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"Não quero voltar de bengala"
Robinho diz sentir saudade do Santos e que planeja jogar de novo pelo clube, antes de ficar "velho'
DO COLUNISTA DA FOLHA
E DO ENVIADO A BERGISCH GLADBACH
Leia abaixo a entrevista com
o atacante Robinho, feita ontem em Bergisch Gladbach.
(JOSÉ ROBERTO TORERO E SÉRGIO RANGEL)
FOLHA - Você busca glória ou dinheiro no futebol?
ROBINHO - Na minha idade,
busco a glória. Mas penso também no futuro.
FOLHA - Você está mais perto da
glória no Real Madrid ou no Santos?
ROBINHO - No Real Madrid,
muito mais. O time aparece no
mundo todo. Se jogar no Real o
mesmo futebol do Santos, sei
que vou aparecer mais.
FOLHA - Como você se sentiu após
o jogo contra o Japão?
ROBINHO - Uma sensação boa.
Não queria ficar sendo visto como jogador de segundo tempo.
Fiz de tudo para jogar bem.
FOLHA - Deu para dormir logo?
ROBINHO - A adrenalina fica lá
em cima. Fiquei umas quatro
horas na resenha até dormir.
Fiquei pensando no jogo, o que
poderia ter feito de melhor. Fiquei vendo os gols na televisão.
FOLHA - O Parreira já falou com os
jogadores sobre os titulares da partida de terça, contra Gana?
ROBINHO - O professor Parreira
ainda não conversou assim
com nenhum jogador. Mas estou preparado para jogar.
FOLHA - Você pretende fazer história neste Mundial?
ROBINHO - Se der, é ótimo. Penso muito neste Mundial. As
pessoas falam que sou novo,
que tenho outras Copas, mas
trabalho para jogar neste. Não
sei o que vai acontecer no outro
Mundial. Estou muito feliz e
vou trabalhar para jogar neste.
FOLHA - O Ronaldo disse que quer
ser o artilheiro aqui. Você quer ser
lembrado nesta Copa como o quê?
ROBINHO - Quero ser o destaque, a revelação. Quero ajudar
o Brasil a ser campeão. Se der
fazendo gol, ótimo. Se não der,
ótimo também. Quero ser lembrado como campeão.
FOLHA - Você está se sentindo bem
na seleção?
ROBINHO - Tenho que confessar que, na estréia, deu um frio
na barriga que nunca tinha sentido. Nem quando estreei no
Santos, o que também foi no segundo tempo, senti algo parecido. Naquela vez, entrei fazendo
uma fumacinha contra o Guarani. Senti muita ansiedade na
estréia da seleção nesta Copa.
FOLHA - Como vai ficar a sua vida
depois da Copa?
ROBINHO - Ainda não sei, mas
eles [dirigentes do Real] já estão me sondando para renovar.
FOLHA - Você pensa em voltar para
o Santos?
ROBINHO - Tem essa possibilidade também. Não quero voltar
para lá tão velho, de bengalinha. Sei que a torcida vai me cobrar bastante. Acho difícil voltar ao Santos antes de 2010 por
causa do contrato com o Real.
Mas, depois disso, já não sei.
FOLHA - Viver no futebol europeu é
como você esperava?
ROBINHO - No começo, foi um
pouco difícil. Tive que viver no
hotel, mas agora está tudo bem .
Passei por algumas roubadas.
Me perdi muitas vezes de carro
pela cidade. Sempre seguia o
carro do Roberto Carlos para
deixar o CT. Um dia, disse que
ia sozinho e fui parar no centro
de Madri. Foi obrigado a ligar
para o Roberto [risos]. Agora,
também estou morando com os
meus pais. Eles ficaram muito
assustados em janeiro e fevereiro por causa do frio.
FOLHA - Como é voltar a morar
com os pais?
ROBINHO - Meu pai reclama um
pouco. Gosto de escutar meu
funk e meu pagode altos, e ele é
mais tranqüilo. Adoro escutar
funk carioca, MC Marcinho.
Coloco também muito Zeca Pagodinho e Fundo de Quintal.
FOLHA - Como é o assédio lá?
ROBINHO - No Brasil, era pior.
Falam que, em Madri, se você
tropeçar, tropeça numa loira.
Não é assim. Além disso, tenho
minha namorada.
FOLHA - Qual é o seu hobby?
ROBINHO - Sou um rato de
praia. Adoro ficar na praia em
Santos, curto um futebol lá.
FOLHA - Mas você mora em Madri.
ROBINHO - É [risos]. Jogo sinuca, ando de buggy com o Ronaldo e durmo muito.
FOLHA - É verdade que é sempre o
último a acordar aqui na seleção?
ROBINHO - Gosto de dormir
muito, véio. Acordei hoje às
11h50 para almoçar. Depois de
comer, voltei para o quatro para dormir, mas o Rodrigo [Paiva, assessor de imprensa da
CBF] me pegou para fazer a entrevista. Desde criança, fui assim. Sempre estudei de manhã,
mas nunca me acostumei. Só
acordo cedo para treinar porque amo o futebol. Acordar cedo é uma derrota!
FOLHA - Com o que você sonha?
ROBINHO - Não sou muito de
sonhar. Quando bato na cama,
caio como uma pedra. Não tem
essa de ficar sonhando com o
zagueiro. Alguns jogadores sonham isso. Durmo tranqüilo.
FOLHA - No futebol brasileiro, você
vestiria outra camisa?
ROBINHO - Acho difícil. Tenho
uma identificação muito grande. Até o meu pai, que era corintiano, diz que tenho a cara
do Santos. Fui criado lá desde
pequeno. Adorava jogar no
Santos. Na Vila Belmiro, estava
adaptado. Conhecia todos os
espaços da Vila. Era fera. Estava no vestiário, e a torcida toda
cantando o meu nome. Não via
a hora de começar o jogo. Ainda
sonho com o Santos. Quando
estou jogando mal, coloco os
meus "DVDzinhos" dos gols do
Santos para dar uma moral.
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