|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÃO
Dream Tour
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
A temporada vem sendo
considerada de sonho pela
maioria dos atletas da elite mundial do surfe, mas é o pesadelo para os brasileiros. Nada menos que
cinco dos dez surfistas do país que
disputam o WCT, a principal divisão do circuito mundial, dividem a penúltima colocação no
ranking.
Nesta época do ano, quando o
Tour chega à sua metade, era comum fazer análises otimistas a
partir da expectativa do bom desempenho brasileiro na perna européia e na etapa nacional, que
vêm a seguir. Nem sempre essa esperança se confirmava, mas ela
ao menos existia.
Neste ano está difícil. Com a
quinta etapa ainda em andamento em Jeffreys Bay, na África
do Sul, nossa situação, após seu
encerramento previsto para sábado, será ainda pior.
Com os irmãos Teco e Neco Padaratz ausentes nas duas últimas
provas por motivo de saúde, dos
oito que competiram na primeira
fase nas perfeitas direitas de J-Bay, nenhum passou a bateria,
alguns somando humilhantes
cinco pontos em 20 possíveis.
Peterson Rosa e Fábio Gouveia
se recuperaram na repescagem, e
ontem, após seis dias de interrupção aguardando melhores ondas,
a terceira fase do Billabong Pro
foi disputada apenas com Fabinho seguindo na prova. Com ao
menos o nono lugar garantido e
na 35ª colocação no ranking, ele
será o único brasileiro a ganhar
posições na etapa, enquanto Peterson, hoje em 12º, seguirá como
o melhor brasileiro no Mundial.
Desde que foi alterado para o
padrão de duas divisões (WCT e
WQS, a divisão de acesso), o número de brasileiros entre os melhores do mundo tem crescido,
mas os resultados pioraram.
Em 92, primeiro ano de WCT,
Fabio e Teco representavam o
país e ficaram entre os chamados
Top 16, a elite da elite. Dois anos
mais tarde, já somávamos nove
atletas, sendo que quatro pontuaram entre os 16. Na atual temporada, apesar de o "time" contar
com dez atletas, apenas Peterson
desfruta dessa condição.
Analisar somente a fase africana do Tour ajuda a entender o
desempenho dos brasileiros. Há
duas semanas, ao vencer em Durban uma das mais importantes
etapas do WQS do ano, o brasileiro Beto Fernandez declarou que
as ondas o ajudaram, pois estavam muito parecidas com as da
sua casa, a Praia Grande (SP).
Temos garantido nossa representatividade no WCT a partir
dos bons resultados, excelentes na
verdade, conquistados nas provas
do ranking de acesso, disputadas
em ondas de pior qualidade, geralmente em "beach breaks",
praias com fundo de areia.
Neste ano, o Tour vem sendo
chamado de "sonho" porque,
além do aumento de premiação
(US$ 3 milhões) e do calendário
equilibrado, as provas estão
acontecendo nas melhores ondas
do mundo. E aí, a não ser por alguns relâmpagos de brilhantismo
individual, temos ficado aquém
das expectativas.
Conquistamos, com todos os
méritos, a condição de terceira
potência mundial no esporte.
Mas falta aos profissionais brasileiros maior afinidade com as ondas perfeitas. Enquanto atletas e
patrocinadores não investirem
em mais treinamento nessas condições, especialmente da molecada que vem chegando, teremos
que nos conformar com o terceiro,
e, como sabemos, no Brasil vice já
bem é ruim.
Tudo lenda?
Corajosa a matéria que foi publicada na última edição da revista
"Época". A reportagem torna pública a dúvida sobre os feitos do
alpinista brasileiro Waldemar Niclevicz, há anos restrita à comunidade do esporte no país.
Na floresta
A segunda etapa do Circuito Brasileiro de skate será realizada nos
dias 24 e 25 de agosto, em Manaus (AM). As provas acontecerão
durante a rave Ecosystem. Às margens do rio Negro, a pista será
produzida com madeira catalogada da região.
Praga
Só deu brasileiro na etapa do Mundial de skate, disputada na República Tcheca. Sandro Diaz foi o campeão no vertical, Nilton Neves, o Urina, venceu no street, e, para completar, Fabrizio Santos
fez a melhor manobra.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
Texto Anterior: Tênis: Guga ganha "moleza" pela 2ª vez seguida Próximo Texto: Futebol: Federações reagem e dão ultimato à CBF Índice
|