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POLIFONIA
O dia em que a Terra tremeu na Olimpíada
MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Eram 15h38 em Atenas
(9h38 em Brasília). A saltadora Juliana Veloso fazia a
unha e, de repente, sentiu o
prédio tremer na Vila Olímpica. "Juro que senti. Mas não
sabia o que era." Foi um terremoto, de 4,5 pontos de magnitude, que atingiu a cidade.
Não houve danos materiais
nem feridos. Para as autoridades gregas, não passou de um
tremor leve. A quantidade de
energia liberada por um abalo
sísmico, ou sua magnitude, é
medida pela amplitude das
ondas emitidas, seguindo uma
escala que vai de 0 a 9 pontos.
Os grandes terremotos são
aqueles que atingem índice
igual ou superior a 6.
O abalo ontem aconteceu a
67 km de distância da capital
grega, mas foi sentido em ilhas
vizinhas. E fez tremer prédios,
ginásios e estádios no complexo olímpico. "Até pensei: imagina se o prédio é vagabundo e
cai. Fizeram tão rápido isso
aqui", disse Veloso.
O jogador de vôlei Giovane
disse ter sentido o tremor, mas
que não houve motivo para se
assustar. "Foi tão fraquinho."
Segundo o Instituto de Geodinâmica de Atenas, não havia razão para pânico. "Esta é
uma área muito ativa, e normalmente temos pequenos
abalos", explica o sismólogo
Giorgos Stavrakakis.
"Só se em alguns lugares tremeu, e em outros, não. Eu não
fiquei sabendo de nada", disse
a maratonista Márcia Narloch. Juraci Moreira Junior, do
triatlo, estava almoçando no
momento do abalo de ontem e
também disse que não percebeu nenhuma alteração. "Só
espero que, se acontecer de novo, os prédios agüentem."
A cidade grega tem uma das
atividades sismológicas mais
ativas na Europa. A Vila
Olímpica e o ginásio Ano Liossia (palco das disputas do judô
e da luta), por exemplo, foram
construídos sobre uma falha
geológica.
Mas o Athoc (Comitê Organizador dos Jogos) afirmou
que todas as construções olímpicas são dotadas de estrutura
capaz de suportar grandes tremores de terra.
O Comitê Olímpico Internacional, por via das dúvidas, assinou um seguro que o protege
de indenizações em caso mortes por desastres naturais.
O mais recente caso de terremoto com severas conseqüências em Atenas aconteceu em
1999, quando um tremor de
5,9 pontos de magnitude matou 143 pessoas, deixou 2.000
feridas e destruiu milhares de
moradias.
O chefe da agência grega de
defesa civil, Panagitiotis Fourlas, disse ontem que o governo
não iria divulgar nenhum comunicado oficial acerca do
tremor e nem tomará medidas
preventivas. Aos turistas e
atletas, apenas um recado:
"Não há nada a temer".
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