São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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No aniversário do Palmeiras, Caio Jr. envelhece

No dia em que o clube celebra 93 anos, quinto treinador mais longevo da equipe no século comanda seu 43º duelo à frente do time

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras está em festa. Hoje, quando comemora seu 93º aniversário de vida, o clube tentará presentear sua torcida com uma vitória diante do Figueirense, em Florianópolis.
E caberá a Caio Júnior festejar com mais entusiasmo a data especial. O técnico já viveu oito meses e 15 dias dessa história.
Segundo levantamento do Datafolha, ele já é o quinto treinador há mais tempo no clube desde 2001. Comandará hoje o 43º jogo com o time. Só perde para Jair Picerni (78 partidas), Emerson Leão (59), Estevam Soares (47) e Celso Roth (46).
Os sinais do tempo já surgem na cabeça do comandante de 42 anos. "O Marcos [goleiro] brinca comigo e diz que até o final do ano vou estar igual ao Walmor Chagas [ator brasileiro de 75 anos]", brinca o técnico, sobre os fios brancos que começam a brotar na cabeleira.
Estresse? "É, sempre ouvi falar que era por causa disso", responde. "E hoje [anteontem] eu vi que está bem branco. Cortei e apareceu um monte."
A tensão, aliás, tornou-se rotineira na vida de Caio Jr. desde que ele assumiu o clube, no dia 11 de dezembro do ano passado.
Carente de um título desde 2000 (Copa dos Campeões) -sem contar a Série B de 2003-, o Palmeiras deposita em cada novo técnico que passa pelo Parque Antarctica a esperança da virada na maré.
Por enquanto, Caio Jr. não mudou a sorte do clube. Nem sequer classificou-o para a fase final do Paulista e caiu na segunda fase da Copa do Brasil.
"Ainda não tive uma satisfação aqui dentro. Gostaria de terminar o ano atingindo meus objetivos. O título seria fantástico", sonha o técnico, enquanto ajeita os óculos -um dos diversos que ele coleciona.
"Uso cada um por um tempo. No ano passado, tinha um ou dois. Comecei a ganhar de um amigo que tem óptica em Curitiba. Devo ter uns oito ou dez", afirma o técnico, que se diz vaidoso "dentro do normal".
"Procuro me vestir bem, cuidar da aparência." Os cabelos, incluindo os brancos, ele apara no próprio CT do clube.
Caio Jr. é calmo, de palavras pensadas e gostos distintos da maioria dos boleiros. É fã de teatro e cinema. Mas admite que, por causa do trabalho intenso, ainda não desfrutou da agenda cultural da cidade.
"Quando tenho tempo, vou para Curitiba ou saio para jantar. Não estou aproveitando São Paulo como deveria."
A família -mulher e dois filhos- ele deixou na cidade paranaense, por precaução. Afinal, a freqüente dança das cadeiras entre os técnicos no país o faz pensar duas vezes antes de uma mudança brusca de rotina.
Nos raros momentos livres em seu flat, em Pinheiros, tem a companhia dos livros, hábito que ele carrega desde os 15 anos. "Lia muitos romances. Gostava de Sidney Sheldon e Agatha Christie. Hoje em dia, leio coisas mais voltadas à psicologia, de como lidar com grupos", explica o treinador.
Ensinamentos que ele põe em prática para lidar, por exemplo, com Edmundo. "São oito meses de boa convivência", afirma ele. A exceção: o dia em que o atacante não o cumprimentou ao ser substituído num clássico contra o São Paulo.
Tranqüilo, ele prefere não falar sobre seu futuro no Palmeiras. "Meu plano, no futebol, é sempre o próximo jogo."

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