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Na hora do acidente, brasileiro reduzia
Massa passava de quase 300 km/h
para 200 km/h quando mola o atingiu
Peça que amassou capacete do ferrarista e provocou ferimento mede cerca
de 10 cm x 5 cm e pesa aproximadamente 1 kg
DA ENVIADA A BUDAPESTE
Eram os instantes finais do
segundo bloco do treino classificatório para o GP da Hungria.
Felipe Massa tinha o terceiro
tempo, mas decidiu abrir uma
volta rápida, tentando melhorar, buscando o acerto ideal para o Q3, a parte decisiva da sessão, a luta pela pole position.
Percorria a pequena reta entre as curvas 3 e 4 da pista de
Hungaroring e começava a reduzir de quase 300 km/h para
200 km/h quando apagou. Com
os pés cravados tanto no freio
como no acelerador, não virou
o volante para a esquerda, passou por uma faixa de grama, retornou para a pista e percorreu
a área de escape até bater de
frente na barreira de pneus.
Atônito, o autódromo assistiu às cenas sem entender a falta de reação do piloto. O mistério só foi desfeito pelas imagens
da câmera onboard: uma peça
atingiu o flanco esquerdo do capacete, fazendo com que o ferrarista perdesse os reflexos.
Com o bico do carro ainda
encravado nos pneus, Massa,
28, recebeu o primeiro atendimento às margens da pista.
Estava consciente e, assim,
foi levado ao centro médico do
autódromo, onde passou por
exames mais detalhados e recebeu rápidas visitas de Rubens
Barrichello e Nelsinho Piquet,
que não puderam entrar porque havia muito sangue na maca. Os médicos recearam que
eles se assustassem com a cena.
"Ele estava muito agitado.
Tem um corte na cabeça. Estava agitado, mas falando, consciente. Isso é o que importa. Tiveram que sedá-lo porque queria levantar, mas não podia. Ele
estava muito bravo porque tinha um machucado na cabeça",
relatou Barrichello.
Sedado, Massa então foi
transportado de helicóptero
para o Hospital Militar de Budapeste, a cerca de 20 km do
circuito -praxe em acidentes
na F-1, mesmo nos mais leves.
Mas seu caso exigiu mais do
que os protocolares check-ups.
Por volta das 17h30 locais,
12h30 em Brasília, cerca de três
horas após o acidente, Massa
começou a ser submetido a
uma cirurgia para reparar fratura logo acima do supercílio.
Em nota oficial, a Ferrari
anunciou "condição geral estável" e deu o diagnóstico: "Após
exames médicos complexos, a
conclusão é que Felipe Massa
sofreu corte na testa, dano no
osso do crânio e concussão cerebral. Nessas condições, precisará passar por cirurgia e, depois disso, ele será mantido sob
observação em uma UTI".
A operação durou cerca de
uma hora e foi chefiada pelo coronel Tajos Zsiros, ortopedista,
e por Peter Gazsò, cirurgião.
Massa permaneceria sedado
até a manhã de hoje, quando seria submetido a uma tomografia, às 10h locais, 5h em Brasília.
O corte, de 8 centímetros, foi
causado pelo choque de uma
mola que se soltou da suspensão do carro de Barrichello, instantes antes. O impacto amassou o capacete do ferrarista,
causando a pequena fratura no
crânio e a lesão no cérebro.
A peça, na parte central da
traseira do carro, acima da luz
de segurança, faz parte do sistema que regula a altura do carro
em relação ao solo -o F60, modelo da Ferrari neste ano, não
possui parte semelhante.
A mola mede cerca de 10 cm x
5 cm e pesa aproximadamente
1 kg, segundo o piloto da Brawn,
que, antes de saber que ela havia causado o acidente, disse
que seu carro ficou "inguiável"
quando a suspensão quebrou.
No hospital, Massa estava
acompanhado do irmão,
Eduardo, o Dudu, 23, também
piloto -corre na Pick-up Racing. Galvão Bueno, locutor da
TV Globo, muito próximo da
família desde que seu filho Popó corria na F-Renault com
Massa, em 2000, foi o único
amigo autorizado a entrar no
hospital durante a operação.
Após a cirurgia, Dudu passou
a noite no hotel em que a Ferrari se hospeda em Budapeste.
Foi o pior acidente da carreira do ferrarista, que disputa sua
sétima temporada na F-1. Vice-
-campeão mundial, soma 115
GPs, com 11 vitórias, 12 melhores voltas e 15 poles.
Oficialmente, Massa está
classificado na décima posição
no grid do GP da Hungria, mas
não correrá. A Ferrari terá apenas um carro na corrida, guiado
pelo finlandês Kimi Raikkonen. Até ontem, o último piloto
da F-1 a dormir num hospital
após um acidente na pista era
Heikki Kovalainen, que bateu
forte no GP da Espanha do ano
passado.
(TATIANA CUNHA)
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