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AUTOMOBILISMO
Colombiano se sente em casa para dar primeira vitória à Williams na temporada e se despedir da equipe
Montoya triunfa e sacode arquibancadas
DA REPORTAGEM LOCAL
Na falta da vitória de um piloto
da casa, o triunfo de alguém que
se sente em casa. E o autódromo
que acordou ontem aos gritos de
"Rubinho, Rubinho", anoiteceu
aos brados de "Montoya, Montoya", vindos das arquibancadas,
com sotaque espanhol.
"É incrível vencer aqui. Essa é a
única corrida na América do Sul,
a prova mais próxima do meu
país. Havia muitos colombianos
nas arquibancadas, somos um
país sofrido, e espero ter dado
uma alegria especial para eles",
declarou Juan Pablo Montoya.
Foi sua única vitória nesta temporada e a quarta na carreira -a
última havia sido no GP da Alemanha de 2003. Foi, ainda, o único triunfo da Williams em 2004.
Desde que chegou à F-1, há três
anos, Montoya sempre arrastou
uma legião de torcedores para o
autódromo paulistano. Concentrados em setores de arquibancadas, os colombianos são os únicos
capazes de rivalizar com os brasileiros, em alguns momentos, em
barulho e em agitação.
"Meu primeiro grande momento na F-1 foi aqui, em 2001", lembrou o piloto, ontem, referindo-se
à ultrapassagem sobre Michael
Schumacher no S do Senna logo
na sua terceira corrida na categoria. "E agora consegui essa vitória
para agradecer a Williams."
Em 2005, Montoya vai disputar
o Mundial pela McLaren. Seu
companheiro será o finlandês Kimi Raikkonen, justamente o segundo colocado no GP Brasil.
"Espero que tenha sido uma
prévia do ano que vem", disse
Montoya, rindo, em entrevista
após a prova, ao lado de Raikkonen, impassível, como sempre.
Foi mais ou menos esse o cenário no pódio. Montoya vibrante,
Raikkonen insosso, Rubens Barrichello, o terceiro colocado,
exausto, com dores no pescoço.
No momento em que o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, entregou o troféu a
Montoya, Barrichello, cansado,
estava sentado. "Quando faltavam 20 voltas, meu pescoço estava doendo muito", disse o brasileiro. Montoya, de fato, também
reclamou. "O mais difícil para
mim foi lidar com as dores."
Os GPs de Interlagos e de Imola,
na Itália, são os únicos do calendário no sentido anti-horário.
A vitória do colombiano ontem
veio após uma manobra controversa, ousada. Largando em segundo, Montoya foi superado por
Raikkonen antes do S do Senna e
caiu para terceiro lugar. Na quinta
volta, ambos entraram juntos nos
boxes. E então o piloto da Williams ousou, deu o bote.
Os dois pilotos trocaram pneus,
reabasteceram e cruzaram toda a
área de pits lado a lado. Na curva à
esquerda, no acesso para a pista,
só havia espaço para um dos carros. Aquele caso típico: quem levantasse o pé antes, perderia a posição. Raikkonen cedeu. No final
da prova, o finlândes foi multado
em US$ 10 mil por pilotar de forma perigosa -o alemão Nick
Heidfeld também recebeu multa
pelo mesmo motivo.
"Talvez eu tenha sido cuidadoso
demais. Foi ali que eu perdi a corrida. Mas, de qualquer maneira, é
bom terminar o ano com um pódio", afirmou o finlandês.
Montoya e Raikkonen voltaram
atrás de Fernando Alonso, da Renault. E assumiram as primeiras
colocações quando o espanhol
entrou nos boxes, na 18ª volta.
A vantagem do colombiano, então, era de 3s601. Chegou a 5s851
na 49ª volta. Mas Raikkonen começou a apertar o ritmo. Faltando
12 giros para o final, a folga já havia caído para 0s569.
"Cometi um erro e ele grudou
em mim. Se eu fizesse mais alguma coisa errada, estaria perdido",
declarou Montoya. Foi a hora certa de tomar cuidado. Porque na
hora de abusar, o colombiano
abusou, para delírio de parte das
arquibancadas. Aquela parte
amarela, vermelha e azul.(FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)
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