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FUTEBOL
Torcida e dirigentes do clube argentino associam sucesso santista a Pelé
Vítimas do Santos de 1963 acreditam que agora vai
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BUENOS AIRES
Dirigentes do Boca Juniors que
em 1963 viram o Santos sepultar
as pretensões do time -à época
ainda em busca do primeiro título
da Taça Libertadores- dizem estar agora muito mais confiantes
em alcançar a quinta conquista
continental devido ao que julgam
ser o maior "desfalque" santista
na decisão deste ano, que começa
hoje à noite, em Buenos Aires.
"Antes havia Pelé. Hoje não há
mais ele no Santos", resumiu Oswaldo Bambenutto, principal assessor do presidente do clube argentino, Mauricio Macri.
Aos 12 anos, Bambenutto assistiu das arquibancadas à vitória
santista de virada por 2 a 1, classificada por ele como a maior frustração imposta aos torcedores do
Boca Juniors por um rival dentro
de La Bombonera.
"Chorei bastante naquele fatídico dia", acrescentou o ex-jogador
Horacio "Cholo" Palmieri, 50, na
ocasião com 10 anos e atualmente
diretor social do clube.
A expectativa da fanática torcida do Boca para a decisão com o
Santos é tão grande que os ingressos de arquibancadas acabaram
no sábado passado.
Na tarde de ontem, a polícia de
Buenos Aires foi obrigada a intervir para conter o tumulto provocado por torcedores que se enfileiravam por mais de um quilômetro nas cercanias do estádio.
Eles disputavam um a um os 12
mil ingressos chamados "populares", colocados à venda somente
ontem e que esgotaram rapidamente. Esse bilhetes dão direito a
um lugar no pior setor da arena, o
correspondente às áreas de "geral" dos estádios brasileiros.
Vendidas oficialmente a 10 pesos (US$ 3,7) -cada torcedor podia adquirir apenas uma-, as entradas populares eram comercializadas abertamente fora do estádio por até 50 pesos (US$ 18,5),
preço que um cambista pediu à
reportagem da Agência Folha.
Nos últimos três dias, torcedores fizeram vigília noturna nas
imediações do La Bombonera,
dormindo nas calçadas esperando a abertura das bilheterias nas
manhãs seguintes.
Sacrifício
Juan Carlos Mairin, 29, foi um
dos que tentaram, mas ontem
"morreu na fila", como ele mesmo definiu. Saiu na manhã de anteontem da província de Córdoba, onde vive, pernoitou na rua,
porém antes de chegar a sua vez
de comprar uma entrada, as bilheterias já haviam fechado -os
ingressos estavam esgotados.
"Jogue contra quem jogue, o
Boca sempre será favorito porque
nossa torcida sempre é a mais fanática", afirmou Jorge Luis Bitar,
60, diretor geral do clube. Bitar
também esteve na final de 1963 e
até hoje lamenta o sentimento
"triste" de 40 anos atrás.
"Em primeiro lugar sou Boca
Juniors. Depois, argentino", bradou outro fanático, o comerciante
Juan Carlos Zinola, 55, dono do
bar e restaurante Carlitos, vizinho
do estádio La Bombonera.
Zinola convive há décadas com
o cotidiano do clube mais popular
da Argentina. Diz ter entre seus
clientes o atual técnico do Boca,
Carlos Bianchi, o ex-presidente da
Argentina Raúl Alfonsín e Diego
Armando Maradona, maior ídolo
do futebol argentino, ex-jogador e
torcedor declarado do Boca.
"Naquela época [1963], o Santos
era mais equipe que o Boca Juniors e ainda tinha Pelé. Com ele e
mais jogadores como Dorval,
Mengálvio, Coutinho e Pepe, o
Santos desequilibrava qualquer
jogo. Agora o plantel deles é muito jovem. Tenho muito mais esperança de sair campeão", afirmou
Zinola.
(FAUSTO SIQUEIRA)
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