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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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FUTEBOL

Torcida e dirigentes do clube argentino associam sucesso santista a Pelé

Vítimas do Santos de 1963 acreditam que agora vai

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BUENOS AIRES

Dirigentes do Boca Juniors que em 1963 viram o Santos sepultar as pretensões do time -à época ainda em busca do primeiro título da Taça Libertadores- dizem estar agora muito mais confiantes em alcançar a quinta conquista continental devido ao que julgam ser o maior "desfalque" santista na decisão deste ano, que começa hoje à noite, em Buenos Aires.
"Antes havia Pelé. Hoje não há mais ele no Santos", resumiu Oswaldo Bambenutto, principal assessor do presidente do clube argentino, Mauricio Macri.
Aos 12 anos, Bambenutto assistiu das arquibancadas à vitória santista de virada por 2 a 1, classificada por ele como a maior frustração imposta aos torcedores do Boca Juniors por um rival dentro de La Bombonera.
"Chorei bastante naquele fatídico dia", acrescentou o ex-jogador Horacio "Cholo" Palmieri, 50, na ocasião com 10 anos e atualmente diretor social do clube.
A expectativa da fanática torcida do Boca para a decisão com o Santos é tão grande que os ingressos de arquibancadas acabaram no sábado passado.
Na tarde de ontem, a polícia de Buenos Aires foi obrigada a intervir para conter o tumulto provocado por torcedores que se enfileiravam por mais de um quilômetro nas cercanias do estádio.
Eles disputavam um a um os 12 mil ingressos chamados "populares", colocados à venda somente ontem e que esgotaram rapidamente. Esse bilhetes dão direito a um lugar no pior setor da arena, o correspondente às áreas de "geral" dos estádios brasileiros.
Vendidas oficialmente a 10 pesos (US$ 3,7) -cada torcedor podia adquirir apenas uma-, as entradas populares eram comercializadas abertamente fora do estádio por até 50 pesos (US$ 18,5), preço que um cambista pediu à reportagem da Agência Folha.
Nos últimos três dias, torcedores fizeram vigília noturna nas imediações do La Bombonera, dormindo nas calçadas esperando a abertura das bilheterias nas manhãs seguintes.

Sacrifício
Juan Carlos Mairin, 29, foi um dos que tentaram, mas ontem "morreu na fila", como ele mesmo definiu. Saiu na manhã de anteontem da província de Córdoba, onde vive, pernoitou na rua, porém antes de chegar a sua vez de comprar uma entrada, as bilheterias já haviam fechado -os ingressos estavam esgotados.
"Jogue contra quem jogue, o Boca sempre será favorito porque nossa torcida sempre é a mais fanática", afirmou Jorge Luis Bitar, 60, diretor geral do clube. Bitar também esteve na final de 1963 e até hoje lamenta o sentimento "triste" de 40 anos atrás.
"Em primeiro lugar sou Boca Juniors. Depois, argentino", bradou outro fanático, o comerciante Juan Carlos Zinola, 55, dono do bar e restaurante Carlitos, vizinho do estádio La Bombonera.
Zinola convive há décadas com o cotidiano do clube mais popular da Argentina. Diz ter entre seus clientes o atual técnico do Boca, Carlos Bianchi, o ex-presidente da Argentina Raúl Alfonsín e Diego Armando Maradona, maior ídolo do futebol argentino, ex-jogador e torcedor declarado do Boca.
"Naquela época [1963], o Santos era mais equipe que o Boca Juniors e ainda tinha Pelé. Com ele e mais jogadores como Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe, o Santos desequilibrava qualquer jogo. Agora o plantel deles é muito jovem. Tenho muito mais esperança de sair campeão", afirmou Zinola. (FAUSTO SIQUEIRA)


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