comitê Olímpico Espanhol.
Já Lazutina havia se convertido
na maior medalhista da história
dos Jogos de Inverno. Com o título olímpico conquistado ontem
nos 30 km, a russa ganhara um total de dez medalhas (seis ouros,
três pratas e um bronze).
Nos Jogos-2002, a atleta havia
conquistado também a prata nos
15 km livre e nos 10 km clássico
-essas medalhas também não
foram cassadas pelo COI.
Na quinta-feira, ela fora impedida de participar de uma prova por
seu exame de sangue conter altos
índices de hematócrito -o que já
indicaria um possível doping por
EPO ou substância similiar.
Para o presidente do COI, Jacques Rogge, apesar de os atletas
terem conservado as medalhas
que já haviam conquistado, ambos saem dos Jogos de Inverno
com a imagem manchada. "Tecnicamente eles podem ser campeões olímpicos, mas moralmente não são mais", afirmou Rogge.
O caso coroou uma edição
olímpica cercada de polêmicas.
Insatisfeita com alguns resultados considerados injustos para
seus esportistas, a Rússia ameaçou abandonar os Jogos de Inverno. Acabou voltando atrás.
A Coréia do Sul também protestou contra a desclassificação de
Kim Dong-sung nos 1.500 m da
prova de patins de velocidade.
O caso mais rumoroso, até ontem, porém, foi na prova de patinação artística de duplas. Yelena
Berezhnaya e Anton Sikharulidze
(Rússia) ficaram com o ouro, superando Jamie Salé e David Pelletier (Canadá). Um dia depois, a
juíza Marie-Reine Le Gougne
confessou que votara em favor
dos russos por pressão da federação francesa. O ouro acabou sendo dividido entre as duas duplas.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
Com agências internacionais
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