São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002 |
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O PRIMEIRO CONFRONTO Com estilos opostos, Marangon e Oliveira retratam seus clubes Boy da Mooca encara emergente
DA REPORTAGEM LOCAL Se a partida de hoje no Canindé precisasse de uma trilha sonora, os técnicos de São Paulo e Lusa não iriam chegar nunca a um consenso, afinal, seus estilos são para lá de diverso. Levado por seu gosto refinado, Oswaldo de Oliveira escolheria um jazz do sussurrante Chet Baker ou um tema da MPB instrumental. Já o roqueiro Edu Marangon pediria uma canção sanguinária do Black Sabbath. Confrontados pela primeira vez, os técnicos guardam diferenças que vão além das musicais, afinal, não é só no campo que Lusa e São Paulo mostram características opostas. Oliveira, por exemplo, foi escolhido pela nova diretoria são-paulino com o argumento que teria o "perfil" do clube, que, apesar da popularização nos anos 80, ainda guarda a fama de agremiação de quatrocentões. Apesar de o técnico carioca ser mais um emergente (saiu de Cascadura para viver na Barra da Tijuca), os dirigentes são-paulinos enxergam no treinador a imagem que por muitos anos marcou a torcida do clube. "É bom se identificar com o time, mas nas outras equipes em que trabalhei, as pessoas também diziam que existia essa identificação", diz o treinador. Formado em educação física, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Oliveira gosta, entre outros ritmos, de jazz. "Gosto de ouvir muita coisa, como música instrumental brasileira, acho fantástica." O técnico de Kaká e companhia fala de música até para explicar onde foi criado. "Passei a maior parte da minha vida em Realengo, onde o Gilberto Gil e o Caetano Velloso chegaram a ficar presos durante a ditadura." O são-paulino também se orgulha de ter estudado inglês, desde garoto. "Falo, escrevo e entendo inglês bem." Por seu lado, Edu Marangon também se envaidece ao afirmar que fala italiano e japonês, idiomas aprendidos durante sua passagem como meia no futebol desses países. Mas seu perfil é bem mais despachadão. Apesar dos anos que passaram, ele ainda guarda o apelido de "Boy da Mooca" (inspirado em uma música do conjunto de rock humorado Joelho de Porco). "Eu era todo playboy, usava óculos escuros, correntinhas e tinha um Passat TS com teto solar, que, na época era uma raridade. O carro não era nem meu, era do meu pai", afirma. Em seu toca-fitas, o boy só escutava "rock pauleira": Black Sabbath, Led Zepellin, The Who. Para relaxar, ouvia Pink Floyd e Bob Marley. Hoje, ele briga com o filho adolescente para tentar convencê-lo a escutar seus artistas favoritos. "Ele só quer saber desse rock ruim de agora, um tal de Red Hot [Chili Peppers]. Já falei para ele que o negócio é Ozzy comendo rato e matando barata. Aquilo sim que era rock." As confusões com o filho também incluem os óculos, obsessão do pai (ele tem uma coleção de mais de 60 exemplares). "Outro dia, ele comprou um óculos que custava uns R$ 500. Acho que puxou o pai, mas eu não empresto nenhum dos meus", conta o ex-jogador. Enquanto o técnico são-paulino é comedido ao falar e escolhe bem as palavras, até algumas que parece ter procurado no dicionário, Marangon é coloquial, distribui um inconfundível "ô meu" toda a hora e adora exagerar em suas frases. Exemplos disso: "Aqui na Lusa, toda vez a gente derruba um muro de Berlim" ou "Todo jogo é preciso matar um dinossauro". E se Oswaldo conseguiu renome com apenas três anos como técnico, Marangon ainda busca nesse seu ano de estréia na função seu lugar ao sol. (RP e RB) Texto Anterior: Futebol: Canindé é palco de duelo do "feio" contra o "bonito" Próximo Texto: São-paulinos testam folga contra rival cansado Índice |
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