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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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FUTEBOL

O Cruzeiro na encruzilhada

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O declínio do Cruzeiro nas últimas rodadas, culminando agora com a perda da liderança para o Santos, está dando margem a todo tipo de elucubração.
Para os mais afoitos, o fato demonstraria que o clube mineiro "não estava com essa bola toda", tendo sido inflado pela mídia. Para outros, o Cruzeiro teria "virado o fio", ou seja, atingido seu ponto ótimo antes da hora.
Mas há uma hipótese mais prosaica e provavelmente mais correta. O time de Luxemburgo, mesmo sendo de fato o melhor do Brasil nesta temporada, passa por uma fase de baixa, ocasionada por vários fatores: uma instabilidade natural pela troca de alguns jogadores, cansaço, relaxamento.
Por último, uma razão que não costuma ser levada em conta nas análises: as outras equipes aprenderam a conhecer o Cruzeiro e a neutralizar suas melhores virtudes. Quando analisamos uma equipe, geralmente esquecemos os méritos das outras.
Para repetir o clichê da hora, "não tem mais ninguém bobo no futebol". O Goiás, time-sensação do segundo turno após ter carregado a lanterna durante boa parte do primeiro, é prova viva disso.
As próximas rodadas serão decisivas para sabermos se o problema do Cruzeiro é circunstancial ou mais profundo.
Estou convencido de que o futebol majestoso apresentado pelo time azul no primeiro semestre não foi uma miragem. A magia pode não se repetir nunca mais, mas a meu ver o Cruzeiro só deixará de ser um esquadrão se promover um grande desmanche.
No mais, vai ganhar e perder confrontos, como é natural, embora algumas pessoas esqueçam isso de quando em quando.
Em vez de tripudiar sobre o mau momento do Cruzeiro, prefiro exaltar o Santos, outro time acusado, semanas atrás, de "não ser mais aquele". (Tem gente que está sempre ávida por destruir algum "mito".)
A equipe de Leão sofreu turbulências maiores do que as atravessadas pelos mineiros, sobreviveu aos desfalques, críticas e dúvidas, e agora volta ao topo com todos os méritos.
É bonito ver três grandes times (Santos, Cruzeiro e São Paulo) lutando palmo a palmo pela liderança. Tomara que essa briga continue até a última rodada, de preferência acirrada pela presença de outros concorrentes.
 

Vasco 3 x 2 São Paulo foi uma bela pelada. Bela porque teve cinco gols, inúmeros lances de emoção, jogadas de efeito, disputa acirrada. Pelada porque faltou organização de ambos os lados.
O Vasco, sem Marcelinho e com Edmundo, tende a ser uma equipe que aposta nos toques curtos e tabelas pelo meio -caminho que ontem o levou aos três gols-, em vez dos lançamentos longos e das jogadas pelos flancos.
O São Paulo, sem Kaká e Ricardinho, vai que vai de qualquer jeito para a frente, apostando quase tudo em Luís Fabiano. Ontem ele jogou muito, mas não teve em Rico um companheiro à altura.

Ajuda ao Brasileiro
Em princípio, e por princípio, sou contra os inchaços de torneios, pois geralmente resultam na queda do seu nível técnico. Mas o inchaço da Libertadores tem um salutar efeito indireto. Ao habilitar mais um clube para o torneio intercontinental, o Brasileirão de pontos corridos ganha um pouco mais de interesse e emoção.

Te cuida, Paysandu
O Paysandu, acusado de uma suposta contratação irregular de jogadores, que se cuide. Sempre que há clubes grandes e tradicionais correndo o risco de rebaixamento, buscam-se razões extracampo para mandar para baixo em seu lugar alguma equipe menos poderosa. Conhecendo a Justiça Desportiva como conhecemos, há motivo para ficar de olhos bem abertos.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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