|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Mundo mundo vasto mundo
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
No futebol brasileiro, um
bom advogado vale mais
que um artilheiro. Essa é uma rima e uma péssima solução, que o
autor da frase (Paulo Vinícius
Coelho) condena. Os gols que não
foram evitados em campo podem
ser anulados com uma boa defesa
no tribunal; o meia rival pode ser
desarmado com um exame minucioso da sua documentação.
Regras e regulamentos precisam ser seguidos, mas as punições
para o seu descumprimento precisam ser equilibradas. A impunidade é só uma das formas de injustiça; a adoção de penas desproporcionais e descabidas também
é um problema grave. A combinação das duas coisas dá nisso
que conhecemos: um país todo
torto, em que alguns são castigados demais e outros, de menos.
Se o presidente do Paysandu
-por quem eu não tenho simpatia, muito ao contrário, por motivos pertinentes a outros cadernos
do jornal- ofendeu o presidente
da Federação Paraense, não sei se
isso justifica um afastamento de
120 dias. Não conheço o teor das
ofensas, mas já fomos obrigados a
ouvir barbaridades de dirigentes
mal-educados que não sofreram
qualquer tipo de sanção. Sem falar em delitos mais graves.
Mesmo assim, é óbvio que ele
devia ter cumprido a pena e deixado de assinar pelo clube. Se não
cumpriu, tem de ser punido. O
que eu acho absurdo é que a punição signifique mais dois asteriscos na tabela, como bem observaram Rodrigo Bueno e Sérgio Rangel na Folha de ontem. Apagar a
história recente e mudar os resultados no campo fazem sentido no
mundo jurídico, mas não na ótica
esportiva. A Fifa não faz questão
de evitar interferências da Justiça
comum no esporte, como se esse
fosse um terreno intocável? Então
os conceitos da própria Justiça esportiva precisam ser revistos.
Se o jogador atuou sem condições legais por causa da assinatura de um presidente teimoso, ele
não tem culpa. Nem o técnico,
nem os companheiros, nem a torcida. Mas todos são prejudicados
com a perda de pontos. E a credibilidade do torneio vai por água
abaixo -antes de festejar um resultado do seu time, você precisa
esperar o veredicto do STJD.
Quando há um episódio grave
de violência em campo, o time é
punido com a perda de mando,
mas não se cogita mexer na pontuação do jogo em questão. Por
que um problema com a papelada abre essa possibilidade?
Se o presidente do clube cometeu um ato de indisciplina, que
seja multado, tenha os bens
apreendidos, seja proibido de frequentar os estádios como os torcedores arruaceiros. Qualquer coisa
é melhor do que transformar a assinatura dele em pontos que o Corinthians, a Ponte e os demais
não conseguiram no campo.
Tudo nos leva à pergunta: "Para
que serve o BID, boletim da CBF
que dá condições de jogo aos atletas?". É um documento que não
prova nada, já que foi desautorizado inúmeras vezes desde o começo do ano. A CBF continua incapaz de dizer quem pode entrar
em campo e quem não pode.
Mobilidade social
Palmeiras, Botafogo, Remo,
Santa Cruz, Marília, Sport,
Náutico... Todos têm credenciais para subir; o tropeço de
qualquer um deles vai ser uma
pena (confesso um pé-atrás
com o Brasiliense). Bem que o
revezamento podia ser maior,
com quatro subindo e seis caindo todo ano (até ficarem só 20
na Série A). Seriam dois campeonatos cada vez mais fortes.
Primo (mais) pobre
A Série C merece chegar mais
perto das outras duas. Muitos
de seus times dão trabalho nos
estaduais e na Copa do Brasil.
Consulta popular
O ministério abre espaço para
você opinar sobre a lei de incentivos fiscais para o esporte
no www.esporte.gov.br.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Ação - Carlos Sarli: De parar o trânsito Próximo Texto: Futebol: Cruzeiro amplia dianteira e bate recorde Índice
|