São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Desde 88, quando descenso virou rotina, nenhum último colocado fez tantos pontos e mais gols no Brasileiro

Palmeiras é melhor lanterna da era do rebaixamento

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é só por sua tradição e currículo que o Palmeiras é um time estranho para a lanterna de um Campeonato Brasileiro.
Nunca antes na era do rebaixamento, que começou em 1988, um time que terminou na rabeira do Nacional teve números "tão bons" como acontece com o clube do Parque Antarctica agora.
O aproveitamento de pontos (33%) e a média de gols marcados (1,4 por jogo) pela equipe em 2002 não encontram paralelo em nenhum time que terminou em último no mais importante campeonato do país nos últimos 15 anos.
Nesse período, o certame, na maioria dos casos, teve uma fórmula de disputa em que todos os times se enfrentaram na primeira fase, o que não acontecia antes de o descenso virar rotina.
Entre 1988 e 2001, o melhor lanterna havia sido o Paysandu, que ganhou 30% dos pontos disputados na edição de 1992. Na maioria dos casos, a eficiência do último colocado ficou entre 20% e 25%.
Com seu desempenho atual, fruto de um dos mais equilibrados Nacionais de todos os tempos, o Palmeiras poderia até se safar do descenso em outras edições da competição.
Mas é na produção ofensiva que o time do técnico Levir Culpi mais foge do modelo de um lanterna.
O Palmeiras tem um ataque mais produtivo do que nove outros times do Brasileiro-2002, incluindo duas agremiações que estão na zona de classificação, o Guarani e o Juventude.
Até clubes que foram campeões nacionais (sete no total) não tiveram uma média de gols tão alta como a palmeirense em 2002.
Em 1991, por exemplo, o São Paulo, então comandado por Telê Santana, famoso por sua ofensividade, ganhou o Nacional fazendo 1,22 gol por partida.
Um ano antes, foi a vez de o Corinthians levantar o troféu com média ainda menor -0,92.
Na defesa, seu ponto mais vexaminoso (média de 1,95 gol sofrido por jogo), o Palmeiras não tem a melhor marca dos lanternas. No ano passado, por exemplo, o Sport foi o último do Brasileiro sofrendo 1,7 gol por partida.
Ainda assim, não repete o saldo de outros últimos colocados. O próprio Sport no ano passado, por exemplo, teve saldo negativo de 22 gols, contra um déficit de 11 do Palmeiras hoje.
Pelas estatísticas do Datafolha, o time do lateral-direito Arce também não justifica sua condição de pior time da competição.
O Palmeiras não apela à violência -é o terceiro time menos faltoso. O clube está também entre os dez mais eficientes nos desarmes e nas finalizações.
Segundo jogadores da equipe, como o veterano meia Zinho, o time precisa vencer três dos cinco jogos que ainda vai fazer para permanecer na elite. Se isso acontecer, o Palmeiras terá um aproveitamento final de 39%.



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