No 1º jogo das semifinais da Libertadores, clube até aceita perder de pouco do Chivas, fora, confiando no Morumbi

Campanha atual nos mata-matas do torneio, no qual o time busca ganhar o tetra, lembra a atuação nos dois primeiros títulos, em 92 e 93

TALES TORRAGA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para uma nova vaga na decisão da Libertadores da América, uma antiga estratégia.
Hoje, contra o mexicano Chivas, em Guadalajara, o São Paulo de Muricy Ramalho irá colocar em campo uma tática consagrada por Telê Santana. E que vem dando certo. Administrar até mesmo um revés fora de casa e depois decidir no lotado e, até agora, letal Morumbi.
O atual campeão continental não venceu nenhuma partida de mata-mata fora de casa nesta Libertadores. Empatou uma, diante do Palmeiras, e perdeu outra, para o Estudiantes.
Mas, no Morumbi, reverteu a situação e conseguiu duas duras vitórias -outro selo do time de Telê Santana, como no primeiro título, em 1992, contra o argentino Newell's Old Boys.
"Na Libertadores, a regra básica é empatar ou perder de pouco fora e fazer o resultado em casa", disse Muricy, auxiliar de Telê no próprio clube. "Ele foi um mestre para mim."
Os números mostram que a atual oscilação são-paulina dentro e fora de casa só encontra paralelo justamente na época em que era Telê o técnico.
Com o treinador, morto em abril, o time obteve 30,5% dos pontos longe do Morumbi em mata-matas e 100% no seu estádio, um declínio de 69,5 pontos percentuais. Hoje, o mesmo índice é de 83,4 pontos (16,6% fora e 100% em casa). Com Cuca, em 2004, a oscilação foi de 44,4. Com Paulo Autuori, campeão do torneio em 2005, 41,7.
Tanto com Cuca como com Autuori, o time já havia vencido um jogo de mata-mata fora de casa nesta altura do torneio.
Para piorar as perspectivas são-paulinas no México, o Chivas, adversário que bateu o time do Morumbi duas vezes no ano, nunca perdeu para um estrangeiro jogando no estádio Jalisco pela Libertadores. Em 16 jogos, foram 11 vitórias.
Muricy admite que o adversário está "engasgado". E promete vingança. Mas na bola. "Esse discurso de que já passou [as derrotas da primeira fase] não existe. Temos que ganhar."
Ele não poderá contar hoje com o zagueiro André Dias. O Tribunal Superior do Trabalho de Brasília indeferiu ontem o pedido do atleta de continuar jogando pelo São Paulo, ratificando seu vínculo com o Goiás.
O time chegou ontem a Guadalajara depois de 15 horas de vôo. Nenhum time brasileiro que atuou no México neste ano desembarcou no país tão em cima da hora. Para Muricy, cansaço não é desculpa. "Vamos jogar com inteligência e fazer ao menos um gol fora de casa."
Era assim com Telê.