São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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Grandes de SP assistem ao sofrimento dos camisa 1

Falhas, contusões e desavenças com torcedores tiram do são-paulino Rogério, do corintiano Fábio Costa e do palmeirense Marcos a unanimidade em seus clubes

RICARDO PERRONE
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Motivo de orgulho num passado recente, a camisa 1 virou dor de cabeça para os principais times de São Paulo. Falhas e críticas de torcedores abalam o são-paulino Rogério, o corintiano Fábio Costa e o palmeirense Marcos, outrora considerados intocáveis.
Fábio Costa, que deixou o Santos no começo do ano, chegou como ídolo ao Parque São Jorge. No novo clube, porém, ele já coleciona desentendimentos com torcedores: discutiu rispidamente com pelo menos três.
Nos 5 a 0 para o Atlético-PR, Fábio Costa foi vaiado e, após se desentender com um torcedor que invadiu o campo, ouviu a torcida gritar pelo reserva Rubinho.
Considerado um dos responsáveis pela conquista do Brasileiro-02 pelo Santos, em cima do Corinthians, ele não repete em sua equipe atual o repertório de defesas que apresentou naquela decisão.
Hoje, amarga o fato de ser o goleiro mais vazado do Brasileiro. Sofreu 22 gols em dez jogos. "O gol não é só responsabilidade da defesa. Quando todos marcam bem, fica mais difícil para o adversário. Isso tem acontecido nos últimos jogos", disse Fábio Costa.
No Parque Antarctica, Marcos também desagradou à torcida no último jogo que fez, antes de machucar o pulso e o polegar esquerdos no treino da seleção brasileira para enfrentar a Argentina.
Ele foi considerado culpado pelos torcedores por pelo menos três dos quatro gols sofridos no empate com o Santo André que eliminou a equipe da Copa do Brasil. Foi xingado pela torcida. "Talvez o meu ciclo no Palmeiras tenha acabado", falou na ocasião.
No Brasileiro, contra o Internacional, recebeu um recuo, mas, quando foi fazer o toque para um companheiro, chutou a bola em cima de Nilmar, que fez o gol.
Marcos diz que ele e seus colegas de posição são mais cobrados do que os outros jogadores.
"Os goleiros ficam muito tempo nos clubes, por isso chamam mais a atenção. Quando acontece a queda, todo mundo critica. A torcida quer que a gente sempre faça milagres, mas isso não é possível", disse o pentacampeão mundial.
O também pentacampeão Rogério vive situação parecida após a eliminação na Libertadores. O capitão são-paulino, tratado como herói por suas defesas de pênalti e gols de falta, passou a ser questionado por dirigentes e torcedores após o fracasso nas semifinais do torneio internacional.
Alguns cartolas reclamam que o goleiro, por conta própria, tentou segurar o resultado de 1 a 1 contra o Once Caldas para levar a partida para os pênaltis. Após a falha que decretou a derrota para o Paysandu, no último domingo, pelo Brasileiro, Rogério entrou na alça de mira da Tricolor Independente, principal organizada do clube.
"O futebol é assim, em segundos você passa do céu ao inferno. Sempre somos exaltados pelos torcedores nos momentos bons, mas temos de assumir a responsabilidade nas horas ruins. Fico chateado, mas a vida continua."
No Santos, a situação também é ruim. O clube queimou três titulares do gol neste ano. Doni foi dispensado pela diretoria, enquanto Júlio Sérgio e Mauro não conquistaram a confiança de Vanderlei Luxemburgo. Após falhas dos dois, ele pediu a contratação de outro goleiro. O chileno Tapia estréia hoje como o quarto candidato a substituir Fábio Costa.


Colaborou Toni Assis, da Reportagem Local

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