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AUTOMOBILISMO
Integrantes da F-1 aproveitam a primeira vez que o Brasil fecha o circuito para mudar roteiro de viagens
Circo se desmonta para férias tropicais
FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC
Em vez da Grande Barreira de
Corais, Copacabana. No lugar da
baía de Sydney, Machu Picchu.
Acostumados a aproveitar as férias dos últimos anos na Austrália
ou em algum outro paraíso tropical da Ásia, onde a temporada
costumava ser encerrada, os integrantes do circo da F-1 festejaram
as novas opções de roteiros trazidas com a mudança do GP Brasil
para o final do calendário.
Foi a primeira vez na história
que a corrida brasileira fechou o
Mundial. A prova derradeira costumava ser disputada no Japão
-nos últimos cinco anos, a exceção foi em 2000, na Malásia.
As folgas de final de ano, as
maiores (em alguns casos as únicas) dos profissionais da categoria, começaram ontem mesmo. E,
a partir de hoje, o circo se espalha
pela América do Sul.
Cerca de um quarto dos membros das equipes ficará no continente a passeio, segundo levantamento informal feito pela reportagem com as equipes. Algo impossível de ocorrer nos anos anteriores, quando o GP Brasil era no
início da temporada, e os times
seguiam direto para a Europa.
"Todos amamos vir ao Brasil,
especialmente porque as meninas
são maravilhosas e o churrasco é
delicioso. Foi uma festa quando
soubemos que o GP de São Paulo
iria fechar a temporada. Eu mesmo trouxe o meu mochilão e vou
sair por aí", afirmou o técnico da
Jaguar David McMillan, que embarcaria hoje para o Peru, visitar
as ruínas de Machu Picchu.
Segundo ele, 20 dos 80 profissionais que a escuderia trouxe ao
país flanarão pela América Latina.
No caso da Jaguar, o clima de
fim de feira que dominou Interlagos ontem teve contornos ainda
mais tristes. Foi a última corrida
do time na F-1, o que significa que
McMillan e seus colegas estão desempregados. "Estou há sete anos
na F-1, a Jaguar foi minha quarta
equipe. Talvez seja o bastante.
Não vou me preocupar com isso
agora, o que eu quero é mochilar", afirmou McMillan.
Na Ferrari, das 80 pessoas que
vieram trabalhar em Interlagos,
aproximadamente 15 ficarão no
Brasil, a maioria mecânicos e técnicos. "Os italianos gostam muito
do Brasil e das brasileiras. Sei que
muitos vão para o Rio, alguns para o Nordeste e outros para Florianópolis. Há quem vá esticar até
o Ano-Novo", contou Raniero
Giannotti, preparador físico de
Rubens Barrichello.
Muitos pilotos não dizem onde
passarão as férias, caso de Michael Schumacher e Barrichello.
O colombiano Juan Pablo Montoya e sua mulher Connie, grávida
de três meses, começam as férias
em Miami. Depois dão uma passada no Brasil, para o piloto participar de uma corrida de kart na
Granja Viana, em SP, e a seguir
descansam na Colômbia. O vencedor do GP Brasil terá três semanas de férias até iniciar o trabalho
na sua nova equipe, a McLaren.
Foto e calmaria
Interlagos ganhou outras novidades ao receber pela primeira
vez a prova de encerramento. A
mais visível ao público foi a obrigatória foto oficial dos pilotos, tirada antes do início da prova.
Horas após a corrida, quando já
estava escuro no autódromo, ouvia-se nos boxes um motor sendo
explodido (acelerado até a exaustão), o que só ocorre em final de
campeonato, quando uma equipe
se acaba ou troca de modelo.
No caso específico de ontem, a
calmaria também foi uma marca
pouco vista em outros anos. O fato de o campeonato já estar decidido produziu um clima de relaxamento incomum na F-1. Poucas horas antes do GP, as equipes
batiam fotos de final de ano ou faziam festas para pilotos em despedida, como David Coulthard.
Não só os jornalistas credenciados para a prova diminuíram
30% em relação a 2003, como, segundo o chefe da assessoria de
imprensa do GP, Márcio Fonseca,
estiveram bem mais calmos. "Foi
muito mais tranqüilo de trabalhar, deu para sentir que as pessoas estavam mais relaxadas. Ainda bem, porque se o Mundial fosse decidido aqui poderia haver
um complicador, já que trabalhamos no limite da estrutura."
Quando os carros, que só voltarão agora a competir em 6 de
março, na Austrália, primeira
prova do Mundial-2005, estacionaram de vez nos boxes, o desmanche se consumou.
Logo após a festa do pódio, um
samba invadiu os alto-falantes do
autódromo. Caía uma garoa fina
em Interlagos. Enquanto tudo era
desmontado, os torcedores iam
embora cabisbaixos. Com o auxílio da batucada, o panorama lembrava uma Quarta-Feira de Cinzas. E não totalmente sem razão.
Para os fãs do automobilismo,
Carnaval, agora, só em 2005.
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