São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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"Não quero voltar de bengala"

Robinho diz sentir saudade do Santos e que planeja jogar de novo pelo clube, antes de ficar "velho'

DO COLUNISTA DA FOLHA
E DO ENVIADO A BERGISCH GLADBACH

Leia abaixo a entrevista com o atacante Robinho, feita ontem em Bergisch Gladbach. (JOSÉ ROBERTO TORERO E SÉRGIO RANGEL)

 

FOLHA - Você busca glória ou dinheiro no futebol?
ROBINHO - Na minha idade, busco a glória. Mas penso também no futuro.

FOLHA - Você está mais perto da glória no Real Madrid ou no Santos?
ROBINHO - No Real Madrid, muito mais. O time aparece no mundo todo. Se jogar no Real o mesmo futebol do Santos, sei que vou aparecer mais.

FOLHA - Como você se sentiu após o jogo contra o Japão?
ROBINHO - Uma sensação boa. Não queria ficar sendo visto como jogador de segundo tempo. Fiz de tudo para jogar bem.

FOLHA - Deu para dormir logo?
ROBINHO - A adrenalina fica lá em cima. Fiquei umas quatro horas na resenha até dormir. Fiquei pensando no jogo, o que poderia ter feito de melhor. Fiquei vendo os gols na televisão.

FOLHA - O Parreira já falou com os jogadores sobre os titulares da partida de terça, contra Gana?
ROBINHO - O professor Parreira ainda não conversou assim com nenhum jogador. Mas estou preparado para jogar.

FOLHA - Você pretende fazer história neste Mundial?
ROBINHO - Se der, é ótimo. Penso muito neste Mundial. As pessoas falam que sou novo, que tenho outras Copas, mas trabalho para jogar neste. Não sei o que vai acontecer no outro Mundial. Estou muito feliz e vou trabalhar para jogar neste.

FOLHA - O Ronaldo disse que quer ser o artilheiro aqui. Você quer ser lembrado nesta Copa como o quê?
ROBINHO - Quero ser o destaque, a revelação. Quero ajudar o Brasil a ser campeão. Se der fazendo gol, ótimo. Se não der, ótimo também. Quero ser lembrado como campeão.

FOLHA - Você está se sentindo bem na seleção?
ROBINHO - Tenho que confessar que, na estréia, deu um frio na barriga que nunca tinha sentido. Nem quando estreei no Santos, o que também foi no segundo tempo, senti algo parecido. Naquela vez, entrei fazendo uma fumacinha contra o Guarani. Senti muita ansiedade na estréia da seleção nesta Copa.

FOLHA - Como vai ficar a sua vida depois da Copa?
ROBINHO - Ainda não sei, mas eles [dirigentes do Real] já estão me sondando para renovar.

FOLHA - Você pensa em voltar para o Santos?
ROBINHO - Tem essa possibilidade também. Não quero voltar para lá tão velho, de bengalinha. Sei que a torcida vai me cobrar bastante. Acho difícil voltar ao Santos antes de 2010 por causa do contrato com o Real. Mas, depois disso, já não sei.

FOLHA - Viver no futebol europeu é como você esperava?
ROBINHO - No começo, foi um pouco difícil. Tive que viver no hotel, mas agora está tudo bem . Passei por algumas roubadas. Me perdi muitas vezes de carro pela cidade. Sempre seguia o carro do Roberto Carlos para deixar o CT. Um dia, disse que ia sozinho e fui parar no centro de Madri. Foi obrigado a ligar para o Roberto [risos]. Agora, também estou morando com os meus pais. Eles ficaram muito assustados em janeiro e fevereiro por causa do frio.

FOLHA - Como é voltar a morar com os pais?
ROBINHO - Meu pai reclama um pouco. Gosto de escutar meu funk e meu pagode altos, e ele é mais tranqüilo. Adoro escutar funk carioca, MC Marcinho. Coloco também muito Zeca Pagodinho e Fundo de Quintal.

FOLHA - Como é o assédio lá?
ROBINHO - No Brasil, era pior. Falam que, em Madri, se você tropeçar, tropeça numa loira. Não é assim. Além disso, tenho minha namorada.

FOLHA - Qual é o seu hobby?
ROBINHO - Sou um rato de praia. Adoro ficar na praia em Santos, curto um futebol lá.

FOLHA - Mas você mora em Madri.
ROBINHO - É [risos]. Jogo sinuca, ando de buggy com o Ronaldo e durmo muito.

FOLHA - É verdade que é sempre o último a acordar aqui na seleção?
ROBINHO - Gosto de dormir muito, véio. Acordei hoje às 11h50 para almoçar. Depois de comer, voltei para o quatro para dormir, mas o Rodrigo [Paiva, assessor de imprensa da CBF] me pegou para fazer a entrevista. Desde criança, fui assim. Sempre estudei de manhã, mas nunca me acostumei. Só acordo cedo para treinar porque amo o futebol. Acordar cedo é uma derrota!

FOLHA - Com o que você sonha?
ROBINHO - Não sou muito de sonhar. Quando bato na cama, caio como uma pedra. Não tem essa de ficar sonhando com o zagueiro. Alguns jogadores sonham isso. Durmo tranqüilo.

FOLHA - No futebol brasileiro, você vestiria outra camisa?
ROBINHO - Acho difícil. Tenho uma identificação muito grande. Até o meu pai, que era corintiano, diz que tenho a cara do Santos. Fui criado lá desde pequeno. Adorava jogar no Santos. Na Vila Belmiro, estava adaptado. Conhecia todos os espaços da Vila. Era fera. Estava no vestiário, e a torcida toda cantando o meu nome. Não via a hora de começar o jogo. Ainda sonho com o Santos. Quando estou jogando mal, coloco os meus "DVDzinhos" dos gols do Santos para dar uma moral.


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