São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Integrantes da F-1 aproveitam a primeira vez que o Brasil fecha o circuito para mudar roteiro de viagens

Circo se desmonta para férias tropicais

FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC

Em vez da Grande Barreira de Corais, Copacabana. No lugar da baía de Sydney, Machu Picchu. Acostumados a aproveitar as férias dos últimos anos na Austrália ou em algum outro paraíso tropical da Ásia, onde a temporada costumava ser encerrada, os integrantes do circo da F-1 festejaram as novas opções de roteiros trazidas com a mudança do GP Brasil para o final do calendário.
Foi a primeira vez na história que a corrida brasileira fechou o Mundial. A prova derradeira costumava ser disputada no Japão -nos últimos cinco anos, a exceção foi em 2000, na Malásia.
As folgas de final de ano, as maiores (em alguns casos as únicas) dos profissionais da categoria, começaram ontem mesmo. E, a partir de hoje, o circo se espalha pela América do Sul.
Cerca de um quarto dos membros das equipes ficará no continente a passeio, segundo levantamento informal feito pela reportagem com as equipes. Algo impossível de ocorrer nos anos anteriores, quando o GP Brasil era no início da temporada, e os times seguiam direto para a Europa.
"Todos amamos vir ao Brasil, especialmente porque as meninas são maravilhosas e o churrasco é delicioso. Foi uma festa quando soubemos que o GP de São Paulo iria fechar a temporada. Eu mesmo trouxe o meu mochilão e vou sair por aí", afirmou o técnico da Jaguar David McMillan, que embarcaria hoje para o Peru, visitar as ruínas de Machu Picchu.
Segundo ele, 20 dos 80 profissionais que a escuderia trouxe ao país flanarão pela América Latina.
No caso da Jaguar, o clima de fim de feira que dominou Interlagos ontem teve contornos ainda mais tristes. Foi a última corrida do time na F-1, o que significa que McMillan e seus colegas estão desempregados. "Estou há sete anos na F-1, a Jaguar foi minha quarta equipe. Talvez seja o bastante. Não vou me preocupar com isso agora, o que eu quero é mochilar", afirmou McMillan.
Na Ferrari, das 80 pessoas que vieram trabalhar em Interlagos, aproximadamente 15 ficarão no Brasil, a maioria mecânicos e técnicos. "Os italianos gostam muito do Brasil e das brasileiras. Sei que muitos vão para o Rio, alguns para o Nordeste e outros para Florianópolis. Há quem vá esticar até o Ano-Novo", contou Raniero Giannotti, preparador físico de Rubens Barrichello.
Muitos pilotos não dizem onde passarão as férias, caso de Michael Schumacher e Barrichello.
O colombiano Juan Pablo Montoya e sua mulher Connie, grávida de três meses, começam as férias em Miami. Depois dão uma passada no Brasil, para o piloto participar de uma corrida de kart na Granja Viana, em SP, e a seguir descansam na Colômbia. O vencedor do GP Brasil terá três semanas de férias até iniciar o trabalho na sua nova equipe, a McLaren.

Foto e calmaria
Interlagos ganhou outras novidades ao receber pela primeira vez a prova de encerramento. A mais visível ao público foi a obrigatória foto oficial dos pilotos, tirada antes do início da prova.
Horas após a corrida, quando já estava escuro no autódromo, ouvia-se nos boxes um motor sendo explodido (acelerado até a exaustão), o que só ocorre em final de campeonato, quando uma equipe se acaba ou troca de modelo.
No caso específico de ontem, a calmaria também foi uma marca pouco vista em outros anos. O fato de o campeonato já estar decidido produziu um clima de relaxamento incomum na F-1. Poucas horas antes do GP, as equipes batiam fotos de final de ano ou faziam festas para pilotos em despedida, como David Coulthard.
Não só os jornalistas credenciados para a prova diminuíram 30% em relação a 2003, como, segundo o chefe da assessoria de imprensa do GP, Márcio Fonseca, estiveram bem mais calmos. "Foi muito mais tranqüilo de trabalhar, deu para sentir que as pessoas estavam mais relaxadas. Ainda bem, porque se o Mundial fosse decidido aqui poderia haver um complicador, já que trabalhamos no limite da estrutura."
Quando os carros, que só voltarão agora a competir em 6 de março, na Austrália, primeira prova do Mundial-2005, estacionaram de vez nos boxes, o desmanche se consumou.
Logo após a festa do pódio, um samba invadiu os alto-falantes do autódromo. Caía uma garoa fina em Interlagos. Enquanto tudo era desmontado, os torcedores iam embora cabisbaixos. Com o auxílio da batucada, o panorama lembrava uma Quarta-Feira de Cinzas. E não totalmente sem razão. Para os fãs do automobilismo, Carnaval, agora, só em 2005.

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