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VÔLEI
Prata acelera processo de implantação de novatos
Na final, Murilo e Bruno entram bem e viram apostas imediatas
Gustavo anuncia que deixa a seleção, passo que deve ser seguido em breve por outros veteranos, como Anderson e Marcelinho
DOS ENVIADOS A PEQUIM
A final dos Jogos Olímpicos
foi a última apresentação do
meio-de-rede Gustavo com a
camisa da seleção. É a única
aposentadoria decretada, mas a
competição em Pequim foi um
marco do início da ascensão
dos novatos que já ficou evidente no Ginásio Capital.
Perto do fim do segundo set,
Bernardinho usou o banco de
reservas como ainda não havia
feito na competição chinesa.
Sacou o levantador Marcelinho, o ponta Dante e o oposto
André Nascimento -estes dois
últimos titulares da equipe
campeã em Atenas-2004- e
colocou Bruno e Murilo, esperanças da nova geração. A dupla
não conseguiu concretizar a virada, mas colocou a seleção de
volta à disputa do set.
Além de Gustavo, Marcelinho e o oposto reserva Anderson estão perto de deixar a
equipe. O ponta e capitão Giba
avisou que vai até o próximo
Mundial, que será em 2010.
"Sinto tristeza porque sei que
nos próximos anos não vou
mais conviver com pessoas de
quem aprendi a gostar", afirmou Bernardinho. "Mas existem grandes garotos que já estão mostrando que podem
substituí-los. Agora precisam
ser trabalhados."
Desde que assumiu a seleção,
o técnico brasileiro se gabava
de poder contar com "12 titulares". A partir da conquista da
medalha de ouro nos Jogos de
Atenas, porém, as opções deixaram de ser tão seguras.
Com a saída de veteranos como o levantador Maurício e o
ponta Giovane (que integravam a geração campeã em Barcelona-1992), o treinador deu
início à renovação. Para isso,
implantou uma série de testes.
Neste ano, o treinador usou a
Liga Mundial como laboratório. Durante boa parte da primeira fase, usou reservas e fez
experiências. Teve pouco tempo para dar ritmo aos titulares
e, mesmo atuando no Rio de Janeiro na fase decisiva, ficou em
quarto lugar, pela primeira vez
fora de um pódio em sua era.
Em Pequim, Bernardinho recorreu com parcimônia às peças do banco. Isso até a decisão.
Contra os norte-americanos,
usou até Dante em outra posição, mudando o jogador de
ponteiro para oposto no quarto
set. Murilo foi para a ponta.
"Os americanos estavam
marcando muito bem o André
Nascimento [no bloqueio], ele
não conseguia jogar. Para a troca, o Samuel [também oposto]
talvez não estivesse tão pronto
assim. O Dante estava jogando
assim na Grécia e deu certo.
Não ganhamos, mas voltamos
ao jogo. Foi uma tentativa",
afirmou Bernardinho, que elogiou a atuação de Murilo, irmão
mais novo de Gustavo.
O levantador Bruno, filho de
Bernardinho, também mostrou personalidade ao entrar
em quadra. Em todas as oportunidades, sacou bem e acelerou o jogo, usando bastante o
meio-de-rede. Foi ele também
quem mais chorou depois do
jogo de 1 hora e 56 minutos.
"É sempre mais fácil lidar
com a própria dor. A dor de um
filho é pior ainda, até porque
não dá para ir lá e abraçá-lo como um pai, é horrível. Mas ele
já é vice-campeão olímpico aos
22 anos", disse Bernardinho.
"Certamente, vai conseguir
realizar tudo melhor do que eu
[como levantador, Bernardinho foi medalha de prata em
Los Angeles-1984, na reserva
de William]. Sinceramente, como técnico, espero que ele se
torne líder dessa geração porque tem personalidade, é um
bom jogador."
(EDGARD ALVES,
FÁBIO SEIXAS E MARIANA LAJOLO)
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