São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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São Paulo limita poder e enquadra o novo técnico

Ricardo Gomes segue a cartilha da diretoria, ignorada pelo antecessor, Muricy

Treinador não vai tolerar reclamações de jogadores, é orientado a usar mais as divisões de base e reduzirá número de improvisações

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Por três anos e meio no São Paulo, Muricy Ramalho tinha adquirido mais poder do que técnicos anteriores do clube. Seu substituto, Ricardo Gomes, chegou ontem enquadrado à filosofia da diretoria.
É política dos cartolas são- -paulinos limitar a autonomia de treinadores. A comissão técnica é fixa, dirigentes definem as contratações, e o presidente Juvenal Juvêncio interfere na equipe, principalmente em momentos de crise.
Tricampeão brasileiro, Muricy seguia essas regras, mas aumentara seu poder. Adotara condutas que, somadas ao mau desempenho e à eliminação na Libertadores, irritaram a diretoria e levaram à sua demissão.
O ex-técnico recorria pouco a jogadores da divisão de base, improvisava muito no time e não punia atletas que reclamavam da reserva -alegava poupar o patrimônio do clube.
A diretoria já deixara claro que não toleraria mais reclamações dos atletas. "Era uma anomalia", afirmou o vice de futebol do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, Leco.
Sobre os protestos dos jogadores, Ricardo Gomes foi claro: "Não existe espaço para esse tipo de comportamento. Às vezes, um jogador pode sair de cabeça quente e reclamar, mas tem que pedir desculpas".
Outra orientação da diretoria é aproveitar mais jogadores da base. Muricy resistia a escalar alguns deles, como Oscar, por não considerá-los prontos.
"Houve uma recomendação para usar mais atletas da base, mas é preciso tempo", comentou Leco. "Faz parte da história do São Paulo [usar a base]. Já saíram grandes jogadores daqui. Notei vários bons jogadores [no atual elenco] que serão observados", explicou Ricardo Gomes, que vai testar os atletas, mas não irá queimá-los.
As improvisações no time também devem ser reduzidas. "Nunca é bom", admitiu. "Mas, se um da posição ou da base não for bem, posso improvisar."
Ontem, Ricardo Gomes respondeu a todas as perguntas sem confrontar jornalistas. Esse estilo, que agrada à diretoria, é contrário ao de Muricy, que costumava ficar irritado com bastante frequência.
Sob o ponto de vista financeiro, o novo técnico também se encaixa melhor no perfil do clube. A diretoria informa que seu salário está em um patamar similar ao de Muricy quando este chegou ao clube, em 2006.
Em duas renovações, o São Paulo deu aumentos e prêmios a Muricy, que já ganhava em torno de R$ 300 mil.


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