|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alonso faz time romper jejum
DO ENVIADO A BUDAPESTE
José Luis Díaz deu um olé no
protocolo ontem. Correu pelo pit
lane, abriu caminho na multidão,
rompeu a barreira de seguranças
e deu um forte abraço em Nano.
Nano, afinal, é seu filho e sempre foi chamado assim em casa.
Nano, afinal, havia acabado de
vencer pela primeira vez na F-1.
"Esse garoto é demais. Aprendi,
com o tempo, a não contrariá-lo.
Disse que ia vencer uma corrida
neste ano e conseguiu", dizia o pai
de Fernando Alonso, eufórico.
Instantes depois, emocionado,
ouviu a primeira execução da
"Marcha Real" em um circuito de
F-1. Nunca um piloto da Espanha
havia vencido na categoria.
O passo seguinte foi acompanhar a entrevista coletiva dos três
primeiros colocados. E então viu
Nano falar de sua certeza.
"Eu precisava de qualquer maneira ganhar uma corrida neste
ano. Sempre fui o mais novo a
vencer em todas as categorias por
que passei", disse Alonso, 22, carregando com a vitória em Hungaroring uma série de marcas.
Além de ser o piloto mais jovem
e o primeiro espanhol a vencer
uma corrida, Alonso encerrou
um jejum de 20 anos da Renault.
A última vitória da equipe francesa havia sido na era turbo, em
agosto de 1983, com Alain Prost,
ainda na antiga pista de Zeltweg.
Alonso foi o primeiro "estrangeiro" a vencer com o time. Até
ontem, todas as vitórias da montadora eram de franceses: Prost
(nove), René Arnoux (quatro) e
Jean-Pierre Jabouille (duas).
Como fornecedora de motor, a
Renault não vencia desde setembro de 1997 - na ocasião, com
Jacques Villeneuve e a Williams.
A histórica e tranquila vitória de
ontem pode ser explicada pelo excelente desempenho do modelo
da Renault no circuito húngaro e
também pela ajuda involuntária
de Mark Webber, da Jaguar.
Largando na frente pela segunda vez -na Malásia já tinha se
tornado o mais jovem pole da F-1- , Alonso sabia que teria que
fazer o primeiro pit stop antes da
concorrência. Ou seja: em 13 voltas teria que abrir grande vantagem, para poder parar nos boxes e
voltar em posição intermediária.
Essa missão foi facilitada por
Webber, terceiro no grid, que pulou para segundo na largada. Em
um circuito onde é difícil ultrapassar, ele segurou atrás de si carros velozes como a Ferrari de Barrichello e a McLaren Raikkonen.
Alonso aproveitou para escapulir. "Lá pela oitava volta, eu perguntei pelo rádio onde é que estava todo mundo. A equipe me disse: "15 segundos atrás'", contou.
Quando entrou nos boxes,
Alonso já tinha 21 segundos sobre
Webber, o suficiente para fazer o
pit e retornar à pista em segundo,
atrás de Raikkonen -Webber
também parou na 13ª volta. "O final foi angustiante. Ouvia barulhos no motor, na caixa de câmbio, na minha cabeça", disse.
Em Budapeste, a sensação foi a
de quem já viu esse filme. Há exatos 12 anos. Em 24 de agosto de
1991, um certo Michael Schumacher causou furor ao se classificar
em sétimo para sua primeira corrida na F-1.
(FSX)
Texto Anterior: F-1: Schumacher vive um dia de retardatário Próximo Texto: Perfil: Kart que o pai fez para a irmã abriu sonho aos 3 anos Índice
|