São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Brasil solidário

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Não sei se vou conseguir terminar a maratona das Olimpíadas.
Estou cansado de ver tanto esforço das atletas e de levantar e sentar na poltrona. Temo ficar tão exausto quanto a favorita corredora inglesa (Paula Radcliffe), que não acabou a desumana maratona, sob um fortíssimo calor, e chorou copiosamente de tristeza.
Depois do Brasil, torço para a China ganhar dos Estados Unidos. Não será dessa vez, mas na Olimpíada de Pequim, em 2008, aposto nos chineses e nas chinesas e ainda dou algumas medalhas de ouro de vantagem. Os esportes, a economia e a distribuição de renda seguem melhorando na China, um país socialista e capitalista.
O basquete feminino do Brasil levou a sério, ao pé da letra as palavras do Barão de Coubertain, que o importante é competir. O time competiu para perder da Austrália e fugir do confronto contra os Estados Unidos.
O vôlei brasileiro deve ganhar várias medalhas. Gosto bastante deste esporte, mas, como Trajano, acho o vôlei de praia sem graça. Se o vôlei de praia é um esporte olímpico, o futebol de praia e o de salão também poderiam ser, e o Brasil ganharia mais medalhas.
Robert Scheidt mostrou a importância da regularidade no esporte. Ele só ganhou uma regata, mas foi muito bem em todas. Ele foi regular e excepcional. Não basta ser somente regular. O Botafogo é o time mais regular do campeonato, pois não sai da zona de rebaixamento desde a primeira rodada.
As conquistas do Robert Scheidt não têm nada a ver com a estrutura atual do esporte brasileiro. São vitórias do esforço, do talento individual desse fenomenal velejador, da ajuda financeira e afetiva da família, do Brasil rico, e não do Brasil pobre, da maioria dos atletas brasileiros.
Se a Daiane tivesse ganhado medalha (torci bastante), seria a vitória do Brasil verdadeiro e pobre, que sobrevive no esporte individual graças a poucos fenômenos.
Nos esportes coletivos, o Brasil deve ganhar muitas medalhas nesta reta final. Além do talento, isso mostra a união e a solidariedade dos atletas. O povo brasileiro é também solidário. Porém falta essa qualidade às elites econômicas.

Contratem a Marta
No futebol feminino, o Brasil tem boas chances de ganhar a medalha de ouro. Após treinar cinco meses sob o comando do René Simões, a seleção evoluiu bastante na parte técnica e física. Pelo que já mostrou, o futebol feminino, como o masculino, é o mais habilidoso e fantasioso do mundo.
Mas não será fácil vencer os Estados Unidos. As americanas são mais fortes fisicamente, mais disciplinadas, mais técnicas e fazem melhor as coisas básicas, como disse o técnico René Simões.
Espero que algum clube contrate a Marta para reforçar o seu time e para melhorar a qualidade do Campeonato Brasileiro masculino.

Futebol masculino
Como se esperava, a Argentina venceu a Itália por 3 a 0 e é a favorita para ganhar a medalha de ouro. Sem contar com os três que têm mais de 23 anos, a maioria do time olímpico argentino é titular da seleção principal. Daí o grande favoritismo nas Olimpíadas. Isso mostra também a grande renovação feita pelo técnico Bielsa. Do time titular do Brasil, só Kaká teria idade olímpica.
No time olímpico da Itália, só o Pirlo joga na seleção principal. Mesmo assim, o técnico colocou o Pirlo, um volante lento que se destaca pelo ótimo passe na saída de bola da defesa, de meia ofensivo, totalmente fora de lugar. Seria como colocar o Gilberto Silva na posição do Kaká.
Por essa e outras condutas, os técnicos brasileiros, mesmo com muitos defeitos, são melhores do que os europeus.

Jovem e prepotente
O prepotente Paulo César Gusmão começou, pessimamente, a sua carreira.
Ele inventou no Cruzeiro ao colocar o meia ofensivo Wendell de terceiro zagueiro, saiu do Flamengo sem deixar claro o motivo e agora não acertou com o Fluminense por fazer grandes exigências, como a contratação de um gerente, de dois auxiliares e um preparador físico.
Parece até que é um técnico consagrado e que foi professor do Luxemburgo.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


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