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Problema afeta
imagem do país
e de Madri-2012
STEPHEN WADE
DA ASSOCIATED PRESS, EM SEVILHA
Os espanhóis gostam de dizer
que vivem no país mais tolerante da Europa. O futebol abalou esse mito.
As recentes manifestações de
racismo na Espanha podem até
pôr em risco a candidatura
olímpica de Madri-2012.
A imagem começou a ser arranhada um mês atrás, quando
o treinador da seleção, Luis
Aragonés, foi flagrado por TVs
ofendendo o francês Henry. Na
semana passada, torcedores
madrilenos imitavam macacos
a cada vez que o inglês Wright-Phillips recebia a bola no jogo
Espanha 1x0 Inglaterra.
O vexame, porém, não é novo. Em seu primeiro ano em
Madri, o lateral Roberto Carlos
já era ofendido com a inscrição
"macaco" em seu carro.
Incidentes no futebol também já foram vistos na República Tcheca, na Grécia, na Inglaterra e na França.
Na Espanha, porém, o problema tem dimensão peculiar.
A imigração é um fenômeno de
menos de 20 anos, atraído pelo
recente desenvolvimento do
país, devido à União Européia.
Antes, o país era historicamente notado por enviar emigrantes. Hoje, cerca de 7,5% dos 40
milhões de seus habitantes são
imigrantes. Madri tem um percentual mais alto: 13% da população é de fora.
"Foi preciso os imigrantes virem para esse país para percebermos que podemos ser tão
racistas quanto qualquer um.
As pessoas aqui não encaram
racismo como algo condenável. Nada ocorrerá a Luis Aragonés", afirma Tomás Calvo
Buezas, do Centro de Estudos
sobre Racismo e Imigração da
Universidade de Madri.
As punições existem, mas
não são exemplares. O caso da
seleção espanhola resultou em
desculpas enviadas ao primeiro-ministro britânico, Tony
Blair, e a federação pode até ser
multada pela Fifa.
Piara Powar, do programa
anti-racismo da Federação Inglesa, quer mais: pede que a Espanha seja punida com uma
suspensão do futebol europeu.
"É um ciclo de eventos que não
deve ser tratado com uma simples multa e uma palmada no
traseiro", afirma Powar.
Com a Reportagem Local
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