São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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POLIFONIA

O dia em que a Terra tremeu na Olimpíada

MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Eram 15h38 em Atenas (9h38 em Brasília). A saltadora Juliana Veloso fazia a unha e, de repente, sentiu o prédio tremer na Vila Olímpica. "Juro que senti. Mas não sabia o que era." Foi um terremoto, de 4,5 pontos de magnitude, que atingiu a cidade.
Não houve danos materiais nem feridos. Para as autoridades gregas, não passou de um tremor leve. A quantidade de energia liberada por um abalo sísmico, ou sua magnitude, é medida pela amplitude das ondas emitidas, seguindo uma escala que vai de 0 a 9 pontos. Os grandes terremotos são aqueles que atingem índice igual ou superior a 6.
O abalo ontem aconteceu a 67 km de distância da capital grega, mas foi sentido em ilhas vizinhas. E fez tremer prédios, ginásios e estádios no complexo olímpico. "Até pensei: imagina se o prédio é vagabundo e cai. Fizeram tão rápido isso aqui", disse Veloso.
O jogador de vôlei Giovane disse ter sentido o tremor, mas que não houve motivo para se assustar. "Foi tão fraquinho."
Segundo o Instituto de Geodinâmica de Atenas, não havia razão para pânico. "Esta é uma área muito ativa, e normalmente temos pequenos abalos", explica o sismólogo Giorgos Stavrakakis.
"Só se em alguns lugares tremeu, e em outros, não. Eu não fiquei sabendo de nada", disse a maratonista Márcia Narloch. Juraci Moreira Junior, do triatlo, estava almoçando no momento do abalo de ontem e também disse que não percebeu nenhuma alteração. "Só espero que, se acontecer de novo, os prédios agüentem."
A cidade grega tem uma das atividades sismológicas mais ativas na Europa. A Vila Olímpica e o ginásio Ano Liossia (palco das disputas do judô e da luta), por exemplo, foram construídos sobre uma falha geológica.
Mas o Athoc (Comitê Organizador dos Jogos) afirmou que todas as construções olímpicas são dotadas de estrutura capaz de suportar grandes tremores de terra.
O Comitê Olímpico Internacional, por via das dúvidas, assinou um seguro que o protege de indenizações em caso mortes por desastres naturais.
O mais recente caso de terremoto com severas conseqüências em Atenas aconteceu em 1999, quando um tremor de 5,9 pontos de magnitude matou 143 pessoas, deixou 2.000 feridas e destruiu milhares de moradias.
O chefe da agência grega de defesa civil, Panagitiotis Fourlas, disse ontem que o governo não iria divulgar nenhum comunicado oficial acerca do tremor e nem tomará medidas preventivas. Aos turistas e atletas, apenas um recado: "Não há nada a temer".


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