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São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Multinacionais que investem em todo o mundo fincam raízes no país

Brasil entra de vez na era dos patrocinadores globais

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Cruzeiro tem o mesmo do Real Madrid. O do Corinthians é igual ao do Manchester United. O Palmeiras ostenta um idêntico ao da Internazionale de Milão.
Pelo menos no patrocínio, os clubes brasileiros estão hoje no mesmo barco, apesar da classe inferior, dos concorrentes europeus e de outros grandes centros da bola no planeta.
Empresas multinacionais com forte estratégia de marketing no futebol profissional renovaram contratos ou aportaram em clubes do país nos últimos dias.
Nesse segundo caso quem se destaca é a Siemens, empresa alemã de telecomunicações, que já acertou com o Cruzeiro e está perto de acertar com o São Paulo.
Em termos de clubes, ninguém investe mais do que a Siemens, que tem seu nome na camisa do Real Madrid, de mais uma dezena de clubes e ainda dá seu nome à liga de futebol da China.
A Pepsi, do ramo de refrigerantes, acaba de renovar seu contrato com o Corinthians, clube que patrocina desde 2000. Para enfrentar a rival Coca-Cola, parceira de longa data da Fifa, a Pepsi investe pesado em times (tem contrato, entre outros, com Manchester United e Real Madrid) e em estrelas -a principal delas é o meia inglês David Beckham.
Santos e Palmeiras estampam na camisa nomes de empresas italianas com tradição no patrocínio ao futebol. A Bombril, do grupo italiano Cirio (dono da Lazio), renovou nesta semana com o time do litoral, e a Pirelli, parceira da Inter, está com o Palmeiras.
Só em 2004 os investimentos dessas multinacionais devem ultrapassar os R$ 30 milhões nos clubes brasileiros.
Se é um bom dinheiro em tempo de vacas magras, o valor se torna irrisório quando comparado ao gasto em times europeus.
Por cada temporada, o Real Madrid recebe US$ 10 milhões da Siemens, praticamente o mesmo que todas as multinacionais vão gastar no Brasil no próximo ano.
Mas, com a realidade atual, os patrocinadores globais parecem ser o futuro mesmo.
"Todos os grandes clubes serão dominados grandes empresas. Isso já está acontecendo", afirma o diretor de marketing do São Paulo, Dorival Decausseau.
Segundo ele, não há outra saída para os clubes brasileiros, que devem procurar abrir mercado fora do país. "O mercado nacional apenas não supre nossas necessidades. Faturamos muito pouco com a venda de produtos, bilheteria dos jogos, contrato com a TV", afirmou o dirigente, que negocia a entrada do São Paulo nos EUA, onde a Pepsi, do rival Corinthians, investe na MLS, a liga de futebol daquele país.
No Corinthians, o dinheiro internacional é muito bem recebido, mas não ilude a todos.
"Acredito muito nesse negócio de marketing, mas se o futebol não ganhar, não adianta nada", disse o vice de futebol corintiano, Antonio Roque Citadini.
É assim que pensa a Pirelli em relação ao Palmeiras. No clube do Parque Antarctica, que recebe cerca de R$ 5 milhões anuais do patrocinador, existe um bônus por metas alcançadas.
O contrato entre os dois prevê ganho extra de US$ 150 mil pela conquista do Campeonato Paulista. Pelo Brasileiro ou pela Copa do Brasil, o clube pode embolsar US$ 250 mil se erguer a taça.
Já o título da Libertadores ou do Mundial interclubes pode render até US$ 600 mil dólares.


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