São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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FUTEBOL

Dirigentes recusam Brasileiro com oito meses e fixam setembro como prazo para Ricardo Teixeira desistir da idéia

Federações reagem e dão ultimato à CBF

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A comissão especial das federações, formada para a reestruturação do futebol brasileiro, decidiu ontem contra-atacar o calendário proposto pela TV Globo e pelo Ministério do Esporte para 2003, segundo o qual o Campeonato Brasileiro terá oito meses.
Reunidos no Rio, os dirigentes ameaçaram pedir até uma intervenção na CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Os presidentes das federações deram um prazo até setembro para o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, desistir de fazer um Campeonato Brasileiro em oito meses. Caso contrário, eles ameaçam usar a medida provisória editada pelo governo para pedir uma intervenção na CBF.
""Estamos ficando acuados. Vamos aguardar até setembro, caso contrário entraremos em conflito", afirmou o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Carlos Alberto de Oliveira, que também preside a comissão especial dos dirigentes.
A CBF já se mostrou favorável ao calendário encampado pelo Ministério do Esporte e pela TV Globo para o ano que vem. Pela proposta da emissora, o Campeonato Brasileiro terá oito meses, e os Estaduais serão disputados em menos de três meses.
""Eles querem acabar com o futebol dos outros Estados. Não vamos deixar isso acontecer. Somos contra a elitização do esporte", afirmou Oliveira.
Na reunião de ontem, o dirigente pernambucano mostrou um calendário diferente do da TV Globo. Pela sua proposta, os torneios estaduais seriam disputados no primeiro semestre. Já o Campeonato Brasileiro ocorreria de agosto a dezembro de 2003.
"A CBF não pode descumprir uma decisão de sua Assembléia Geral. Somente a assembléia pode decidir sobre o calendário. Caso isso não seja feito, vamos pedir a intervenção na administração de Teixeira, já que a MP nos permite", disse Oliveira, que é o único candidato confesso à presidência da CBF no ano que vem.
O próprio estatuto da CBF permite às federações pedirem a abertura de um processo de impeachment de Ricardo Teixeira.
O presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, participou da reunião e também criticou Teixeira.
""A CBF está sem comando. Isso não precisava nem dizer. A maior prova disso foi que eu entrei no prédio e nenhuma pessoa veio falar comigo", afirmou o dirigente, ao deixar a sede da confederação, no centro do Rio de Janeiro.
""Depois do seu mandato, Ricardo Teixeira tem que deixar a entidade. As federações têm sempre que ser ouvidas. Isso não está acontecendo", acrescentou o presidente da Federação Paulista.
Apesar da ameaça feita pelo presidente da Federação Pernambucana de Futebol, os dirigentes da CBF preferiram não se manifestar sobre o assunto.
""Não posso dar nenhuma declaração sobre o que não ouvi. Eu não me reuni com eles, por isso não posso falar nada", afirmou o presidente interino da CBF, José Sebastião Bastos.
Ricardo Teixeira deve retomar o cargo que ocupa desde 1989 no início do próximo mês. Após a Copa do Mundo, o dirigente, segundo amigos dele, descansa em Miami (EUA), onde possui uma casa em Boca Raton.



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