São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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Drama alimenta EUA e acaba em transe

DOS ENVIADOS A PEQUIM

A bola estourou em Giba e foi para o chão. Ouro dos EUA.
Hugh McCutcheon celebrou discretamente e então "saiu de órbita". Disparou a andar, sozinho. Entrou em um corredor. Num estalo, voltou. À quadra. E a toda a festa que estava acontecendo ao seu redor.
O relato do que ocorreu ao fim da decisão de ontem é do próprio McCutcheon. Neozeolandês, 39, técnico dos EUA desde 2005. E a grande "causa" que moveu o ouro americano.
"Esta medalha é como chegar ao fim de um livro de histórias", disse Gabriel Gardner, jogador reserva dos EUA.
História que chocou a Olimpíada logo no seu início. No dia 9, um homem armado com uma faca atacou parentes de McCutcheon que passeavam na Torre do Sino, famoso ponto turístico da capital chinesa.
Todd Bachman, sogro do técnico, morreu na hora. A sogra foi internada e já se recupera nos EUA. Abalado e preocupado em apoiar a mulher, Elisabeth Bachman, ex-atleta da seleção americana de vôlei, McCutcheon não comandou a equipe nas três primeiras partidas do torneio olímpico.
Só voltou ao banco contra a China, no dia 16. Quando, mais do que técnico, já era a maior motivação dos seus atletas para buscarem o ouro que não vinha desde o bi em 1984 e 1988.
"Nada do fizéssemos aqui iria mudar o que aconteceu. Mas tínhamos que dar esse título para o Hugh", afirmou o levantador Lloy Ball, 36, veterano do time que venceu quatro das oito partidas em Pequim, incluindo a contra o Brasil, depois de estar em desvantagem no marcador.
Durante a semana, Bernardinho chegou a alertar para o perigo da vontade extra dos rivais. "Existem três coisas que te levam a vencer. Ou você é melhor que os outros, ou está mais bem preparado, ou tem uma causa", disse o brasileiro.
Extasiado após a entrega de medalhas, McCutcheon contou sobre o "transe" em que entrou no ponto final. "Foram duas semanas muito emocionantes. Quando acabou o jogo, minha cabeça saiu de órbita."
Quando "voltou", com os atletas ainda vibrando em quadra, a primeira providência do treinador foi ligar para a sogra.
"Eu liguei e falei: "Ei, somos medalha de ouro". Ela disse que assistiu pela TV e que já estava recebendo várias ligações. Antes, Barbara mandou um e-mail desejando boa sorte. Como eu já disse antes, não podemos trazer Todd de volta, não podemos evitar o que aconteceu, mas posso curtir este momento porque estou muito feliz por esta equipe."
Depois de voltar para a família, em Irvine, na Califórnia, McCutcheon terá um trabalho complicado pela frente. De reconstrução. Boa parte dos jogadores americanos, veteranos de dois ciclos olímpicos, deve deixar a seleção.
"Temos jovens chegando e outros que já estão no time e contribuíram na campanha. Há um leque de atletas que podem ser usados." (EA, FSX E ML)


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