São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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VÔLEI

Prata acelera processo de implantação de novatos

Na final, Murilo e Bruno entram bem e viram apostas imediatas

Gustavo anuncia que deixa a seleção, passo que deve ser seguido em breve por outros veteranos, como Anderson e Marcelinho

DOS ENVIADOS A PEQUIM

A final dos Jogos Olímpicos foi a última apresentação do meio-de-rede Gustavo com a camisa da seleção. É a única aposentadoria decretada, mas a competição em Pequim foi um marco do início da ascensão dos novatos que já ficou evidente no Ginásio Capital.
Perto do fim do segundo set, Bernardinho usou o banco de reservas como ainda não havia feito na competição chinesa.
Sacou o levantador Marcelinho, o ponta Dante e o oposto André Nascimento -estes dois últimos titulares da equipe campeã em Atenas-2004- e colocou Bruno e Murilo, esperanças da nova geração. A dupla não conseguiu concretizar a virada, mas colocou a seleção de volta à disputa do set.
Além de Gustavo, Marcelinho e o oposto reserva Anderson estão perto de deixar a equipe. O ponta e capitão Giba avisou que vai até o próximo Mundial, que será em 2010.
"Sinto tristeza porque sei que nos próximos anos não vou mais conviver com pessoas de quem aprendi a gostar", afirmou Bernardinho. "Mas existem grandes garotos que já estão mostrando que podem substituí-los. Agora precisam ser trabalhados."
Desde que assumiu a seleção, o técnico brasileiro se gabava de poder contar com "12 titulares". A partir da conquista da medalha de ouro nos Jogos de Atenas, porém, as opções deixaram de ser tão seguras.
Com a saída de veteranos como o levantador Maurício e o ponta Giovane (que integravam a geração campeã em Barcelona-1992), o treinador deu início à renovação. Para isso, implantou uma série de testes.
Neste ano, o treinador usou a Liga Mundial como laboratório. Durante boa parte da primeira fase, usou reservas e fez experiências. Teve pouco tempo para dar ritmo aos titulares e, mesmo atuando no Rio de Janeiro na fase decisiva, ficou em quarto lugar, pela primeira vez fora de um pódio em sua era.
Em Pequim, Bernardinho recorreu com parcimônia às peças do banco. Isso até a decisão. Contra os norte-americanos, usou até Dante em outra posição, mudando o jogador de ponteiro para oposto no quarto set. Murilo foi para a ponta.
"Os americanos estavam marcando muito bem o André Nascimento [no bloqueio], ele não conseguia jogar. Para a troca, o Samuel [também oposto] talvez não estivesse tão pronto assim. O Dante estava jogando assim na Grécia e deu certo. Não ganhamos, mas voltamos ao jogo. Foi uma tentativa", afirmou Bernardinho, que elogiou a atuação de Murilo, irmão mais novo de Gustavo.
O levantador Bruno, filho de Bernardinho, também mostrou personalidade ao entrar em quadra. Em todas as oportunidades, sacou bem e acelerou o jogo, usando bastante o meio-de-rede. Foi ele também quem mais chorou depois do jogo de 1 hora e 56 minutos.
"É sempre mais fácil lidar com a própria dor. A dor de um filho é pior ainda, até porque não dá para ir lá e abraçá-lo como um pai, é horrível. Mas ele já é vice-campeão olímpico aos 22 anos", disse Bernardinho.
"Certamente, vai conseguir realizar tudo melhor do que eu [como levantador, Bernardinho foi medalha de prata em Los Angeles-1984, na reserva de William]. Sinceramente, como técnico, espero que ele se torne líder dessa geração porque tem personalidade, é um bom jogador." (EDGARD ALVES, FÁBIO SEIXAS E MARIANA LAJOLO)


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