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Drama alimenta EUA e acaba em transe
DOS ENVIADOS A PEQUIM
A bola estourou em Giba e
foi para o chão. Ouro dos EUA.
Hugh McCutcheon celebrou
discretamente e então "saiu de
órbita". Disparou a andar, sozinho. Entrou em um corredor. Num estalo, voltou. À quadra. E a toda a festa que estava
acontecendo ao seu redor.
O relato do que ocorreu ao
fim da decisão de ontem é do
próprio McCutcheon. Neozeolandês, 39, técnico dos EUA
desde 2005. E a grande "causa"
que moveu o ouro americano.
"Esta medalha é como chegar ao fim de um livro de histórias", disse Gabriel Gardner,
jogador reserva dos EUA.
História que chocou a Olimpíada logo no seu início. No dia
9, um homem armado com
uma faca atacou parentes de
McCutcheon que passeavam
na Torre do Sino, famoso ponto turístico da capital chinesa.
Todd Bachman, sogro do
técnico, morreu na hora. A sogra foi internada e já se recupera nos EUA. Abalado e preocupado em apoiar a mulher, Elisabeth Bachman, ex-atleta da
seleção americana de vôlei,
McCutcheon não comandou a
equipe nas três primeiras partidas do torneio olímpico.
Só voltou ao banco contra a
China, no dia 16. Quando, mais
do que técnico, já era a maior
motivação dos seus atletas para buscarem o ouro que não vinha desde o bi em 1984 e 1988.
"Nada do fizéssemos aqui
iria mudar o que aconteceu.
Mas tínhamos que dar esse título para o Hugh", afirmou o
levantador Lloy Ball, 36, veterano do time que venceu quatro das oito partidas em Pequim, incluindo a contra o
Brasil, depois de estar em desvantagem no marcador.
Durante a semana, Bernardinho chegou a alertar para o
perigo da vontade extra dos rivais. "Existem três coisas que
te levam a vencer. Ou você é
melhor que os outros, ou está
mais bem preparado, ou tem
uma causa", disse o brasileiro.
Extasiado após a entrega de
medalhas, McCutcheon contou sobre o "transe" em que
entrou no ponto final. "Foram
duas semanas muito emocionantes. Quando acabou o jogo,
minha cabeça saiu de órbita."
Quando "voltou", com os
atletas ainda vibrando em quadra, a primeira providência do
treinador foi ligar para a sogra.
"Eu liguei e falei: "Ei, somos
medalha de ouro". Ela disse
que assistiu pela TV e que já
estava recebendo várias ligações. Antes, Barbara mandou
um e-mail desejando boa sorte. Como eu já disse antes, não
podemos trazer Todd de volta,
não podemos evitar o que
aconteceu, mas posso curtir
este momento porque estou
muito feliz por esta equipe."
Depois de voltar para a família, em Irvine, na Califórnia,
McCutcheon terá um trabalho
complicado pela frente. De reconstrução. Boa parte dos jogadores americanos, veteranos de dois ciclos olímpicos,
deve deixar a seleção.
"Temos jovens chegando e
outros que já estão no time e
contribuíram na campanha.
Há um leque de atletas que podem ser usados."
(EA, FSX E ML)
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