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BOXE
Os amigos de Tyson
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há algum tempo, as (então)
jovens promessas que idolatravam Mike Tyson e andavam
em companhia do ex-campeão
mundial foram alertadas de que
ele era um péssimo modelo.
Entre elas estavam o ex-campeão dos médios-ligeiros Fernando Vargas e o campeão dos meio-médios-ligeiros da Organização
Mundial de Boxe, Zab Judah.
Este último, aliás, conquistou o
cinturão há algumas semanas em
uma luta morníssima (mas que
por outro lado não exigiu nada
dele) depois de ter prometido
"destruir" o campeão DeMarcus
"Chop Chop" Corley, com quem
quase brigou de graça. Na rua.
Todos viram o que aconteceu
com Judah. Primeiro, enfrentou
um processo por se recusar a pagar pensão alimentícia para um
de seus filhos. A mãe da criança
também denunciou que, ao pedir
ajuda a Judah, este prometeu que
ajudaria, mas encaminhou só
uma caixa com roupas velhas.
Também quando perdeu a unificação dos três principais cinturões (Conselho Mundial de Boxe,
Associação Mundial de Boxe e
Federação Internacional de Boxe) para Kostya Tszyu, Judah fez
o banquinho do intervalo entre os
assaltos voar sobre o ringue.
Além disso, ameaçou fisicamente o árbitro Jay Nady por ter
parado, com razão, o combate.
Nady, um ex-boxeador amador
que chegou a treinar com Sonny
Liston, parou a luta após as pernas de Judah terem produzido involuntariamente uma dança louca sobre o ringue depois de este ter
se recuperado de queda.
Vargas procurou proteger o
amigo e ídolo Tyson dessa acusação. "As pessoas dizem que ele vai
me trazer problemas. Mas, se eu
for mesmo me meter em problemas, eu o farei por mim mesmo",
afirmou ele, no ano retrasado.
A exemplo de Judah, Vargas
também mostrou ter seguido bem
os passos de seu mentor, criando
muita confusão: não mede as palavras, amargou período atrás
das grades por causa de agressão
e foi suspenso por ter sido flagrado no antidoping após ser nocauteado no ano passado por Oscar
de la Hoya. Por falar nele, alguém
imagina uma melhor antítese de
Vargas do que o "Golden Boy" De
la Hoya, que busca obsessivamente ser politicamente correto (porém nem sempre o consegue)?
Curiosamente, a primeira luta
de "Ferocious" Vargas após a derrota para De la Hoya, contra Fitz
Vanderpool, amanhã à noite (a
HBO 2 anuncia a transmissão da
programação ao vivo para o Brasil a partir das 23h), é, "coincidentemente", o primeiro passo na direção de uma revanche com ele.
É que o obscuro canadense
Vanderpool (24 vitórias, 4 derrotas e 4 empates), 36, é o primeiro
do ranking do CMB. Caso Vargas,
que não luta há dez meses, o derrote, este, ao menos teoricamente,
o substituiria na posição de desafiante oficial. Trata-se, assim, de
uma eliminatória não-oficial.
"Ele [De la Hoya] me prometeu
uma revanche e agora não sabe se
quer me enfrentar de novo. [A luta com Vanderpool] é o caminho
mais certo para voltar a enfrentá-lo", disse Vargas, 25, (22 vitórias,
20 nocautes, e 2 derrotas), que, assim como seu arqui-rival, também parece nutrir uma obsessão.
Brasileiro
De novo Eder Jofre foi lembrado pela publicação especializada "The
Ring". Desta vez foi em uma edição especial que reuniu os cem maiores pegadores da história. O cartel do ex-campeão dos galos e penas
(72 vitórias, 50 nocautes, 2 derrotas e 4 empates) o fez merecer a 85ª
colocação no ranking. O gancho de esquerda foi apontado como seu
melhor golpe e um dos melhores de sua era, embora o texto saliente
que Jofre "era a imagem de um cara que tinha nocaute nos dois punhos". Na análise estatística, a revista lembrou que, entre junho de
1960 e novembro de 1964, Jofre registrou 17 nocautes consecutivos,
em lutas que tinham duração média de sete assaltos: "Curiosamente,
cinco desses nocautes foram no décimo assalto". O título de maior
pegador da história, segundo a "The Ring", ficou com o ex-campeão
dos pesados Joe Louis (68 vitórias, 54 nocautes, e 3 derrotas).
E-mail eohata@folhasp.com.br
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