|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÃO
Para o sul do Equador
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Depois desta semana, o surfe
feminino jamais será o mesmo. Isso graças à pequenina e determinada peruana Sofia Mulanovich, 21, que escreveu seu nome
como a primeira sul-americana a
conquistar o Mundial. Antes dela,
o título havia cruzado a latitude
zero rumo ao sul uma única vez
-excluindo-se, é claro, os saxões
australianos-, há 27 anos, com o
sul-africano Shaun Thompson,
segundo campeão mundial da
história do surfe profissional.
A vitória foi sacramentada em
águas havaianas durante o Roxy
Pro. Na final, Sofia surfava contra
a brasileira Tita Tavares, a veterana e campeoníssima Layne
Beachley e Chelsea Georgeson.
Precisava ficar em terceiro para
garantir o caneco por antecedência. Ficou em segundo e, no outside, foi cumprimentada por Beachley, seis vezes campeã mundial.
O site da "Surfing" escreveu em
sua edição de ontem que o surfe
feminino entra, pelos pés de Sofia,
numa nova era: ondas maiores,
premiação maior, manobras
maiores. E muito disso deve-se à
peruana, que, no primeiro ano no
Tour, revolucionou a forma como
mulheres surfam. Com um estilo
agressivo, Sofia é conhecida por
executar perfeitos e improváveis
cut-backs. E também por ser a
atleta que, antes da hora de competir, entra para surfar sozinha,
tentando aproveitar o máximo
possível. Ela acredita que, fazendo isso, fica mais preparada.
Quando não está duelando no
circuito e não pode surfar, gasta
horas vendo fitas de surfe para
aprimorar seu estilo. Analisa seus
atletas prediletos, como Slater,
Irons, Beachley e Rochelle Ballard, com quem, aliás, disputou a
coroa deste ano. Tanta obsessão
só encontra um intervalo quando
ela está em sua casa, em Lima,
com a família. Lá, passa algumas
horas em seu quarto ouvindo Bob
Marley, The Doors e, claro, Dido.
"Ela diz que conquistou o título
porque teve sorte", falou à imprensa depois da final Layne
Beachley. "Mas não é nada disso.
Ela tem graça, estilo, determinação e um talento incrível. Sofia
veio para ficar e brilhar. E, além
disso, é a pessoa mais humilde
que conheci." O elogio, vindo de
Beachley, surfista de 32 anos que
está eternizada num pôster no
quarto de Sofia (colocado quando
ela nem sabia que viraria surfista
profissional), deixou a peruana
emocionada. "Eu fiz isso pelo Peru e pela América do Sul. Para
que todos acreditem que podemos
chegar lá", disse Sofia.
No Tour feminino, é sabido que
as atletas de ponta não gostam de
cair numa bateria com brasileiras. Elas costumam dar muito
trabalho, por isso era improvável
que, quando a coroa cruzasse o
Equador rumo ao sul, ela não o fizesse na cabeça de uma de nossas
meninas, e sim na da única peruana na história que participou
do WCT. Tita Tavares e Jacqueline Silva, que faltando uma etapa
ocupam o quinto e o sexto lugares, respectivamente, tiveram
chances de lutar pelo título neste
ano e, muito jovens, ainda podem
chegar lá. Silvana Lima é outra
aposta. Depois de Sofia, a questão
não é mais se o título um dia virá
para o Brasil, mas quando ele virá. O futuro do surfe profissional
feminino está ao sul do Equador.
Triple Crown HavaÍ
Tricampeão da coroa havaiana, Sunny Garcia saiu na frente vencendo em Haleiwa. O brasileiro Bernardo Pigmeu ficou em terceiro na
final entre atletas do WCT. Amanhã começa o período de espera da
última etapa do WQS, em Sunset, e Neco Padaratz segue líder.
Brasileiro de skate
A decisão do circuito de street começa amanhã em Novo Hamburgo
(RS), com cinco atletas na disputa do título e de um Peugeot 206.
Snowboard
Os brasileiros Isabel Clark e Felipe Motta aparecem como líderes do
ranking FIS Sul-Americano. Isabel desponta em todas as categorias,
e Motta, no boardercross.
E-mail sarli@trip.com.br
Texto Anterior: Problema afeta imagem do país e de Madri-2012 Próximo Texto: Futebol - Soninha: Causas e sintomas Índice
|