Equipe busca superar o Atlético-MG, no Morumbi, para repetir feito alcançado em 2005, ano do tetra no Brasileiro

Raiva e humilhação movem os mais jovens do elenco, como o atacante Éverton, que sonham em dar a volta por cima nesta temporada

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que vencer o Atlético-MG no Morumbi e provar que a arrancada no torneio não é em vão, o time do Corinthians tenta hoje interromper um jejum de 537 dias sem liderar o Campeonato Brasileiro.
Façanha que o clube alvinegro não obtém desde o longínquo 4 de dezembro de 2005, quando, no Serra Dourada, erguia a taça do tetra nacional após perder para o Goiás (3 a 2).
O feito, se consumado, será apenas provisório, já que Atlético-PR e Paraná, com os mesmos seis pontos dos paulistas, mas em vantagem nos critérios de desempate, jogam amanhã.
Mas que fará um bem danado ao ânimo da renovada equipe do Parque São Jorge, isso o técnico Paulo César Carpegiani não tem a menor dúvida.
Afinal de contas, para quem era apontado como favorito ao rebaixamento antes de a competição começar, chegar ao topo pode sinalizar que o título não é sonho tão distante assim.
"Primeiro precisamos estabelecer metas, pontuar. Ninguém ainda pensa em título", despistou o treinador.
O que ele não esconde é a satisfação com as vitórias nas primeiras rodadas -sobre Juventude (1 a 0) e Cruzeiro (3 a 0). Mesmo que isso seja só o começo de um trabalho a longo prazo. "Por enquanto, estamos vivendo apenas um lado, o da vitória. Mas o Corinthians não é imbatível. Estamos preparados [para as derrotas]", disse.
Na opinião de Carpegiani, o que foi dito sobre o time antes de a bola rolar no Brasileiro é o que tem alimentado o apetite corintiano de dar a volta por cima na temporada.
"A humilhação e, às vezes, a raiva induzem o profissional a melhorar. Apesar de jovens, esses jogadores sabem que pertencem a um grande clube e querem fazer uma boa campanha", explicou o comandante.
Esse desejo de mostrar valor caiu como luva dentro de um grupo jovem e recheado de peças que mal chegaram ao clube e precisam, em pouco tempo, conquistar o apoio da fiel torcida e a confiança do técnico.
Caso do atacante Éverton Santos, para quem, aos poucos, a desconfiança sobre o time será transformada em preocupação extra por parte dos rivais.
"No início do campeonato não éramos respeitados. Agora, os adversários vão entrar em campo com mais atenção", afirmou o jogador, que já marcou um gol neste Nacional.
Mas será que o novo Corinthians já está "vacinado" contra os momentos de turbulência que certamente chegarão em um torneio tão longo?
"Com certeza. Não é porque estamos ganhando que já dá para pensar que está tudo certo", disse o meia Marcelo Oliveira.
Para não perder essa "liga" com o grupo, Carpegiani decidiu escalar os mesmos titulares dos últimos jogos. Apenas o lateral-direito Pedro, ex-Santos, poderá estrear, na etapa final.
No lado do rival, a novidade virá do banco de reservas. Zetti, ex-Paraná, faz sua estréia como treinador da equipe mineira.