São Paulo, domingo, 26 de abril de 1998

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O PERSONAGEM
Mills Lane diz que não haverá sensacionalismo

da Reportagem Local

Com sua conhecida careca e imagem "linha-dura", o árbitro norte-americano Mills Lane é um dos personagens mais famosos do pugilismo mundial. A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha. (EO)

Folha - Seu programa não apelará para o sensacionalismo? Não se tornará uma "lavagem de roupa suja" pública?
Mills Lane -
Não acredito nisso. O que vai diferenciar meu programa (nos Estados Unidos, e mesmo no Brasil, já existem programas semelhantes) é que sou um juiz de direito, estou acostumado a arbitrar casos reais.
Folha - O fato de o senhor participar de um programa de TV não vai afetar sua credibilidade como juiz de direito?
Lane -
Já pedi exoneração do cargo. Não sobraria tempo para continuar trabalhando como árbitro de lutas, juiz de direito e apresentador de TV.
Folha - O senhor não tem medo de que as pessoas pensem que o senhor está tirando vantagem do fato de ter se envolvido em um dos maiores eventos esportivos dos últimos tempos, a desqualificação de Tyson?
Lane -
Na verdade, não fui eu que tive a idéia. Os produtores do programa me procuraram após a luta e perguntaram se estaria interessado em participar de um programa de TV. Eles explicaram todos os detalhes do programa e mostraram as vantagens financeiras. Então, eu disse: "Show me the money" (mostre-me o dinheiro).
Folha - Então o dinheiro foi sua motivação?
Lane -
Foi um fator, estou próximo da aposentadoria e preciso pensar em minha família (Lane tem mulher e dois filhos). Mas também gostaria de mostrar à audiência como funciona o sistema legal. Quero algo didático e que seja de utilidade pública.
Folha - O senhor acredita que o fato de ter sido um lutador (amador e profissional) e atuado como árbitro em importantes combates o preparou para ter seu próprio programa?
Lane -
Sim, sinto-me muito confortável com o público. Mas também tem a sensação de antecipação da estréia. É como aquela sensação que "batia" antes dos meus combates.
Folha - O senhor pensa sobre a desqualificação de Tyson? Acha que ele volta?
Lane -
Não penso sobre isso. Ele terá nova chance de pedir a licença de volta, mas o importante é que, independentemente da decisão da comissão atlética (em devolver ou não a licença de pugilista), o boxe sobreviverá.



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