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invasão
Grampos da PF mostram outras MSIs
Investigação no Corinthians revela atuação no Brasil de outros fundos com dinheiro desconhecido e com sócio de Kia
Nas gravações, empresários decidem comissão e valor de negociações de atletas sem nem falar com os clubes e usam recursos do exterior
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Além do que ocorreu com o
Corinthians, as escutas telefônicas da Operação Perestroika
da Polícia Federal mostram a
atuação de outros fundos de investimento estrangeiros com
recursos de origem desconhecida em clubes brasileiros.
Nas gravações, empresários
do país conversam sobre o uso
do dinheiro desses grupos na
compra de jogadores para revendê-los na Europa. Fluminense e Flamengo são alvos.
Entre os investidores por
trás das transações, está o israelense Pini Zahavi, um dos
sócios de Kia Joorabchian, presidente da MSI, na compra de
jogadores para o Corinthians.
A PF já está investigando Pini em um novo inquérito.
Em todas as conversas gravadas, os agentes de atletas, boa
parte deles sem credencial da
Fifa, discutem as transferências sem mencionar os clubes
dos mesmos. Decidem valores,
comissões e distribuição do dinheiro por conta própria.
"Estou com o Pini [Zahavi]
no Rio. Vai comprar um jogador do Fluminense. (...) Estamos interessado em falar com
você em cooperação. O fundo
tem bons jogadores que ele precisa botar na Europa", contou o
advogado Marcos Motta, em
outubro de 2006. Seu interlocutor é Ioris, ligado ao clube
Feyenoord, da Holanda.
Nas conversas, Motta se
identifica como homem de Pini
no Brasil. Seu escritório iria se
tornar, segundo ele, o representante do Fund Hero, que inclui o israelense. Esse grupo teria 150 milhões de libras para
investir, diz o advogado.
Grampeado pela PF por ter
ligação com a MSI, Motta não é
registrado na Fifa, entretanto
atua como verdadeiro empresário, como na negociação do
lateral Marcelo, ex-Fluminense, hoje no Real Madrid. Por
meio de Motta e do agente Fifa
Eduardo Uram foi feita uma
proposta de 5 milhões pelo
atleta -o dinheiro era de Pini.
Na outra ponta, os dois arrumam propostas de clubes espanhóis, Sevilla e Deportivo La
Coruña, para revender o jogador mais caro do que sairia do
Rio. Perderam para o Real, representado por Reinaldo Pitta.
Na negociação de Marcelo
surge outro fundo: é o Duet.
Tem como seu suposto representante Augusto Castro, outro
que não tem credencial da Fifa.
"Recebo a ligação da Duet
Sports: "Augusto começa a procurar as pessoas para montar
um fundo". A única pessoa procurada foi o senhor Arthur Rocha, vice-presidente do Flamengo, que tinha um estudo de
um fundo rotativo", diz Castro,
que também menciona o Fundo Goal, sem dar detalhes.
Esse empresário não foi encontrado, mas o dirigente rubro-negro, agora em outro cargo, explicou que queria usar os
atletas do Duet no Flamengo.
"A idéia, como dirigente do clube, era o Flamengo ser uma vitrine para os jogadores. Qual o
problema de ser barriga de aluguel?", comentou o cartola.
Não vingou a parceria com o
Flamengo. Mas o Duet está
sendo estruturado, esperando
regulamentação na Inglaterra.
É de um grupo que inclui um
banco e tem ligação com Pini.
A participação de fundos em
percentuais de jogadores não
tem nenhuma previsão na Fifa.
Também não estão reguladas
as comissões por fora verificadas nos diálogos gravados.
É o caso da negociação de
Gerson Magrão, do Feyenoord,
para o Flamengo. Uram e Motta não eram representantes do
jogador, mas ganharam. "E a
nossa comissão, ele vai pagar?",
questiona Uram. "Não vai pagar como comissão porque você não tem contrato como clube. Vai pagar como honorários
para mim, que eu distribuo",
explicou Motta. Procurado por
telefone ontem, ele não atendeu as ligações da reportagem.
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