Na primeira final depois da volta à elite nacional, equipe busca no Estadual lastro para chegar a objetivos mais ousados

Para treinador corintiano, ganhar o troféu do Estado representa a evolução de sua equipe, montada em 2008 para jogar a Série B

Eduardo Knapp/Folha Imagem

Jogadores do elenco corintiano, entre eles o atacante Ronaldo, que ainda não marcou contra o time do Santos, brincam durante treino da equipe ontem, realizado no Parque Ecológico do Tietê

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em janeiro, o Campeonato Paulista era tratado por São Paulo, Palmeiras e até pelo Santos, agora finalista, como uma espécie de fase de preparação de luxo para Copa do Brasil, Libertadores, Brasileiro. Para o Corinthians, o peso sempre foi outro, bem mais relevante.
Sem vencer o Estadual há seis anos -o maior jejum entre os quatro grandes- e ainda com a lembrança fresca da passagem na Série B, o Corinthians deposita na conquista do Paulista a chance de desafogar a angústia por um título na elite.
Ao mesmo tempo, tenta provar definitivamente que seu elenco, montado durante a temporada na segunda divisão, é gabaritado para defender um dos maiores clubes do país.
Como comparação, o título paulista de 2009 terá para o Corinthians um significado que já teve para seus principais rivais.
Em 2005, foi a partir da conquista do troféu estadual que o São Paulo ganhou confiança e começou a trilhar seu caminho de vitórias, que ainda incluiria a Libertadores e o Mundial de Clubes naquele ano.
Em 2006, foi a vez de o Santos saciar a ânsia ao pôr as mãos em sua primeira taça do Paulista após 22 anos de espera.
A importância da conquista, repetida no ano seguinte, tinha cunho pessoal para o presidente Marcelo Teixeira, que insistia em ver seu time novamente como o melhor do Estado, a despeito de, àquela altura, já ter resurgido nacionalmente por ter abocanhado os títulos do Brasileiro de 2002 e de 2004.
Mas talvez seja em seu maior rival, o Palmeiras, que o Corinthians pode encontrar mais semelhança com seu sentimento em relação ao Paulista.
Assim como hoje é para o time alvinegro, o Estadual foi para o Palmeiras, em 2008, o símbolo de uma certa ressurreição à medida que foi a primeira conquista do clube alviverde numa disputa na elite depois de sua estada na Série B, em 2003.
"O título é a evolução de um trabalho", resume o técnico do Corinthians, Mano Menezes.
"No ano passado, sobretudo na reta final da segunda divisão, sempre me perguntavam se aquele time era de Série B. Neste ano, só depois de passarmos pelo São Paulo é que ganhamos um certo favoritismo. Antes disso, éramos questionados pelo excesso de empates."
O comandante corintiano, no entanto, aponta que sua equipe já conseguiu realizar parte desse objetivo de "se provar" forte ao chegar à final. "Essa equipe que forma a base neste ano tem nove atletas do time titular que disputou no ano passado a Série B", relembra Mano.
Questionado se isso não seria um sinal de que os reforços contratados para 2009, exceção feita a Ronaldo, teriam atuação abaixo do esperado, o técnico aproveita para, mais uma vez, elogiar sua equipe.
"O fato de apenas dois contratados terem virado titular significa que o grupo é forte, e não que os que chegaram depois não corresponderam."