São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2004

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Problema afeta imagem do país e de Madri-2012

STEPHEN WADE
DA ASSOCIATED PRESS, EM SEVILHA

Os espanhóis gostam de dizer que vivem no país mais tolerante da Europa. O futebol abalou esse mito.
As recentes manifestações de racismo na Espanha podem até pôr em risco a candidatura olímpica de Madri-2012.
A imagem começou a ser arranhada um mês atrás, quando o treinador da seleção, Luis Aragonés, foi flagrado por TVs ofendendo o francês Henry. Na semana passada, torcedores madrilenos imitavam macacos a cada vez que o inglês Wright-Phillips recebia a bola no jogo Espanha 1x0 Inglaterra.
O vexame, porém, não é novo. Em seu primeiro ano em Madri, o lateral Roberto Carlos já era ofendido com a inscrição "macaco" em seu carro.
Incidentes no futebol também já foram vistos na República Tcheca, na Grécia, na Inglaterra e na França.
Na Espanha, porém, o problema tem dimensão peculiar. A imigração é um fenômeno de menos de 20 anos, atraído pelo recente desenvolvimento do país, devido à União Européia. Antes, o país era historicamente notado por enviar emigrantes. Hoje, cerca de 7,5% dos 40 milhões de seus habitantes são imigrantes. Madri tem um percentual mais alto: 13% da população é de fora.
"Foi preciso os imigrantes virem para esse país para percebermos que podemos ser tão racistas quanto qualquer um. As pessoas aqui não encaram racismo como algo condenável. Nada ocorrerá a Luis Aragonés", afirma Tomás Calvo Buezas, do Centro de Estudos sobre Racismo e Imigração da Universidade de Madri.
As punições existem, mas não são exemplares. O caso da seleção espanhola resultou em desculpas enviadas ao primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e a federação pode até ser multada pela Fifa.
Piara Powar, do programa anti-racismo da Federação Inglesa, quer mais: pede que a Espanha seja punida com uma suspensão do futebol europeu. "É um ciclo de eventos que não deve ser tratado com uma simples multa e uma palmada no traseiro", afirma Powar.


Com a Reportagem Local

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