|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No aniversário do Palmeiras, Caio Jr. envelhece
No dia em que o clube celebra 93 anos, quinto treinador mais longevo da equipe no século comanda seu 43º duelo à frente do time
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Palmeiras está em festa.
Hoje, quando comemora seu
93º aniversário de vida, o clube
tentará presentear sua torcida
com uma vitória diante do Figueirense, em Florianópolis.
E caberá a Caio Júnior festejar com mais entusiasmo a data
especial. O técnico já viveu oito
meses e 15 dias dessa história.
Segundo levantamento do
Datafolha, ele já é o quinto treinador há mais tempo no clube
desde 2001. Comandará hoje o
43º jogo com o time. Só perde
para Jair Picerni (78 partidas),
Emerson Leão (59), Estevam
Soares (47) e Celso Roth (46).
Os sinais do tempo já surgem
na cabeça do comandante de 42
anos. "O Marcos [goleiro] brinca comigo e diz que até o final
do ano vou estar igual ao Walmor Chagas [ator brasileiro de
75 anos]", brinca o técnico, sobre os fios brancos que começam a brotar na cabeleira.
Estresse? "É, sempre ouvi falar que era por causa disso",
responde. "E hoje [anteontem]
eu vi que está bem branco. Cortei e apareceu um monte."
A tensão, aliás, tornou-se rotineira na vida de Caio Jr. desde
que ele assumiu o clube, no dia
11 de dezembro do ano passado.
Carente de um título desde
2000 (Copa dos Campeões)
-sem contar a Série B de
2003-, o Palmeiras deposita
em cada novo técnico que passa
pelo Parque Antarctica a esperança da virada na maré.
Por enquanto, Caio Jr. não
mudou a sorte do clube. Nem
sequer classificou-o para a fase
final do Paulista e caiu na segunda fase da Copa do Brasil.
"Ainda não tive uma satisfação aqui dentro. Gostaria de
terminar o ano atingindo meus
objetivos. O título seria fantástico", sonha o técnico, enquanto ajeita os óculos -um dos diversos que ele coleciona.
"Uso cada um por um tempo.
No ano passado, tinha um ou
dois. Comecei a ganhar de um
amigo que tem óptica em Curitiba. Devo ter uns oito ou dez",
afirma o técnico, que se diz vaidoso "dentro do normal".
"Procuro me vestir bem, cuidar da aparência." Os cabelos,
incluindo os brancos, ele apara
no próprio CT do clube.
Caio Jr. é calmo, de palavras
pensadas e gostos distintos da
maioria dos boleiros. É fã de
teatro e cinema. Mas admite
que, por causa do trabalho intenso, ainda não desfrutou da
agenda cultural da cidade.
"Quando tenho tempo, vou
para Curitiba ou saio para jantar. Não estou aproveitando
São Paulo como deveria."
A família -mulher e dois filhos- ele deixou na cidade paranaense, por precaução. Afinal, a freqüente dança das cadeiras entre os técnicos no país
o faz pensar duas vezes antes de
uma mudança brusca de rotina.
Nos raros momentos livres
em seu flat, em Pinheiros, tem a
companhia dos livros, hábito
que ele carrega desde os 15
anos. "Lia muitos romances.
Gostava de Sidney Sheldon e
Agatha Christie. Hoje em dia,
leio coisas mais voltadas à psicologia, de como lidar com grupos", explica o treinador.
Ensinamentos que ele põe
em prática para lidar, por
exemplo, com Edmundo. "São
oito meses de boa convivência",
afirma ele. A exceção: o dia em
que o atacante não o cumprimentou ao ser substituído num
clássico contra o São Paulo.
Tranqüilo, ele prefere não falar sobre seu futuro no Palmeiras. "Meu plano, no futebol, é
sempre o próximo jogo."
Texto Anterior: Até hotéis flutuantes se tornam opção Próximo Texto: Equipe já vive tensão antes do clássico Índice
|