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Encostados nos clubes têm última chance hoje
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje termina o prazo para a
inscrição no Campeonato Brasileiro. É a última chance para
um grupo de jogadores que,
apesar de empregados, estão
encostados por seus clubes.
O caso mais notório é do atacante Gil, 29, que conseguiu
ontem se transferir para o Flamengo. O jogador estava encalhado desde o início do ano no
Internacional, que lhe pagava
R$ 90 mil mensais para treinar.
"É uma situação constrangedora, mas não vou brigar. Estou
sendo bem pago para passar
por isso", havia dito o atacante,
antes de fechar com o clube carioca até o final deste ano.
Gil passou os últimos meses
fazendo apenas trabalhos físicos, acompanhado do lateral-
-esquerdo Chiquinho, 26, que
estava na mesma situação.
"Nosso treino sempre era no
horário oposto ao do resto do
time. Não podemos nem usar o
mesmo vestiário dos outros jogadores", contou Chiquinho,
por telefone. "Como estamos
recebendo em dia, temos que
fazer o que o clube nos manda."
No Atlético-PR, estão encostados o lateral-direito Alberto,
34, e o atacante Rafael Moura,
26, artilheiro do time no ano,
com 19 gols, e eleito o melhor
jogador do Campeonato Paranaense desta temporada.
"Não quero falar porque tenho medo de me prejudicar",
disse Rafael Moura, ao atender
a reportagem. "Sim, estou afastado e treinando sozinho, mas
quero voltar ao time. Se eu der
entrevista, posso me queimar."
Rafael Moura já ultrapassou
o número mínimo de seis jogos
neste Brasileiro e não pode
mais se transferir dentro da Série A. "Tive propostas da Série
B, mas não quis aceitar."
Alberto, companheiro de Rafael Moura nos treinos, falou
que a culpa pelo afastamento
dos dois é do diretor de futebol
Ocimar Bolicenho. "O [técnico]
Antônio Lopes pediu nossa
reintegração, mas ele não deixou", afirmou o lateral, que disputou um jogo neste Nacional.
Bolicenho confirmou ter
afastado os atletas, mas não deu
detalhes. "Foi uma decisão de
diretoria. Não teve uma motivação específica", declarou.
Há vários outros, entre eles o
goleiro Fernando Henrique, no
Fluminense, o lateral-esquerdo Michael, no Botafogo, e o volante Francis e o lateral-esquerdo Valmir, no Palmeiras.
"É o pior tipo de punição",
diz o empresário Wagner Ribeiro, "porque mancha o currículo e fica difícil arrumar clube
para o jogador depois".
Para o diretor jurídico do Corinthians, Sergio Alvarenga,
não há nada de errado em afastar jogadores. "Geralmente, é
uma decisão técnica. Não há
nada no contrato desses atletas
que obrigue os times a utilizá-
-los nos jogos", afirmou ele.
Na avaliação da psicóloga Kátia Rúbio, especialista em esporte, o afastamento do grupo é
prejudicial ao jogador. "Quando o atleta perde a referência
do grupo, isso altera drasticamente a motivação."
Hoje também é o último dia
para a inscrição de jogadores
que foram contratados na janela de transferência. O Corinthians ainda tenta dar condição
de jogo a Edno e Defederico.
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