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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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BOXE

Os amigos de Tyson

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Há algum tempo, as (então) jovens promessas que idolatravam Mike Tyson e andavam em companhia do ex-campeão mundial foram alertadas de que ele era um péssimo modelo.
Entre elas estavam o ex-campeão dos médios-ligeiros Fernando Vargas e o campeão dos meio-médios-ligeiros da Organização Mundial de Boxe, Zab Judah.
Este último, aliás, conquistou o cinturão há algumas semanas em uma luta morníssima (mas que por outro lado não exigiu nada dele) depois de ter prometido "destruir" o campeão DeMarcus "Chop Chop" Corley, com quem quase brigou de graça. Na rua.
Todos viram o que aconteceu com Judah. Primeiro, enfrentou um processo por se recusar a pagar pensão alimentícia para um de seus filhos. A mãe da criança também denunciou que, ao pedir ajuda a Judah, este prometeu que ajudaria, mas encaminhou só uma caixa com roupas velhas.
Também quando perdeu a unificação dos três principais cinturões (Conselho Mundial de Boxe, Associação Mundial de Boxe e Federação Internacional de Boxe) para Kostya Tszyu, Judah fez o banquinho do intervalo entre os assaltos voar sobre o ringue.
Além disso, ameaçou fisicamente o árbitro Jay Nady por ter parado, com razão, o combate. Nady, um ex-boxeador amador que chegou a treinar com Sonny Liston, parou a luta após as pernas de Judah terem produzido involuntariamente uma dança louca sobre o ringue depois de este ter se recuperado de queda.
Vargas procurou proteger o amigo e ídolo Tyson dessa acusação. "As pessoas dizem que ele vai me trazer problemas. Mas, se eu for mesmo me meter em problemas, eu o farei por mim mesmo", afirmou ele, no ano retrasado.
A exemplo de Judah, Vargas também mostrou ter seguido bem os passos de seu mentor, criando muita confusão: não mede as palavras, amargou período atrás das grades por causa de agressão e foi suspenso por ter sido flagrado no antidoping após ser nocauteado no ano passado por Oscar de la Hoya. Por falar nele, alguém imagina uma melhor antítese de Vargas do que o "Golden Boy" De la Hoya, que busca obsessivamente ser politicamente correto (porém nem sempre o consegue)?
Curiosamente, a primeira luta de "Ferocious" Vargas após a derrota para De la Hoya, contra Fitz Vanderpool, amanhã à noite (a HBO 2 anuncia a transmissão da programação ao vivo para o Brasil a partir das 23h), é, "coincidentemente", o primeiro passo na direção de uma revanche com ele.
É que o obscuro canadense Vanderpool (24 vitórias, 4 derrotas e 4 empates), 36, é o primeiro do ranking do CMB. Caso Vargas, que não luta há dez meses, o derrote, este, ao menos teoricamente, o substituiria na posição de desafiante oficial. Trata-se, assim, de uma eliminatória não-oficial.
"Ele [De la Hoya] me prometeu uma revanche e agora não sabe se quer me enfrentar de novo. [A luta com Vanderpool] é o caminho mais certo para voltar a enfrentá-lo", disse Vargas, 25, (22 vitórias, 20 nocautes, e 2 derrotas), que, assim como seu arqui-rival, também parece nutrir uma obsessão.

Brasileiro
De novo Eder Jofre foi lembrado pela publicação especializada "The Ring". Desta vez foi em uma edição especial que reuniu os cem maiores pegadores da história. O cartel do ex-campeão dos galos e penas (72 vitórias, 50 nocautes, 2 derrotas e 4 empates) o fez merecer a 85ª colocação no ranking. O gancho de esquerda foi apontado como seu melhor golpe e um dos melhores de sua era, embora o texto saliente que Jofre "era a imagem de um cara que tinha nocaute nos dois punhos". Na análise estatística, a revista lembrou que, entre junho de 1960 e novembro de 1964, Jofre registrou 17 nocautes consecutivos, em lutas que tinham duração média de sete assaltos: "Curiosamente, cinco desses nocautes foram no décimo assalto". O título de maior pegador da história, segundo a "The Ring", ficou com o ex-campeão dos pesados Joe Louis (68 vitórias, 54 nocautes, e 3 derrotas).

E-mail eohata@folhasp.com.br


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