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TOSTÃO
A seleção é do Brasil
Mais importante que o novo técnico seria discutir o jeito
de jogar do futebol brasileiro
UM ANO ANTES da Copa do Mundo de 2010, quando a maioria babava pelos resultados da seleção
brasileira, Franz Beckenbauer falou que não gostava de ver o Brasil jogar. Ele não disse que o time era
fraco, e sim que jogava como as outras seleções.
Dunga e os pragmáticos ficaram raivosos.
Após a vitória na Copa sobre o Chile por 3 a 0,
quando o Brasil era bastante elogiado, Cruyff falou
que não pagaria para ver o time brasileiro jogar. Ele
não afirmou que a seleção era ruim. Apenas quis
dizer que a seleção não representava a tradição
do futebol brasileiro. Dunga e os operatórios ficaram raivosos.
Há anos, alguns pouquíssimos cronistas criticam
a supervalorização dos técnicos, o futebol de resultados e a falta de compromisso dos "professores"
com a beleza e com a qualidade do jogo. Os técnicos
e os utilitaristas contestam e ainda afirmam que
as críticas são opiniões saudosistas, românticas
e utópicas.
Com o eficiente Mano Menezes, a filosofia da seleção continuará a mesma. Graças à tecnologia, às
informações imediatas e às relações virtuais, todos
os treinadores brasileiros pensam e fazem a mesma coisa,
dentro de um padrão estabelecido como correto. Pequenas mudanças táticas, nos discursos e
na maneira de treinar as equipes são variações sobre o mesmo tema, de que só interessa o
resultado. E ponto final.
Tudo com a aprovação da maioria, dos que não
entendem de futebol e dos que entendem, mas que
só analisam a partir dos resultados e das condutas
dos treinadores.
O negócio futebol colabora para essa mesmice e
para a transformação dos treinadores em estrelas
e em garotos-propaganda.
Cada dia mais os técnicos ocupam os lugares
dos jogadores, nas entrevistas coletivas, diante dos
painéis dos patrocinadores.
Muito mais importante que o novo treinador da
seleção nacional seria discutir a maneira de jogar
do futebol brasileiro e tentar formar grandes armadores, como Xavi. Não confunda esse tipo de jogador com nossos meias ofensivos.
A solução não é a volta ao passado.
Há muitas coisas boas e ruins, no passado e no
presente. O passado não pode substituir o presente, mas o presente precisa do passado. Todo encontro é um reencontro.
A CBF, uma entidade falida, não de dinheiro,
mas de ideais esportivos, reina soberana, gigolando o time e os craques brasileiros, como se a seleção brasileira fosse dela.
A seleção é do Brasil.
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