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São Paulo limita poder e enquadra o novo técnico
Ricardo Gomes segue a cartilha da diretoria, ignorada pelo antecessor, Muricy
Treinador não vai tolerar reclamações de jogadores,
é orientado a usar mais as divisões de base e reduzirá número de improvisações
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Por três anos e meio no São
Paulo, Muricy Ramalho tinha
adquirido mais poder do que
técnicos anteriores do clube.
Seu substituto, Ricardo Gomes,
chegou ontem enquadrado à filosofia da diretoria.
É política dos cartolas são-
-paulinos limitar a autonomia
de treinadores. A comissão técnica é fixa, dirigentes definem
as contratações, e o presidente
Juvenal Juvêncio interfere na
equipe, principalmente em
momentos de crise.
Tricampeão brasileiro, Muricy seguia essas regras, mas
aumentara seu poder. Adotara
condutas que, somadas ao mau
desempenho e à eliminação na
Libertadores, irritaram a diretoria e levaram à sua demissão.
O ex-técnico recorria pouco a
jogadores da divisão de base,
improvisava muito no time e
não punia atletas que reclamavam da reserva -alegava poupar o patrimônio do clube.
A diretoria já deixara claro
que não toleraria mais reclamações dos atletas. "Era uma
anomalia", afirmou o vice de
futebol do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, Leco.
Sobre os protestos dos jogadores, Ricardo Gomes foi claro:
"Não existe espaço para esse tipo de comportamento. Às vezes, um jogador pode sair de cabeça quente e reclamar, mas
tem que pedir desculpas".
Outra orientação da diretoria
é aproveitar mais jogadores da
base. Muricy resistia a escalar
alguns deles, como Oscar, por
não considerá-los prontos.
"Houve uma recomendação
para usar mais atletas da base,
mas é preciso tempo", comentou Leco. "Faz parte da história
do São Paulo [usar a base]. Já
saíram grandes jogadores daqui. Notei vários bons jogadores [no atual elenco] que serão
observados", explicou Ricardo
Gomes, que vai testar os atletas,
mas não irá queimá-los.
As improvisações no time
também devem ser reduzidas.
"Nunca é bom", admitiu. "Mas,
se um da posição ou da base não
for bem, posso improvisar."
Ontem, Ricardo Gomes respondeu a todas as perguntas
sem confrontar jornalistas. Esse estilo, que agrada à diretoria,
é contrário ao de Muricy, que
costumava ficar irritado com
bastante frequência.
Sob o ponto de vista financeiro, o novo técnico também se
encaixa melhor no perfil do
clube. A diretoria informa que
seu salário está em um patamar
similar ao de Muricy quando
este chegou ao clube, em 2006.
Em duas renovações, o São
Paulo deu aumentos e prêmios
a Muricy, que já ganhava em
torno de R$ 300 mil.
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