São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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VÔLEI

Brasileiras batem EUA por 3 a 2 e vão às semifinais, como nas três últimas Olimpíadas

Zé Roberto tira 1.500 kg das costas e mantém a escrita

Evandro Teixeira/COB
A oposto Mari, que disputa pela primeira vez os Jogos, corta diante de americanas na partida que garantiu o Brasil nas semifinais


DO ENVIADO A ATENAS

Gritos e lágrimas deram o tom na partida em que a seleção feminina de vôlei eliminou os EUA do torneio olímpico. O jogo, dramático até o fim, terminou com vitória brasileira, por 3 sets a 2 (25/22, 25/20, 22/25, 25/27 e 15/6), e garantiu o país, pela quarta Olimpíada consecutiva, nas semifinais.
"Retirei um peso de 1.500 kg das costas. Subimos quatro posições", afirmou, aliviado, o técnico José Roberto Guimarães.
"Conversamos no vestiário que jogaríamos três finais. Agora é preparar o emocional para a partida contra a Rússia", completou ele, referindo-se ao adversário da semifinal, que ontem bateu a Coréia do Sul por 3 sets a 0.
Aparentemente, o duelo de ontem seria fácil. Invicto em cinco jogos, o Brasil entrou em quadra para pegar um time que teve dificuldade para se classificar. Os EUA fizeram campanha irregular na primeira fase (2 vitórias e 3 derrotas) e só superaram a Alemanha no critério de desempate.
Nos dois primeiros sets, parecia que a lógica da fase de classificação seria mantida. O bloqueio funcionava, e a levantadora Fernanda Venturini acionava bem a oposto Mari e a ponta Érika, que garantiam os pontos do Brasil.
O controle do jogo só foi perdido pela equipe de Zé Roberto no terceiro set, quando as americanas melhoraram o bloqueio e passaram a marcar Érika. A ponta, de 1,80 m, tinha dificuldades para superar a barreira imposta por Tayyiba Haneff (2,00 m) e Keba Phipps (1,90 m), e os EUA fecharam os dois sets seguintes.
"Nosso time não se comportou nos contra-ataques como deveria. Não poderíamos jogar tão franco contra uma equipe que tem um bloqueio tão bom como os EUA", analisou Zé Roberto.
Após ter chegado ao tie-break de um jogo praticamente perdido, o momento era amplamente favorável às comandadas pelo técnico Toshiaki Yoshida.
Mas não foi isso o que ocorreu. Com um saque muito forte, as brasileiras dificultaram ao máximo o passe norte-americano.
A seleção conseguiu abrir uma vantagem de 7 a 0, que dificilmente seria recuperada pelos EUA. A partir daí, as brasileiras só se aproveitaram dos erros das adversárias e garantiram pontos em contra-ataques.
"Na hora de decidir set, nosso time entrou com muita personalidade. Esquecemos as derrotas no terceiro e no quarto sets e isso foi decisivo para reagirmos. O saque funcionou e defendemos muito bem", destacou a ponta Virna.
Foi a segunda vez neste ano que o Brasil eliminou os EUA de uma competição oficial. No mês passado, a equipe bateu o rival nas semifinais do Grand Prix.
"Sabíamos que não seria um jogo fácil. E elas reagiriam. Mas foi bom para nós. O time se comportou muito bem", disse Mari.
Ao final do confronto, ao menos quatro norte-americanas -Keba Phipps, Danielle Scott, Tayyiba Haneff e Heather Bown- não agüentaram o revés e saíram de quadra chorando.
"Ganhar delas não tem gostinho especial. Só festejamos o fato de irmos para a semifinal. Para elas, é muito triste ter sido eliminadas. São quatro anos de trabalho que se foram", afirmou a meio-de-rede Valeskinha.
Pelo Brasil, Walewska correu para os vestiários sem dar entrevista. A meio-de-rede estava sem voz, de tanto gritar com as companheiras durante a partida. (ADALBERTO LEISTER FILHO)

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