São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Encostados nos clubes têm última chance hoje

MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje termina o prazo para a inscrição no Campeonato Brasileiro. É a última chance para um grupo de jogadores que, apesar de empregados, estão encostados por seus clubes.
O caso mais notório é do atacante Gil, 29, que conseguiu ontem se transferir para o Flamengo. O jogador estava encalhado desde o início do ano no Internacional, que lhe pagava R$ 90 mil mensais para treinar.
"É uma situação constrangedora, mas não vou brigar. Estou sendo bem pago para passar por isso", havia dito o atacante, antes de fechar com o clube carioca até o final deste ano.
Gil passou os últimos meses fazendo apenas trabalhos físicos, acompanhado do lateral- -esquerdo Chiquinho, 26, que estava na mesma situação.
"Nosso treino sempre era no horário oposto ao do resto do time. Não podemos nem usar o mesmo vestiário dos outros jogadores", contou Chiquinho, por telefone. "Como estamos recebendo em dia, temos que fazer o que o clube nos manda."
No Atlético-PR, estão encostados o lateral-direito Alberto, 34, e o atacante Rafael Moura, 26, artilheiro do time no ano, com 19 gols, e eleito o melhor jogador do Campeonato Paranaense desta temporada.
"Não quero falar porque tenho medo de me prejudicar", disse Rafael Moura, ao atender a reportagem. "Sim, estou afastado e treinando sozinho, mas quero voltar ao time. Se eu der entrevista, posso me queimar."
Rafael Moura já ultrapassou o número mínimo de seis jogos neste Brasileiro e não pode mais se transferir dentro da Série A. "Tive propostas da Série B, mas não quis aceitar."
Alberto, companheiro de Rafael Moura nos treinos, falou que a culpa pelo afastamento dos dois é do diretor de futebol Ocimar Bolicenho. "O [técnico] Antônio Lopes pediu nossa reintegração, mas ele não deixou", afirmou o lateral, que disputou um jogo neste Nacional.
Bolicenho confirmou ter afastado os atletas, mas não deu detalhes. "Foi uma decisão de diretoria. Não teve uma motivação específica", declarou.
Há vários outros, entre eles o goleiro Fernando Henrique, no Fluminense, o lateral-esquerdo Michael, no Botafogo, e o volante Francis e o lateral-esquerdo Valmir, no Palmeiras.
"É o pior tipo de punição", diz o empresário Wagner Ribeiro, "porque mancha o currículo e fica difícil arrumar clube para o jogador depois".
Para o diretor jurídico do Corinthians, Sergio Alvarenga, não há nada de errado em afastar jogadores. "Geralmente, é uma decisão técnica. Não há nada no contrato desses atletas que obrigue os times a utilizá- -los nos jogos", afirmou ele.
Na avaliação da psicóloga Kátia Rúbio, especialista em esporte, o afastamento do grupo é prejudicial ao jogador. "Quando o atleta perde a referência do grupo, isso altera drasticamente a motivação."
Hoje também é o último dia para a inscrição de jogadores que foram contratados na janela de transferência. O Corinthians ainda tenta dar condição de jogo a Edno e Defederico.


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