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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Mundo mundo vasto mundo

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

No futebol brasileiro, um bom advogado vale mais que um artilheiro. Essa é uma rima e uma péssima solução, que o autor da frase (Paulo Vinícius Coelho) condena. Os gols que não foram evitados em campo podem ser anulados com uma boa defesa no tribunal; o meia rival pode ser desarmado com um exame minucioso da sua documentação.
Regras e regulamentos precisam ser seguidos, mas as punições para o seu descumprimento precisam ser equilibradas. A impunidade é só uma das formas de injustiça; a adoção de penas desproporcionais e descabidas também é um problema grave. A combinação das duas coisas dá nisso que conhecemos: um país todo torto, em que alguns são castigados demais e outros, de menos.
Se o presidente do Paysandu -por quem eu não tenho simpatia, muito ao contrário, por motivos pertinentes a outros cadernos do jornal- ofendeu o presidente da Federação Paraense, não sei se isso justifica um afastamento de 120 dias. Não conheço o teor das ofensas, mas já fomos obrigados a ouvir barbaridades de dirigentes mal-educados que não sofreram qualquer tipo de sanção. Sem falar em delitos mais graves.
Mesmo assim, é óbvio que ele devia ter cumprido a pena e deixado de assinar pelo clube. Se não cumpriu, tem de ser punido. O que eu acho absurdo é que a punição signifique mais dois asteriscos na tabela, como bem observaram Rodrigo Bueno e Sérgio Rangel na Folha de ontem. Apagar a história recente e mudar os resultados no campo fazem sentido no mundo jurídico, mas não na ótica esportiva. A Fifa não faz questão de evitar interferências da Justiça comum no esporte, como se esse fosse um terreno intocável? Então os conceitos da própria Justiça esportiva precisam ser revistos.
Se o jogador atuou sem condições legais por causa da assinatura de um presidente teimoso, ele não tem culpa. Nem o técnico, nem os companheiros, nem a torcida. Mas todos são prejudicados com a perda de pontos. E a credibilidade do torneio vai por água abaixo -antes de festejar um resultado do seu time, você precisa esperar o veredicto do STJD.
Quando há um episódio grave de violência em campo, o time é punido com a perda de mando, mas não se cogita mexer na pontuação do jogo em questão. Por que um problema com a papelada abre essa possibilidade?
Se o presidente do clube cometeu um ato de indisciplina, que seja multado, tenha os bens apreendidos, seja proibido de frequentar os estádios como os torcedores arruaceiros. Qualquer coisa é melhor do que transformar a assinatura dele em pontos que o Corinthians, a Ponte e os demais não conseguiram no campo.
 
Tudo nos leva à pergunta: "Para que serve o BID, boletim da CBF que dá condições de jogo aos atletas?". É um documento que não prova nada, já que foi desautorizado inúmeras vezes desde o começo do ano. A CBF continua incapaz de dizer quem pode entrar em campo e quem não pode.

Mobilidade social
Palmeiras, Botafogo, Remo, Santa Cruz, Marília, Sport, Náutico... Todos têm credenciais para subir; o tropeço de qualquer um deles vai ser uma pena (confesso um pé-atrás com o Brasiliense). Bem que o revezamento podia ser maior, com quatro subindo e seis caindo todo ano (até ficarem só 20 na Série A). Seriam dois campeonatos cada vez mais fortes.

Primo (mais) pobre
A Série C merece chegar mais perto das outras duas. Muitos de seus times dão trabalho nos estaduais e na Copa do Brasil.

Consulta popular
O ministério abre espaço para você opinar sobre a lei de incentivos fiscais para o esporte no www.esporte.gov.br.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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