São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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AÇÃO

Dream Tour

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

A temporada vem sendo considerada de sonho pela maioria dos atletas da elite mundial do surfe, mas é o pesadelo para os brasileiros. Nada menos que cinco dos dez surfistas do país que disputam o WCT, a principal divisão do circuito mundial, dividem a penúltima colocação no ranking.
Nesta época do ano, quando o Tour chega à sua metade, era comum fazer análises otimistas a partir da expectativa do bom desempenho brasileiro na perna européia e na etapa nacional, que vêm a seguir. Nem sempre essa esperança se confirmava, mas ela ao menos existia.
Neste ano está difícil. Com a quinta etapa ainda em andamento em Jeffreys Bay, na África do Sul, nossa situação, após seu encerramento previsto para sábado, será ainda pior.
Com os irmãos Teco e Neco Padaratz ausentes nas duas últimas provas por motivo de saúde, dos oito que competiram na primeira fase nas perfeitas direitas de J-Bay, nenhum passou a bateria, alguns somando humilhantes cinco pontos em 20 possíveis.
Peterson Rosa e Fábio Gouveia se recuperaram na repescagem, e ontem, após seis dias de interrupção aguardando melhores ondas, a terceira fase do Billabong Pro foi disputada apenas com Fabinho seguindo na prova. Com ao menos o nono lugar garantido e na 35ª colocação no ranking, ele será o único brasileiro a ganhar posições na etapa, enquanto Peterson, hoje em 12º, seguirá como o melhor brasileiro no Mundial.
Desde que foi alterado para o padrão de duas divisões (WCT e WQS, a divisão de acesso), o número de brasileiros entre os melhores do mundo tem crescido, mas os resultados pioraram.
Em 92, primeiro ano de WCT, Fabio e Teco representavam o país e ficaram entre os chamados Top 16, a elite da elite. Dois anos mais tarde, já somávamos nove atletas, sendo que quatro pontuaram entre os 16. Na atual temporada, apesar de o "time" contar com dez atletas, apenas Peterson desfruta dessa condição.
Analisar somente a fase africana do Tour ajuda a entender o desempenho dos brasileiros. Há duas semanas, ao vencer em Durban uma das mais importantes etapas do WQS do ano, o brasileiro Beto Fernandez declarou que as ondas o ajudaram, pois estavam muito parecidas com as da sua casa, a Praia Grande (SP).
Temos garantido nossa representatividade no WCT a partir dos bons resultados, excelentes na verdade, conquistados nas provas do ranking de acesso, disputadas em ondas de pior qualidade, geralmente em "beach breaks", praias com fundo de areia.
Neste ano, o Tour vem sendo chamado de "sonho" porque, além do aumento de premiação (US$ 3 milhões) e do calendário equilibrado, as provas estão acontecendo nas melhores ondas do mundo. E aí, a não ser por alguns relâmpagos de brilhantismo individual, temos ficado aquém das expectativas.
Conquistamos, com todos os méritos, a condição de terceira potência mundial no esporte. Mas falta aos profissionais brasileiros maior afinidade com as ondas perfeitas. Enquanto atletas e patrocinadores não investirem em mais treinamento nessas condições, especialmente da molecada que vem chegando, teremos que nos conformar com o terceiro, e, como sabemos, no Brasil vice já bem é ruim.

Tudo lenda?
Corajosa a matéria que foi publicada na última edição da revista "Época". A reportagem torna pública a dúvida sobre os feitos do alpinista brasileiro Waldemar Niclevicz, há anos restrita à comunidade do esporte no país.

Na floresta
A segunda etapa do Circuito Brasileiro de skate será realizada nos dias 24 e 25 de agosto, em Manaus (AM). As provas acontecerão durante a rave Ecosystem. Às margens do rio Negro, a pista será produzida com madeira catalogada da região.

Praga
Só deu brasileiro na etapa do Mundial de skate, disputada na República Tcheca. Sandro Diaz foi o campeão no vertical, Nilton Neves, o Urina, venceu no street, e, para completar, Fabrizio Santos fez a melhor manobra.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



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