São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Colombiano se sente em casa para dar primeira vitória à Williams na temporada e se despedir da equipe

Montoya triunfa e sacode arquibancadas

DA REPORTAGEM LOCAL

Na falta da vitória de um piloto da casa, o triunfo de alguém que se sente em casa. E o autódromo que acordou ontem aos gritos de "Rubinho, Rubinho", anoiteceu aos brados de "Montoya, Montoya", vindos das arquibancadas, com sotaque espanhol.
"É incrível vencer aqui. Essa é a única corrida na América do Sul, a prova mais próxima do meu país. Havia muitos colombianos nas arquibancadas, somos um país sofrido, e espero ter dado uma alegria especial para eles", declarou Juan Pablo Montoya.
Foi sua única vitória nesta temporada e a quarta na carreira -a última havia sido no GP da Alemanha de 2003. Foi, ainda, o único triunfo da Williams em 2004.
Desde que chegou à F-1, há três anos, Montoya sempre arrastou uma legião de torcedores para o autódromo paulistano. Concentrados em setores de arquibancadas, os colombianos são os únicos capazes de rivalizar com os brasileiros, em alguns momentos, em barulho e em agitação.
"Meu primeiro grande momento na F-1 foi aqui, em 2001", lembrou o piloto, ontem, referindo-se à ultrapassagem sobre Michael Schumacher no S do Senna logo na sua terceira corrida na categoria. "E agora consegui essa vitória para agradecer a Williams."
Em 2005, Montoya vai disputar o Mundial pela McLaren. Seu companheiro será o finlandês Kimi Raikkonen, justamente o segundo colocado no GP Brasil.
"Espero que tenha sido uma prévia do ano que vem", disse Montoya, rindo, em entrevista após a prova, ao lado de Raikkonen, impassível, como sempre.
Foi mais ou menos esse o cenário no pódio. Montoya vibrante, Raikkonen insosso, Rubens Barrichello, o terceiro colocado, exausto, com dores no pescoço.
No momento em que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, entregou o troféu a Montoya, Barrichello, cansado, estava sentado. "Quando faltavam 20 voltas, meu pescoço estava doendo muito", disse o brasileiro. Montoya, de fato, também reclamou. "O mais difícil para mim foi lidar com as dores."
Os GPs de Interlagos e de Imola, na Itália, são os únicos do calendário no sentido anti-horário.
A vitória do colombiano ontem veio após uma manobra controversa, ousada. Largando em segundo, Montoya foi superado por Raikkonen antes do S do Senna e caiu para terceiro lugar. Na quinta volta, ambos entraram juntos nos boxes. E então o piloto da Williams ousou, deu o bote.
Os dois pilotos trocaram pneus, reabasteceram e cruzaram toda a área de pits lado a lado. Na curva à esquerda, no acesso para a pista, só havia espaço para um dos carros. Aquele caso típico: quem levantasse o pé antes, perderia a posição. Raikkonen cedeu. No final da prova, o finlândes foi multado em US$ 10 mil por pilotar de forma perigosa -o alemão Nick Heidfeld também recebeu multa pelo mesmo motivo.
"Talvez eu tenha sido cuidadoso demais. Foi ali que eu perdi a corrida. Mas, de qualquer maneira, é bom terminar o ano com um pódio", afirmou o finlandês.
Montoya e Raikkonen voltaram atrás de Fernando Alonso, da Renault. E assumiram as primeiras colocações quando o espanhol entrou nos boxes, na 18ª volta.
A vantagem do colombiano, então, era de 3s601. Chegou a 5s851 na 49ª volta. Mas Raikkonen começou a apertar o ritmo. Faltando 12 giros para o final, a folga já havia caído para 0s569.
"Cometi um erro e ele grudou em mim. Se eu fizesse mais alguma coisa errada, estaria perdido", declarou Montoya. Foi a hora certa de tomar cuidado. Porque na hora de abusar, o colombiano abusou, para delírio de parte das arquibancadas. Aquela parte amarela, vermelha e azul.(FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)

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