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FUTEBOL
Brasil solidário
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Não sei se vou conseguir terminar a maratona das
Olimpíadas.
Estou cansado de ver tanto esforço das atletas e de levantar e
sentar na poltrona. Temo ficar
tão exausto quanto a favorita
corredora inglesa (Paula Radcliffe), que não acabou a desumana
maratona, sob um fortíssimo calor, e chorou copiosamente de
tristeza.
Depois do Brasil, torço para a
China ganhar dos Estados Unidos. Não será dessa vez, mas na
Olimpíada de Pequim, em 2008,
aposto nos chineses e nas chinesas
e ainda dou algumas medalhas
de ouro de vantagem. Os esportes,
a economia e a distribuição de
renda seguem melhorando na
China, um país socialista e capitalista.
O basquete feminino do Brasil
levou a sério, ao pé da letra as palavras do Barão de Coubertain,
que o importante é competir. O time competiu para perder da Austrália e fugir do confronto contra
os Estados Unidos.
O vôlei brasileiro deve ganhar
várias medalhas. Gosto bastante
deste esporte, mas, como Trajano,
acho o vôlei de praia sem graça.
Se o vôlei de praia é um esporte
olímpico, o futebol de praia e o de
salão também poderiam ser, e o
Brasil ganharia mais medalhas.
Robert Scheidt mostrou a importância da regularidade no esporte. Ele só ganhou uma regata,
mas foi muito bem em todas. Ele
foi regular e excepcional. Não
basta ser somente regular. O Botafogo é o time mais regular do
campeonato, pois não sai da zona
de rebaixamento desde a primeira rodada.
As conquistas do Robert Scheidt
não têm nada a ver com a estrutura atual do esporte brasileiro.
São vitórias do esforço, do talento
individual desse fenomenal velejador, da ajuda financeira e afetiva da família, do Brasil rico, e não
do Brasil pobre, da maioria dos
atletas brasileiros.
Se a Daiane tivesse ganhado
medalha (torci bastante), seria a
vitória do Brasil verdadeiro e pobre, que sobrevive no esporte individual graças a poucos fenômenos.
Nos esportes coletivos, o Brasil
deve ganhar muitas medalhas
nesta reta final. Além do talento,
isso mostra a união e a solidariedade dos atletas. O povo brasileiro é também solidário. Porém falta essa qualidade às elites econômicas.
Contratem a Marta
No futebol feminino, o Brasil
tem boas chances de ganhar a
medalha de ouro. Após treinar
cinco meses sob o comando do
René Simões, a seleção evoluiu
bastante na parte técnica e física.
Pelo que já mostrou, o futebol feminino, como o masculino, é o
mais habilidoso e fantasioso do
mundo.
Mas não será fácil vencer os Estados Unidos. As americanas são
mais fortes fisicamente, mais disciplinadas, mais técnicas e fazem
melhor as coisas básicas, como
disse o técnico René Simões.
Espero que algum clube contrate a Marta para reforçar o seu time e para melhorar a qualidade
do Campeonato Brasileiro masculino.
Futebol masculino
Como se esperava, a Argentina
venceu a Itália por 3 a 0 e é a favorita para ganhar a medalha de
ouro. Sem contar com os três que
têm mais de 23 anos, a maioria
do time olímpico argentino é titular da seleção principal. Daí o
grande favoritismo nas Olimpíadas. Isso mostra também a grande renovação feita pelo técnico
Bielsa. Do time titular do Brasil,
só Kaká teria idade olímpica.
No time olímpico da Itália, só o
Pirlo joga na seleção principal.
Mesmo assim, o técnico colocou o
Pirlo, um volante lento que se destaca pelo ótimo passe na saída de
bola da defesa, de meia ofensivo,
totalmente fora de lugar. Seria como colocar o Gilberto Silva na posição do Kaká.
Por essa e outras condutas, os
técnicos brasileiros, mesmo com
muitos defeitos, são melhores do
que os europeus.
Jovem e prepotente
O prepotente Paulo César Gusmão começou, pessimamente, a
sua carreira.
Ele inventou no Cruzeiro ao colocar o meia ofensivo Wendell de
terceiro zagueiro, saiu do Flamengo sem deixar claro o motivo
e agora não acertou com o Fluminense por fazer grandes exigências, como a contratação de um
gerente, de dois auxiliares e um
preparador físico.
Parece até que é um técnico
consagrado e que foi professor do
Luxemburgo.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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